A Associação dos Amigos do bairro Bom Jardim de Araras denuncia mal atendimento que a comunidade vem recebendo dentro da Unidade Básica de Saúde (UBS) local. Segundo eles, o problema ficou pior desde de janeiro deste ano, quando houve troca na chefia. As queixas são em relação à demora de atendimentos, pouca distribuição de senhas para marcações de exames e consultas, falta de estrutura para atender toda a população e até mesmo os próprios colaboradores da unidade, muitos não têm onde dormir e acabam descansando sentados em cadeiras.
Outro ponto é a falta de comunicação, moradores relataram à reportagem que procuram a área de vacinação, porém na maioria das vezes chegam num horário em que a sala de vacina está fechada por conta do horário de almoço dos profissionais, que normalmente acontecem entre 13h às 14h. Neste caso os mesmos deixam claro que o problema não é a pausa para refeição, mas, sim, a falta de informação do período de recesso, pois as pausas deveriam ser comunicadas a todos. "Muitas vezes as pessoas ficam uma hora aguardando atendimento na sala de vacina, por não saberem desse detalhe. Eles não avisam que horas é a pausa. Antes tinha duas meninas, o certo era uma cobrir a outra, porém era a mesma coisa, fechava tudo e quem chegava dava de cara na porta. Se você ver o quadro de informações está vazio", relatou uma paciente que desejou não ser identificada.
Diante de toda a situação, as pessoas que tiveram um atendimento insatisfatório registravam no livro de "Reclamações e Sugestões", explicando todo o fato e relatando o que aconteceu com detalhes. Esse era um modo de registrar os problemas e o que precisaria ser modificado na unidade para atender melhor os moradores. Porém, em julho, o livro desapareceu sem explicações. Testemunhas dizem que foi após a denúncia de uma paciente que foi mal atendida e quis registar o acontecido. Com isso, a população procurou a Ivana Moreira Leite, presidente da Associação Bom Jardim Araras e do Conselho de Saúde da região, uma das líderes que conseguiu colocar o livro à disposição de todos.
Ivana conta que foi até a UBS perguntar sobre o livro, e ao questionar a enfermeira chefe da unidade sobre o sumiço, obteve a resposta que de ele havia sido retirado por ordem da gerente responsável por todos os postos. E que, por isso, as denúncias deveriam ser feitas apenas pela Ouvidoria da Secretaria de Saúde.
"O livro era exatamente porque a ouvidoria não funciona. O telefone da ouvidoria não atende nunca. Eu mesma semana passada tentei de um dia para o outro e com muito custo eu consegui, porém a ligação caiu a todo o momento", explicou Ivana.
Caso vai parar na delegacia
Logo após o ocorrido, Ivana relata que soube que a enfermeira chefe reportou no livro que foi vítima de 'armação' e apontou ela e outras duas funcionárias da unidade como as culpadas por tal acusação. De acordo com Ivana, esse seria o motivo por trás de toda a movimentação. Ciente dos fatos, Ivana Moreira Leite, fez no dia 3 de agosto, um Registro de Ocorrência na 106ª Delegacia de Polícia contra a enfermeira, por difamação.
A Associação indaga ainda que a situação na UBS está insustentável há algum tempo. "Temos recebido muitas reclamações dos funcionários da unidade e dos usuários que a frequentam. Têm médico pedindo transferência, funcionário que não aguenta mais o ambiente. Os moradores de Araras estão indo para Itaipava para ser atendido, porque não querem ter uma experiência ruim aqui", ressalta a presidente da associação.
Frente a todos os apontamentos, os moradores vão promover uma manifestação no dia 29 de agosto, para chamar atenção do poder público e buscar melhorias para a saúde no bairro. "A gente está lutando para ter pelo menos um atendimento digno em Araras. E para que haja um outro posto, e assim fazer com que seja possível assistir a todos. Outra coisa que desejamos é a transferência da enfermeira chefe por várias reclamações, porque depois dessa atitude dela, ficou insustentável a sua presença na UBS, se necessário for, faremos abaixo assinado. Os moradores de Araras estão cansados dessas situações. Queremos respeito!", frisou representantes da Associação Bom Jardim de Araras.
Em resposta ao questionamento da reportagem, a Secretaria de Saúde informou que está acompanhando o assunto com o objetivo de apurar os eventos relatados. A Secretaria esclareceu que não há exigência legal para a disponibilização de livro de reclamações e sugestões nas unidades de saúde. Todas as reclamações e sugestões devem ser encaminhadas através da Ouvidoria da Saúde, acessível pelo telefone: (24) 2233-8888.
