Por: Leandra Lima

Nos bairros, moradores pedem a saída da Petro Ita

Moradores do Sargento Boening impediram a saída dos ônibus do ponto final | Foto: Leandra Lima

Por Leandra Lima

Em Petrópolis, a manhã desta quinta-feira (22) foi marcada por manifestações nos bairros contra a empresa de transportes Petro Ita. Moradores da localidade do Sargento Boening se reuniram com o intuito de mostrar a insatisfação com os serviços prestados pela empresa que, segundo eles, oferece risco iminente aos usuários. A comunidade ressaltou ainda que, em abril deste ano, um coletivo perdeu os freios enquanto descia a ladeira, na ocasião não houve feridos. Além do Sargento, houve protestos no bairro Lopes Trovão, com a colocação de barreiras na rua, com o mesmo propósito, pedindo a saída das linhas.

Toda essa movimentação da população se deu após a Petro Ita conseguir no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro (TJRJ), uma liminar para suspender os decretos municipais que concederam a transferência de linhas operadas pela empresa na região do Morim e Alto da Serra para a Cidade Real. Com a liminar, as 23 linhas geridas pela Cidade Real seriam transferidas novamente para a Petro Ita. Por conta desta possibilidade, a sociedade civil resolveu reagir contra a atual decisão. No Sargento Boening, a comunidade impediu que cinco ônibus saíssem do ponto final do bairro, exigindo que a frota fosse substituída. A mobilização começou por volta das 9h e terminou em torno de 12h40, quando a Petro Ita ordenou que os coletivos voltassem para a garagem e prometeu aos moradores que novos coletivos seriam colocados no local.

Mesmo com a declaração, a população reforçou que não confia mais na empresa e não sentem segurança, liderando as linhas do bairro. "Tenho 44 anos, moro aqui esse tempo todo, e a experiência com a Petro Ita é uma coisa horrível. Trabalho como costureira e tudo aqui é muito complicado. Sofri há pouco tempo um acidente na mão deles, nós descemos de ônibus com as crianças e ele perdeu o freio na ladeira, se o motorista não fosse bom teria morrido todo mundo que estava dentro. A empresa está uma vergonha, eles não têm horário, não têm compromisso e nem respeito à população", expressou a moradora Michelle Siqueira.

Michelle continua ressaltando a experiência com as frotas que rodavam em estado precário. "Eles vêm com vamos trocar a frota, mas os ônibus continuam na mesma porcaria. Eles vão ali, pintam para disfarçar e jogam no morro do mesmo jeito. Isso faz barulho de carroça, não é barulho de ônibus, é uma coisa horrível, você tem medo de andar. Está chovendo, está pingando dentro do ônibus, não tem condição nenhuma de continuar desse jeito. Ou a Petro Ita sai, ou sai, não tem outra opção", disse.

Outra com uma experiência inesquecível é uma moradora de 35 anos, que preferiu não se identificar, que reportou que a filha não quer mais andar de ônibus, porque vivenciou diversas perdas de freio nos transportes, e com isso a menina pegou trauma. "Minha filha chora, grita, treme, os motoristas veem isso. Ela está fazendo psicólogo por causa da Petro Ita. Entrei com uma ação contra eles. Não tem mais condições desse lixo ficar aqui", relatou.

Manoela Valadares, também mencionou que teve a vida afetada diversas vezes por conta da negligência da Petro Ita. Ela conta que já foi a pé para o trabalho, pois os ônibus não cumpriam o horário ou quebravam a todo o momento. "É muito sofrimento, não merecemos esse descaso", falou.

Cidade Real

Mesmo após a Petro Ita assumir algumas linhas novamente, a Cidade Real continuou cumprindo as escalas nos bairros. Esse ato foi o suficiente para a população vibrar com a qualidade dos serviços. "Os ônibus são maravilhosos, não tem problema, sem barulho, motoristas educados. A cidade real é uma maravilha. Tanto que quando nós falamos que iríamos fazer a paralisação aqui, conversamos com eles, e aceitaram parar os ônibus ali embaixo, para a população não ficar sem ônibus. Hoje vivemos outra realidade, tem transporte no horário, e o fluxo flui de forma positiva, toda hora tem ônibus", falou Michelle.

Perguntada sobre como ficará o manejo das linhas, a Companhia Petropolitana de Transporte não respondeu à reportagem até o final desta edição. As empresas também não se manifestaram até o fechamento desta edição.