Por: Leandra Lima - PETR

Peça infantil leva às escolas questões raciais e bullying

Projeto é idealizado nas escolas da rede municipal de ensino de Petrópolis | Foto: Arquivo/ Satura

Por Leandra Lima

A infância é conhecida pela ludicidade, um período onde as crianças passam por um processo de desenvolvimento em diversas áreas físicas, mentais e emocionais. As crianças são reconhecidas pela pureza em seu estado mais natural e o amor incondicional que são capazes de oferecer ao outro indivíduo. Porém essas características podem ser modificadas quando elas passam a conviver com diversas formas de violências e preconceitos existentes no mundo. Quando esses estímulos negativos entram, pode impactar toda uma infância, por isso é tão importante proteger as crianças, e é com essa intenção que a Satura Companhia de Teatro apresenta o espetáculo infantil "Pérola" para estudantes da rede municipal de ensino de Petrópolis, com o intuito de promover o respeito e estimular o combate ao racismo e bullying.

Esses temas são pertinentes tendo em vista que esses problemas são recorrentes nas escolas brasileiras, e atingem mais as crianças negras do que as brancas. A pesquisa "Percepções sobre o racismo no Brasil", realizada pela Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC), mostram que no ambiente escolar o percentual de violência motivada pela raça, cor, etnia contra mulheres pretas (63%) é quase cinco vezes maior do que contra brancas (13%). Em relação aos homens pretos (57%) e brancos (15%), essa diferença é de quase quatro vezes.

Pérola

A peça retrata essa realidade vivida por muitas meninas negras. Pérola é uma linda menina preta retinta, que sofre racismo e bullying na escola. Através de cenas que misturam realidade e fantasia, ela mostra como enfrentar os desafios, as dores e as alegrias de ser quem ela é. Em meio a trajetória, Pérola descobre uma força dentro de si e reconhece a sua própria beleza e seu valor imensurável.

Viver essa experiência na pele é muito difícil e pode desmotivar e deixar marcas nas crianças, pois o racismo na infância deixa marcas muito profundas, justamente pela maneira como são tratadas. Porém, quando elas percebem seu potencial, assim como Pérola, fortalecem a autoestima e passam a valorizar cada detalhe desde usar o cabelo black até se reconhecer negro. Antes, pequenas características que eram motivo de riso, agora são símbolo de resistência. Essa é uma das mais diversas lições que o teatro infantil deixa nas escolas por onde passa, as apresentações são gratuitas, e para alunos da rede municipal de ensino. As unidades contempladas são: Escola Paroquial Monsenhor Gentil, no Centro; Escola Municipal Amélia Antunes Rabello, em Itaipava, e Escola Municipal Monsenhor João de Deus Rodrigues, em Pedro do Rio. O projeto faz parte do edital de Chamada Pública 05/2023 - Edital Funcultura - Alan Sask.

O elenco é composto pelos atores Beth Medeiros, Gabriel Cândido, Rafael Nogueira, Felipe Batista e Marcos Retondar. Os atores se intercalam entre a manipulação dos bonecos e atuação, mesclando a fantasia e a realidade. O espetáculo conta com texto e produção de Tiago Vieira e direção e músicas de Fred Justen.

A esquete infantil demonstra a importância de combater essas violências na infância, para que sejam extintas no crescimento. Uma frase que sintetiza esse pensamento, é o ensinamento deixado pelo o líder revolucionário Nelson Mandela: "Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, sua origem, ou por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender e, se elas aprendem a odiar, podem ser ensinadas a amar", disse.