Por: Redação

Entrevista: Rubens Bomtempo apresenta propostas para Petrópolis

Candidato à reeleição Rubens Bomtempo e o vice Paulo Mustrangi | Foto: Divulgação

O Correio Petropolitano realiza nesta semana uma rodada de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Petrópolis. A todos os cinco candidatos foram enviadas as mesmas perguntas sobre cinco temas prioritários para a população de Petrópolis: transporte público, saúde, educação, economia e meio ambiente. As entrevistas estão sendo publicadas diariamente no impresso do Correio Petropolitano em uma versão resumida, e a versão completa da entrevista é publicada no nosso site: correiopetropolitano.com.br. A escolha da ordem das publicações se dá pela ordem alfabética a partir da primeira letra do nome dos candidatos.

Nesta quinta-feira (19), o candidato à reeleição Rubens Bomtempo (PSB), que tem como vice, Paulo Mustrangi, apresenta suas propostas para a Prefeitura de Petrópolis. Rubens José de França Bomtempo é petropolitano. Iniciou a vida pública nos anos 1990, como diretor do Hospital Municipal Dr. Nelson de Sá Earp e, depois, vereador pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). Atualmente é o prefeito municipal de Petrópolis em sua quarta gestão (2001 a 2004, 2005 a 2008, 2013 a 2016 e 2021 a 2024). Antes de assumir a gestão atual, Rubens Bomtempo integrava a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, como suplente de deputado estadual desde 1°de janeiro de 2021.

TRANSPORTE


CORREIO PETROPOLITANO: De qual forma o candidato pretende melhorar o transporte público na cidade? O candidato é a favor do Tarifa Zero? Se sim, como pretende implementá-lo no município? Se não, por quê?


RUBENS BOMTEMPO: Vale destacar que a crise do transporte público começou em 2018, sem qualquer tipo de ação pelo governo da época, e se agravou em 2021, quando o governo interino tirou linhas de comunidades, autorizou a venda de ônibus sem contrapartida e deu calote no vale-educação, desonrando palavra que deu à Justiça.


Quando chegamos ao governo, em janeiro de 2022, herdamos uma situação de caos e buscamos as medidas necessárias. Ainda junho daquele ano, fizemos a primeira intervenção no transporte, retirando a Viação Cascatinha do Carangola.


Oferecemos todas as possibilidades para que as empresas normalizassem a sua operação, inclusive com o pagamento do vale-educação condicionado à renovação da frota.


Mais de 100 ônibus novos chegaram às empresas, mas em duas - Cascatinha e Petro Ita - houve uma degradação do serviço. A partir daí, passamos a analisar quais medidas poderiam ser tomadas garantindo segurança jurídica – ou seja, uma intervenção definitiva.


E assim foi feito. Proibimos a Viação Cascatinha de operar e hoje Estrada da Saudade, Quarteirão Brasileiro, Atílio Marotti, Retiro, Roseiral e Jardim Salvador estão com ônibus novos. E fizemos o mesmo com a Petro Ita – em um primeiro momento, de forma parcial, única e exclusivamente pelo fato de as empresas não terem veículos suficientes para a operação.


Agora, dada a tentativa de se instalar o caos na cidade e o fato de os próprios rodoviários destacarem que os movimentos de paralisação se dão em função do fato de eles “se sentirem inseguros” com a Petro Ita, retiramos totalmente a empresa. Uma ação chancelada por decisão da mais alta corte de Justiça do país.
Para o próximo período de governo, vamos consolidar as conquistas, com o fim da sucata. Importante lembrar que viabilizamos a chegada de 200 novos ônibus, inclusive elétricos, por meio do PAC Mobilidade.
Com relação à tarifa zero, esse é um debate que tem que ser feito com seriedade, e não de forma eleitoreira e irresponsável. Vamos estudar a viabilidade de implantar a medida, mas dentro do mundo real e da possibilidade orçamentária do município.

SAÚDE


CP: Como o candidato planeja suprir a ausência do convênio entre o Hospital Santa Teresa e o SUS na cidade? Quais são as principais propostas para melhorar a qualidade de saúde do município?


RB: Estamos em dia com o Hospital Santa Teresa. Além de pagar dívidas deixadas pelo governo interino, atendemos à demanda sobre o problema de equilíbrio financeiro alegado pelo Santa Teresa, aumentando valores de repasses para 13 leitos de UTI, hemodiálise e cirurgias eletivas. Cumprimos a nossa parte e esperamos que o Governo do Estado cumpra a sua, com relação aos 10 leitos por ele contratados, os quais o HST também alega déficit.


