Por Leandra Lima
A palavra encanto vem do latim "Incantos" que significa fascinar, enfeitiçar. A magia em torno do termo é utilizada em contos de fadas e histórias infantis, além de integrar múltiplas culturas como uma ferramenta mística para referir a algo sagrado. No teatro, ela é um elemento primordial, capaz de envolver o espectador em diferentes esferas. Trazer esse poder da palavra para o palco é o que busca o espetáculo "Flautista e a Princesa de Hamelin", que estreia nesta sexta-feira (2), às 20h, no Teatro Afonso Arinos, no Centro de Cultura.
A peça é baseada na Idade Média e apresenta diversas linguagens. Uma parte da trama trata da lenda do flautista de Hamelim, retratada na Alemanha, no período medieval. Os antigos contam que ele era um homem misterioso que chegou à cidade quando ela passava por uma crise por conta da "invasão" de ratos, e assim formalizou um pacto com o rei onde prometeu que iria capturar todos os roedores em troca de moedas de ouro. E assim fez, durante a noite tocou sua flauta e todos animais sumiram e a região se viu livre da infestação. Após concluir o trabalho de forma majestosa, o artista foi em busca da recompensa, porém o que recebeu não foi bem o que esperava.
A parte principal da trama gira em torno do rei de Hamelim, um governante corrupto que vive rodeado de seus comparsas o 'bobo da corte' e o 'conselheiro real'. Com a infestação de ratos o monarca junto com seus homens tenta uma solução para tal, e encontram no flautista essa oportunidade. Uma personagem que promete entregar diferentes caminhos para essa história é a Princesa de Hamelin que tem um papel fundamental para o desfecho.
Em geral o espetáculo promove uma crítica social e presta uma homenagem ao músico e ao artista de rua representado pelo flautista, andarilho que promete acabar com os ratos de Hamelin. Dentro desse universo são utilizados elementos cênicos marcantes como bonecos de vara e de luva, além de máscaras que remetem à Commedia Dell'Arte.
Encanto
O diretor da montagem Marco Aurêh ressalta que a lenda do flautista é um conto bastante interessante e intrigante. "Diria que ele me marcou muito desde da infância, quando minha prima, me contou essa história, deveria ter uns 10 anos de idade, e fiquei impressionado com a música, podia ser encantadora, no sentido literal mesmo, ou seja, encantar, encantar animais, no caso ratos, encantar pessoas também. Enfim, aquele poder da música me marcou tanto que acabei virando músico, talvez tenha sido muito por conta dessa história, da semente que ela plantou em mim. Virei flautista também, o meu principal instrumento é a flauta. No final acho que a arte tem esse poder de encantar", disse.
O espetáculo conta com a participação de seis atores petropolitanos, Fábio Branco, Lívia Kapps, Jonas Raibolt, Renan Miranda, Marcos Retondar e Felipe Batista. Além dos músicos, Marco Aurêh e Fernando Madá; Coreografia de Rodrigo Werneck; Projeto e confecção de bonecos: Michel Dias (Cia Articulação Teatro de Bonecos), cenários, adereços e figurinos de Lorena Sender; máscaras e adereços: René Amaral; desenhos de luz de Marcos Retondar; Produção e realização: Kaza 8 Produções Culturais.
Montagem
O ator Renan Miranda, expressou como foi o processo de construção das cenas. "Desde o ensaio de mesa, já começou a aparecer várias coisas interessantes de cena, marcações, no primeiro dia mesmo. Os ensaios sempre foram muito divertidos, porque a gente se diverte muito em cena. E justamente por ter uma parceria de todo mundo, acaba que foi que os desafios foram solucionados muito tranquilamente. E sempre aparece um desafio maior pra todo mundo, o meu personagem, o bobo da corte, é super alegre, muito ativo, dá piruetas, estrelas e acrobacias, essas características me desafiaram, porém foi uma excelente experiencia", explicou.
O artista ressalta que são utilizados muitos elementos que reforçam a magia. "A gente trabalha com máscara, manipulação de bonecos, tem alguns truques de mágica, que fomos colocando durante o processo. Temos também coreografias. Com isso, todas as ferramentas combinadas fazem com que a peça seja única e muito interessante", revela.