Governo Bomtempo gera dívida estimada em mais de um bilhão
Vereadores apontam divergência de valores apresentados em LDO
Por Gabriel Rattes
Convocada pelos vereadores na última semana, foi realizada na tarde desta terça-feira (09), na Câmara Municipal de Petrópolis, uma reunião para que a Prefeitura apresentasse o balanço para a elaboração da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2025. Foram convocados o secretário de Governo, Marcus São Thiago, e o secretário de Fazenda, Paulo Roberto Patuléa. Os documentos apresentados pelos secretários para a LDO, mostram uma dívida total de R$ 560 milhões ao final de 2023, sem contar com as dívidas adquiridas durante o ano de 2024, que podem chegar a mais de um bilhão de reais.
De acordo com a documentação apresentada pela Prefeitura para a LDO 2025, foi constatado que, em 2021, o caixa do município apresentava um saldo positivo de R$ 88,9 milhões, já em dezembro de 2023, abriu-se um buraco, o patrimônio líquido da cidade estava com um déficit de R$ 289,2 milhões. Já o Instituto de Previdência e Assistência Social do Servidor Público (INPAS), em 2021, apresentava uma dívida de R$ 8,1 milhões, que aumentou para R$ 270,7 milhões ao final de 2023. Ao todo, a dívida chegou a R$ 560 milhões ao final do ano passado.
Além disso, foi apresentado pela Prefeitura uma dívida estimada em R$ 445 milhões em processos judiciais abertos, que podem ser executados nesse valor ou menor. Juntando os valores apresentados, em um cenário que haja derrota nos processos judiciais, a próxima gestão municipal poderá ter que arcar com mais de um bilhão de reais em dívidas.
Também foram apresentadas inconsistências de valores quando comparado à LDO 2024 (que está em exercício). O vereador Fred Procópio, ex-presidente da Comissão de Finanças da Câmara, afirmou que os documentos enviados no ano passado, constavam que, em 2022, o caixa do município apresentava um superávit de R$ 91 milhões e de R$ 34 milhões no INPAS. Entretanto, nos documentos apresentados para a LDO de 2025, os valores são diferentes, está detalhado que o caixa do município apresentava um déficit de R$ 26 milhões e um déficit de R$ 34 milhões no INPAS no ano de 2022.
Quando questionados pelos vereadores da Câmara sobre o detalhamento dessas dívidas acumuladas, e como foi utilizado o dinheiro, os representantes do Governo Municipal não souberam responder. "A nossa preocupação é com a dívida que eles estão gerando, como é que isso vai ficar para o ano seguinte, para o próximo governo, seja ele quem for o prefeito. O ideal é que tivesse um plano de contingência, o governo já disse que não tem", enfatizou Procópio. A partir das informações apresentadas, o vereador enviou um ofício para a Gestão Municipal apresentar, em 48h, explicações sobre as inconsistências nos valores.
Na semana passada, a votação da LDO 2025 foi retirada de pauta na Câmara após os vereadores constatarem as divergências. Agora, após a apresentação dos novos dados, um novo texto deve ser votado na próxima terça-feira (16).
Município descarta Plano de Contingência
Em entrevista ao Correio, o secretário de Governo, Marcus São Thiago, quando questionado sobre a elaboração de um Plano de Contingência para o término de 2024 e para os próximos anos, afirmou não ser necessário e apenas enfatizou tentativa de aumentar a arrecadação de ICMS. "Nós estamos caminhando sempre para o ajuste das nossas contas e para que possamos prestar os serviços essenciais. Para isso, é necessário ter responsabilidade na gestão, que é tudo que a gestão do prefeito Bomtempo fez até agora, foi lutar pelos direitos da nossa cidade, coisas que governantes anteriores não fizeram".
"O plano de contingência é sempre para você usar o recurso que você recebe, sempre. Quem guarda recurso diante de uma cidade que passou por uma tragédia é irresponsável. O prefeito [Rubens Bomtempo] é responsável. Todo recurso que a gente tiver disponível, e todo recurso que a nossa gestão conquistar como direito vai ser usado em prol da população", completou Marcus.