Cutting e bulking: dietas influenciadas pelas redes sociais

Enquanto uma serve para ganhar massa muscular, a outra tem o objetivo focar na redução do peso, diz especialista

Por Yasmim Grijó

Escolha dos alimentos é muito individual, diz nutricionista

Se você pratica musculação ou outro esporte, provavelmente já ouviu falar em bulking e cutting. Embora esses termos sejam comuns entre fisiculturistas, eles têm se popularizado no universo fitness em geral. Compreender como cada um funciona e suas diferenças é essencial para escolher a abordagem correta para seus objetivos. Cada fase tem um foco específico e deve ser seguida adequadamente conforme suas necessidades.

Os termos "bulking" e "cutting" têm suas raízes no fisiculturismo, mas foram adotados por pessoas fora do esporte para descrever diferentes fases de transformação corporal e dietas. Para entender melhor esses conceitos, é necessário compreender a origem das palavras. Segundo a nutricionista Marcella Menezes, em inglês, "Bulk", significa "volume", referindo-se ao período de "criação de volume" ou hipertrofia muscular. Durante essa fase, treinos e dietas são focados no ganho de massa muscular. Por outro lado, "cutting" vem do verbo inglês "cut", que significa "cortar". Esta fase se refere à redução de calorias para criar definição muscular, sendo um período dedicado ao emagrecimento.

"A principal diferença entre bulking e cutting está na ingestão calórica. No bulking, é necessário consumir mais calorias do que se gasta, enquanto no cutting, consome-se menos calorias. É essencial que essas dietas sejam elaboradas por um nutricionista, o profissional capacitado para alinhar seus objetivos com sua dieta, escolhendo alimentos estratégicos para seu propósito," explica.

A especialista ressalta que a escolha dos alimentos na dieta é muito individual. Para pacientes que desejam ganhar massa muscular e não estão acostumados a grandes volumes ou muitas refeições, alimentos calóricos em menor volume, como pasta de amendoim, batata doce e proteína em pó, são priorizados para atingir a meta calórica e proteica. No entanto, é crucial garantir a qualidade das escolhas alimentares, distribuindo bem os macronutrientes para um bulking limpo, evitando o ganho excessivo de gordura corporal.

"Para ambos os objetivos, bulking ou cutting, a quantidade proteica diária é uma preocupação fundamental dos nutricionistas. A recomendação geralmente varia entre 1,8g a 3g de proteína por kg de peso corporal por dia. Durante esses processos, acompanhar a evolução física por meio de avaliações periódicas da composição corporal é crucial. Se o objetivo principal não estiver sendo alcançado, o nutricionista e o profissional de educação física poderão ajustar o plano alimentar e de treino para garantir o sucesso," enfatiza Marcella.

Desinformação nas redes sociais

De acordo com a nutricionista, um problema comum é que pessoas que fazem dietas para perda de peso, por conta própria, cortam drasticamente os carboidratos devido a informações erradas disseminadas nas redes sociais. Isso pode prejudicar o rendimento nos treinos e levar a problemas alimentares.

"Muitos se restringem tanto que acabam não conseguindo manter o processo, resultando em ganho de peso. É possível emagrecer consumindo carboidratos, pois são necessários para diversas funções do corpo. Restringir excessivamente as gorduras também pode causar deficiências na absorção de nutrientes. Portanto, nenhum macronutriente deve ser descartado; o equilíbrio é fundamental," destaca.

As redes sociais podem incentivar comparações que afetam negativamente a autoestima. Aquele corpo idealizado pode não ser alcançável para todos, devido a individualidades genéticas, financeiras, sociais e emocionais. O ideal é buscar sua melhor versão, que pode ser diferente do corpo que você imagina.

A realidade por trás dos resultados rápidos

A profissional explica que influenciadores e marcas muitas vezes vendem resultados rápidos que foram obtidos por meio de cirurgias, promovendo produtos como chás e gomas para emagrecimento. "Isso leva à frustração quando os resultados não são alcançados. Sempre se pergunte se o corpo ideal promovido é realmente ideal para você e quanto isso custará à sua saúde física e mental," disse.

Marcella completa dizendo que o nutricionista será seu guia no caminho mais seguro e adequado à sua realidade. "Para melhorar seus hábitos, minha dica é aumentar o consumo de água, incluir mais frutas, legumes e verduras, inserir fontes de proteínas em todas as refeições (como ovos, queijos magros, frango e carnes magras), evitar excluir radicalmente alimentos e não fazer dietas extremas. Priorize uma alimentação limpa, evitando frituras e alimentos ultraprocessados, reduzindo o consumo de açúcar e sal. Inclua uma atividade física diária, mesmo que seja uma caminhada. Esse é o caminho para uma vida mais saudável; o básico funciona muito bem," finaliza