Um levantamento recente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) constatou que somente 45 cidades, entre 5.568 que realizaram eleições municipais em 2020, tinham maioria de mulheres na composição das câmaras de vereadores; a outra parcela foi ocupada majoritariamente por homens. Na região sudeste de 69.514 candidatas, 14% delas foram eleitas e menos de 10% reeleitas. Neste cenário, os homens tiveram uma margem de quase 100% de ocupação, nas duas vertentes. Esse recorte é visível dentro das casas legislativas das cidades de Petrópolis, Três Rios, Nova Friburgo, Teresópolis e Paraíba do Sul.
Em Petrópolis, atualmente, na Câmara Municipal, somente duas mulheres foram eleitas, sendo que o quadro geral de parlamentares soma 15 no total, ou seja, 13 homens e duas mulheres. Em Três Rios, a situação é similar. Em 2020, após 70 anos, foram eleitas quatro mulheres vereadoras, no total são 15 vereadores. Nova Friburgo segue com a discrepância de 21 legisladores e apenas três vagas são de mulheres. Teresópolis também tem um abismo entre o número de mandatos femininos, no corpo de 19 vereadores, há apenas duas mulheres. Em Paraíba do Sul mantém o mesmo padrão, de 11 cadeiras, apenas uma é ocupada por uma mulher.
Segundo o TSE, esse cenário é marcado por uma discrepância significativa de representatividade e de recursos disponíveis para fortalecer as campanhas femininas. Além disso, a situação é agravada com o pouco investimento que os partidos políticos disponibilizam à elas, o que dificulta o acesso das mesmas no lugar de poder. Outro ponto é o preconceito de gênero, onde, no cenário político nacional, uma pesquisa do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), apontou que 39,9% dos brasileiros têm preconceito contra uma mulher, e isso reflete diretamente na baixa quantidade de parlamentares femininas em cargos de presidência e outras funções de poder dentro dessa esfera.
A advogada petropolitana Mariana Lima ressalta que é importante que mulheres ocupem espaços políticos, para a construção de uma sociedade com mais representatividade, igualitária e justa. "Observado que as mulheres ocupam mais da metade da população mundial, é necessário criar espaços para que elas tenham voz nas decisões políticas, pois quando ouvidas suas perspectivas e necessidades são levadas em conta", disse.
Esse debate vem sendo uma pauta recorrente em Petrópolis, no dia da conquista do voto feminino no Brasil, em 24 de fevereiro, a vereadora Julia Casamasso (Psol), destacou que é preciso avançar e garantir que mais mulheres estejam nesse espaço de poder onde se pensa política públicas para ela.