Por: Gabriel Rattes

Conheça a história do petropolitano Matheus Theisen com o automobilismo

Matheus participa há mais de 10 anos de campeonatos virtuais e agora encara as pistas reais | Foto: Vagner Mello

Por Gabriel Rattes

O atleta petropolitano de 27 anos, Matheus Theisen, foi campeão da primeira etapa da Formula Vee Open 2024 (FVee) no início deste mês de julho. É a mais popular categoria do automobilismo mundial, presente atualmente em cerca de 20 países. Além do Brasil, é disputada nos EUA, Canadá, México, Inglaterra, Irlanda, Alemanha, Áustria, França, Austrália, Nova Zelândia e África do Sul, entre outros. Também é uma das portas de entrada para a Fórmula 1, principal competição automobilística do mundo. Entre os principais pilotos que competiram na FVee estão Emerson e Wilson Fittipaldi, José Carlos Pace e Nelson Piquet (na Super V, uma evolução da FVee nos anos 1970), além do austríaco Niki Lauda e do finlandês Keke Rosberg.

Entrevistamos Matheus para entender sobre a sua paixão sobre as quatro rodas e um pouco mais sobre a emoção de competir em um torneio tão importante. "Desde os meus cinco anos sempre tive essa vontade de estar no automobilismo, de fazer parte, sempre quis ser piloto. Eu e meu pai assistíamos bastante corridas juntos e eu anotava os resultados das corridas em cadernos", disse Matheus.

Contou também sobre uma brincadeira em família, que enquanto seus primos estavam assistindo desenhos infantis, ele estava ligado nos programas esportivos que mostravam corrida automobilística. "Foi uma paixão que me pegou desde pequeno, muito forte. Desde lá, sempre assisti muita corrida. Já fui pesquisador e historiador de corrida de automobilismo. E daí sempre foi crescendo cada vez mais o amor pelo esporte, até que chegou o momento em que eu decidi mudar um pouco a minha vida, assim, persegui o sonho de me tornar um piloto", enfatizou.

Competições

Theisen já participa há mais de 10 anos de campeonatos virtuais de automobilismo, no entanto, no automobilismo real sempre praticou como uma forma de lazer a partir do kart. 2024 é o primeiro ano que está disputando competições de corrida. "As minhas passagens pelo kart sempre foram mais para recreação, mas sempre buscando dar o meu melhor. Eu gostava de ir para a pista quando não tinha ninguém para tentar fazer o melhor tempo. Também adorava andar sozinho na pista para aprender sobre ela", disse.

No dia 7 de julho, Matheus fez sua estreia e ganhou a primeira etapa da Formula Vee 2024 em Piracicaba, no estado de São Paulo. Essa é a primeira categoria voltada para iniciantes nos carros de fórmula. "A equipe da Fórmula V é a proprietária de todos os veículos. A gente só chega lá e após toda a preparação só entra no carro e pilota. Eles cedem todo o material de segurança também, capacete, luva, Hans [protetor cervical], sapatilha, entre outros. É uma categoria muito bem organizada e excelente para quem está iniciando", disse.

Nesses carros de fórmula são utilizados motores que são encontrados no carro convencional Volkswagen Fox 1.6, e podem atingir 208 km/h na pista de Interlagos (SP). "São carros todos monopostos [somente um lugar], muito ágeis. É um carro que responde bem nas pistas e é muito legal de pilotar", enfatizou.

A segunda etapa da competição será realizada no dia 22 de setembro. A terceira e última, no dia 24 de novembro. Cada etapa da competição conta com um treino livre, uma tomada de tempo e uma corrida, todas em Piracicaba (SP).

Dieta e treino

Muitos acreditam que para se tornar um piloto de alto rendimento não é necessário treino nem dieta, tão pouco acreditam que é um esporte. "É muito pelo contrário. Quem já teve a oportunidade de pilotar um carro de corrida sabe que você tem, sim, que ser um atleta e tem que estar com um preparo físico muito bom. Sempre faço muita corrida, fora do carro mesmo, na esteira ou na rua. Faço musculação também, principalmente na parte de pernas para ter o condicionamento bom para ter boas reações no freio, no acelerador e na embreagem. A parte superior aborda muita força nos braços, porque o carro de corrida não tem direção hidráulica, nem eletrônica, nem nada. A rotina de treino tem que ser bem puxada para que na pista a gente consiga realizar a nossa função bem", enfatizou.

Quanto a dieta, Matheus afirma que é um pouco mais flexível, entretanto, antes das etapas prefere comer alimentos ricos em proteína e carboidratos para ter força durante a corrida. Já no dia da corrida mantém uma alimentação mais leve. "No dia anterior tem que ter uma alimentação bem forte. Uma vez que você entra no carro só sai quando acaba a corrida, treino ou classificação. Tem que manter uma boa alimentação para ficar saudável dentro do carro", afirmou.

Dificuldades

De acordo com Theisen, a maior dificuldade enfrentada para se manter na modalidade, é a parte financeira. Atualmente trabalha em dois empregos para conseguir continuar o seu sonho. "Hoje em dia você não consegue participar do automobilismo se você não tiver uma boa renda. Tenho uma empresa de decoração que, inclusive, a logomarca da minha empresa é sempre estampada no meu carro, que é o ateliê Mafalu Decorações, e também trabalho em uma pousada à noite".

A questão da distância de Petrópolis para São Paulo é um empecilho, mas para Matheus a parte financeira é ainda mais complicada. "A distância acaba se tornando pouca coisa em relação à dificuldade que é o financeiro. A distância a gente sempre consegue chegar e alcançar. O financeiro realmente é o mais puxado. As categorias são muito caras, os treinos são muito caros. Mas, até o momento, eu tenho conseguido estar presente e daqui pra frente espero conseguir mais apoiadores, mais patrocinadores para que possa evoluir".

Ainda tem o sonho de alcançar um campeonato a nível internacional. "As categorias que eu mais gostaria de participar são a IMSA [International Motor Sports Association] e a Fórmula Indy. Porém com a minha idade já mais avançada esse sonho se torna mais difícil. Meu maior sonho que eu acho que é mais alcançável é ter uma boa carreira no automobilismo nacional pelo menos", finalizou.