Seguimos fortalecendo também o Hospital Alcides Carneiro, cujo atendimento cresceu em todos os setores: cirurgias (41%), internações (29%), urgência (31%), consultas (51%) e exames laboratoriais (22%).


Com relação às demais propostas para a saúde, vamos transformar a antiga Casa Providência em uma extensão do Hospital Alcides Carneiro, levando o modelo de atendimento em alta complexidade para o coração da cidade. O novo “Alcidinho” vai dinamizar ainda mais as cirurgias e melhorar o atendimento. Ampliar o sistema de saúde é fundamental inclusive para atender as pessoas que estão perdendo seus planos de saúde, pelo alto custo ou por casos de rescisões unilaterais por parte das operadoras.


E vamos qualificar cada vez mais o atendimento no Alcides Carneiro, em Corrêas. A unidade vai ganhar um Centro de Traumato-Ortopedia e o padrão que implantamos no hospital vai chegar para toda a rede de saúde da cidade. No Alto da Serra, vamos construir um Complexo de Saúde, cujo projeto já está pronto e aprovado pelo Governo Federal.


Também vamos construir uma Policlínica, buscar parceria para a implantação de um Centro Especializado em Reabilitação e ampliar o serviço de base descentralizada do Samu para locais mais distantes do Centro, como já fizemos no Vale das Videiras, Secretário e Meio da Serra.


ECONOMIA


CP: De acordo os últimos dados informados na apresentação da LDO 2024, o município apresenta uma dívida de mais de R$ 200 milhões no INPAS, quais são as formas que o candidato planeja para diminuir esse valor? Quais são as propostas para que a economia da cidade não se baseie somente em turismo? Entretanto, quanto ao turismo, como o candidato planeja investir no setor?


RB: Este déficit cresceu por conta de uma lei feita pelo governo interino, em 2021, que fixou limite de contribuição menor do que o permitido pela legislação federal. Lei inconstitucional e irresponsável, que quebrou o Inpas e está sendo questionada pelo TCE. Enviamos projeto de lei para a Câmara corrigindo essa situação. Vale lembrar que estamos reconstruindo o Inpas: os fundos do plano previdenciário ultrapassam R$ 35 milhões e obtivemos o nível 1 do Certificado do Pró-Gestão, que assegura as melhores práticas de gestão previdenciária.


Com relação ao desenvolvimento econômico, vale lembrar que Petrópolis está se reconstruindo também nessa área, muito afetada pelas chuvas de 2022. O número de empregos formais é o maior da história da cidade: em 2021, era 62,5 mil; agora, são 68,8 mil. A economia foi reaquecida por vários fatores: a Prefeitura está fazendo mais de 200 obras, movimentando a construção civil; e os investidores privados voltaram a acreditar em Petrópolis. A maior feira de negócios do interior do Estado, o Petrópolis Business, voltou a acontecer, após 18 anos.


E o calendário de eventos foi não apenas reativado, mas ampliado. Se em anos anteriores o Natal Imperial virou caso de investigação por superfaturamento e o Palácio de Cristal ficou fechado e largado à própria sorte, agora a cidade está sempre cheia, com bons índices de ocupação hoteleira. A maior edição da história da Bauernfest aconteceu em 2024, com mais de 500 mil visitantes.


A nossa gestão trouxe, ainda, o maior evento literário do Brasil para a cidade: a Flipetrópolis, que voltou o olhar do Brasil para um lugar que respirou ainda mais cultura. Mais de 37 mil pessoas passaram pelas 71 atrações do evento, que resgatou uma tradição de Petrópolis.


No próximo governo, vamos aprimorar ainda mais os grandes eventos e atrair empresas, por meio da Lei de Incentivos Fiscais que, desde quando criamos, em 2003, é uma história de sucesso e exemplo para outros municípios.

EDUCAÇÃO


CP: Dados do IDEB mostraram que as escolas municipais de Petrópolis estão abaixo das metas esperadas pelo MEC, como o candidato espera melhorar a qualidade de ensino na cidade? Quantas escolas e creches há no município atualmente? Qual a visão do candidato quanto a esse número?


