Por: Gabriel Rattes

Cidades da Região Serrana sofrem com incêndios

Focos de incêndio na região do Taquaril, na Posse, em Petrópolis no sábado (17) | Foto: Reprodução

Neste final de semana, municípios do interior do estado do Rio de Janeiro sofreram com incêndios florestais. Em Petrópolis, equipes do Corpo de Bombeiros do Estado do Rio de Janeiro (CBMERJ) informaram que foram acionadas para atuar em dois focos. No sábado (17), um incêndio de grandes proporções atingiu a vegetação na região de Nogueira. Também no sábado (17), um incêndio em vegetação no Taquaril, na Posse, que se estendeu até a madrugada de domingo (18). Em Teresópolis, a assessoria do CBMERJ informou que houve um foco de incêndio no domingo (18), na Estrada das Torres de TV. Em Nova Friburgo, a APA Estadual Macaé de Cima alertou que mais de 40 hectares de vegetação foram queimados nos últimos dez dias.

O protetor ambiental, Cláudio Homar, representante do Instituto São Francisco de Assis - organização protetora da fauna e flora em Petrópolis e em outros municípios da Região Serrana -, atuou diretamente no combate às chamas do Taquaril, em Petrópolis. De acordo com Cláudio Homar, as chamas começaram na tarde de sábado (17) e o combate ao fogo se estendeu até o domingo (18) de madrugada. Ainda de acordo com o protetor, animais e plantas endêmicas - espécies que ocorrem apenas numa determinada área geográfica - foram diretamente afetadas.

"Tinham casas em risco e muitos hectares de vegetação foram queimados. Nós realizamos o trabalho na linha defensiva, para que o fogo não descesse. Vários animais silvestres morreram, foi uma coisa horrível aquele tanto de árvores sendo queimadas e a floresta sendo destruída. Uma tragédia ambiental gigantesca no Taquaril", afirmou Cláudio.

Em Nogueira, um incêndio de grandes proporções atingiu a vegetação na tarde de sábado (17). Equipes dos quarteis da Barão do Rio Branco e Itaipava foram acionadas para atender o local. De acordo com a assessoria do CBMERJ, a área de fogo se aproximou da Estrada União e Indústria, junto ao residencial Parque de Nogueira. De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), os dois focos de incêndio na cidade não atingiram a APA Petrópolis, entretanto, um esquadrão do Parque Nacional da Serra dos Órgãos foi mobilizado para o combate.

Em Teresópolis, equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas para atender um foco de incêndio no domingo (18), na Estrada das Torres de TV. Já em Nova Friburgo, a Área de Proteção Ambiental (APA) de Macaé de Cima informou que mais de 40 hectares de vegetação foram queimados nos últimos dez dias. No dia 7 de agosto, a equipe da APA combateu um incêndio de grandes proporções no alto do Poço Feio, em Lumiar, Nova Friburgo (RJ).

De acordo com a APA Macaé de Cima, cerca de 20 hectares de florestas foram queimados. "A área estava em recuperação porque já tinha queimado diversas vezes na última década. Estudantes e a comunidade local participaram de diversos plantios na área. Queimadas colocam em risco não somente a biodiversidade, mas residências e seus moradores", alertou a APA.

Riscos

Em entrevista ao Correio Petropolitano, a procuradora de Justiça do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e coordenadora do projeto Morte Zero, Denise Tarin, já havia comentado os riscos e consequências dos incêndios florestais. "As queimadas no período da seca, período no qual nos encontramos, a maioria das vezes são criminosas, fruto de negligência na adoção das medidas para conter o fogo, falta de preocupação no que diz respeito ao seu próprio patrimônio. A população é a principal afetada pelas ações provocadas por eles mesmos, por algumas pessoas mal-intencionadas e despreocupadas", disse.

"Estamos em um período de risco. É fundamental criar consciência, porque são situações, muitas vezes, provocadas por falta de responsabilização. A soltura dos balões, além de ser um crime ambiental, pode representar perda das nossas florestas, das nossas matas, da biodiversidade, dos animais, alterando toda a geografia, muitas vezes, em razão do processo erosivo. As águas não penetram pelas raízes das árvores, desencadeando processos, infelizmente, de deslizamentos e de muitas perdas, inclusive humanas", alertou Denise.