Por: Gabriel Rattes

Região Serrana em risco com cortes do Governo Federal

Incêndio em vegetação no período de estiagem anunciam os riscos do próximo verão | Foto: Reprodução

Neste mês de junho, o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) emitiu uma nota afirmando que está sem condições de continuar suas atividades em 2024. O serviço oficial de meteorologia do Brasil, que presta um serviço essencial aos municípios mais vulneráveis às mudanças climáticas, diz que desde 2020, o orçamento destinado ao INMET tem sido insuficiente para manter suas atividades e que, em 2024, o orçamento não permitiu ao Instituto chegar sequer ao fim do primeiro semestre. Além das previsões climáticas, outro serviço ligado ao meio ambiente está ameaçado, a fiscalização e manutenção de unidades de conservação federais, como o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), com cortes no orçamento, servidores já estão em estado de greve, inclusive nos municípios da Região Serrana do Rio de Janeiro.

A equipe do Correio Petropolitano teve acesso a nota emitida pela Federação Nacional dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Fenadsef), enviada ao Ministério da Agricultura e Pecuária, que afirma que no dia 22 de maio, os colaboradores terceirizados contratados através da Fundação de Desenvolvimento Científico e Cultural (FUNDECC), assim como todo o quadro operacional do INMET, foram pegos de surpresa com a emissão de aviso prévio que se encerrou em junho.

O documento enviado ao Ministério enfatiza a necessidade de ampliação dos cargos e um maior investimento na área. "Com um quadro de pessoal absurdamente restrito, o instituto é extremamente dependente de mão de obra terceirizada, inclusive altamente especializada nos diversos ramos da meteorologia (análise e previsão de tempo, climatologia, modelagem numérica, agrometeorologia, instrumentação meteorológica, banco de dados etc)".

Com o objetivo de suprir a necessidade de pessoal qualificado para o INMET, em 2021, foi firmado um convênio com a FUNDECC, no entanto, em maio deste ano, 60% dos meteorologistas operacionais (previsores) e 100% dos analistas de sistema que mantêm toda a estrutura do instituto, foram demitidos. Esses números representam ainda 50% da assessoria de comunicação nacional e 100% da internacional.

Conversamos com um desses servidores do INMET que foi demitido, mas preferiu não ser identificado. Ele confirmou todas as informações contidas na nota e enfatizou que a não valorização da área e a demissão em massa vão afetar diretamente a previsão do tempo e os avisos meteorológicos para todo o Brasil.

"Ressalta-se que no atual cenário de emergências climáticas, o INMET tem se retraído e as 40 vagas previstas para o próximo concurso são insuficientes diante da importância das catástrofes climáticas, para um país de dimensões continentais. Em 2015, o concurso cancelado previa 242 vagas, que já eram apontadas como insuficientes à época", finalizou o documento da Fenadsef.

Crise abrange outros órgãos vinculados ao Governo Federal

Conversamos também com um servidor do ICMBio, que preferiu não ser identificado. Ele informou que o ICMBio, assim como, o Ibama-RJ também estão aderindo à greve e paralisando os serviços na Região Serrana do Rio de Janeiro, exceto as operações de fiscalização e de combate a incêndios.

"Nós entendemos a importância dessas áreas temáticas, então a gente acabou não paralisando-as. Mas o indicativo tanto do ICMBio, quanto do Ibama é sim pela greve, pela reestruturação da nossa carreira, que hoje é uma das mais defasadas do Poder Executivo Federal. Está entre as piores carreiras, disparado, fora as condições de trabalho também. Nós ficamos mais de 90 dias sem contrato de manutenção de frota, com todos os carros paralisados. Às vezes era preciso só trocar óleo, mas não podia porque não tinha contrato. São várias coisas que realmente estão dificultando o nosso trabalho", explicou.

Entramos em contato com a assessoria de imprensa do Governo Federal para obter respostas sobre as demissões em massa, tal qual quais medidas serão tomadas para garantir a segurança do meio ambiente diante de catástrofes climáticas, mas não obtivemos retorno até o fechamento da matéria.