RB: Petrópolis teve a maior nota nos anos iniciais da história (5,7), indo de 8º para 2º lugar na região metropolitana; e passou de 9º para 3º nos anos finais, mesmo com as chuvas de 2022, que atrasaram a volta às aulas pós-pandemia, revertendo a queda de 2021. Aumentamos o índice de alfabetização na idade certa, que chegou a 62,5% - índice maior que a média anterior à pandemia (49%) e superior à média nacional (56%). Isso aponta um crescimento na base, e certamente renderá frutos no desenvolvimento das nossas crianças.


Para melhorar a qualidade do ensino, não pode haver retrocesso. Em 2021, o governo interino não investiu sequer os 25% que a Constituição obriga para a área da Educação. Com isso, o nosso Ideb despencou. Quando tomamos posse, em janeiro de 2022, retomamos os investimentos e isso surtiu efeito: hoje, mais de 150 unidades de ensino do município estão passando por reformas e melhoraram suas notas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica.


Fizemos um grande concurso público para suprir a demanda, com mais de 2.500 profissionais convocados e validade prorrogada por mais dois anos. Nosso governo também trabalhou para garantir um ambiente mais seguro para as crianças: todas as escolas têm botão do pânico e estão sendo monitoradas por câmeras. Além disso, implantamos o seminário Escola que Acolhe e Cuida, que propõe ações e práticas para a prevenção e promoção de bem-estar em ambientes escolares; o projeto Escolas Seguras e Amigáveis, que atendem crianças e adolescentes vítimas de chuvas; e o selo Escola Antirracista, que reconhece as boas práticas de combate ao racismo nas unidades.


Com relação à demanda, nós abrimos mil vagas em apenas dois anos e meio, com sete novas unidades e aumentamos o número de escolas em tempo integral. Para os próximos quatro anos, vamos zerar a fila da educação infantil. Entre as nossas propostas, está garantir que todos os alunos se alfabetizem na idade certa, a criação da escola de formação permanente de professores, a revisão e atualização do Plano de Cargos, Carreiras e Salários e a ampliação do Vestibular Social, em parceria com a UCP.


MEIO AMBIENTE


CP: Um problema que já acompanha a cidade há anos são os desastres naturais. Como o candidato espera sanar a situação das enchentes na cidade, a exemplo do Rio Quitandinha, na Rua Coronel Veiga? Estamos enfrentando grandes problemas com queimadas em toda a região. Quais são as principais propostas do candidato quanto ao enfrentamento de delitos ambientais?


RB: O investimento na Defesa Civil cresceu 30 vezes em relação ao governo interino, que deixou um orçamento de R$ 217 mil para 2022. Para o ano de 2024, nosso orçamento foi de R$ 6,8 milhões. Vamos seguir o trabalho em curso: em vez de gastar com propaganda (como foi feito pelo governo interino, que gastou R$ 4,5 milhões em menos de um ano), investir mais em obras de contenção. No Alto da Serra, as áreas afetadas pela chuva estão sendo desinterditadas com o fim das obras. O Recomeço Seguro garante compensação para famílias que vivem em áreas de risco e será modelo para toda a cidade. Além disso, em parceria com o Governo Federal, vamos viabilizar o Minha Casa Minha Vida no Vale do Caetitu e na Estrada da Saudade.


Com relação à Coronel Veiga, fizemos o projeto para acabar com as enchentes e já conseguimos a aprovação de recursos junto ao Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC Seleções, do Governo Federal. Também resgatamos recursos do PAC Encostas, que estavam paralisados. Há intervenções já em andamento na Eugênio Barcellos e Rua Itália e outras regiões serão contempladas. Com a gente, é certeza: as obras dos piscinões para acabar com as cheias do Rio Quitandinha vão sair do papel.


Sobre a questão das queimadas, a Defesa Civil municipal mantém plano de contingência que organiza a atuação de cada órgão na ação de resposta, para atuar em períodos de estiagem, incluindo combate aos incêndios florestais, e trabalha em parceria com o Corpo de Bombeiros. O combate às queimadas é atribuição do Estado e o município atua na forma que lhe cabe, inclusive sensibilizando a população sobre como algumas medidas são importantes, como não soltar balões ou colocar fogo em vegetação ou lixo seco, por exemplo. Vamos cobrar do Governo do Estado um maior investimento no Corpo de Bombeiros, para garantir maior estrutura e capacidade de resposta em relação às queimadas.