Estudo da COPPE aponta soluções para o transporte

Pesquisa feita pela universidade analisou o serviço em Petrópolis

Por Gabriel Rattes

Trecho da Rua do Imperador, na altura do antigo Fórum, é um dos pontos críticos

Um estudo realizado pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (COPPE), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), analisou o sistema de transporte por ônibus em Petrópolis, apontando alguns pontos que podem ser melhorados pela gestão municipal. Dentre as sugestões, estão: a criação de um projeto para a implementação de corredores exclusivos nas principais vias de Petrópolis e a aprimoração do Índice de Desempenho Operacional (IDO) - métrica fundamental para avaliar a eficiência e a qualidade do sistema de transporte público em uma cidade.

Em 2023, foi firmado o contrato de número 249/2022, entre a Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans) e a UFRJ, pelo valor de R$ 875.613,11, com o objetivo principal de elaborar um diagnóstico do trânsito e transporte público na cidade de Petrópolis. Levantando também indicadores que apresentassem os pontos críticos. Neste mês de agosto foram divulgados pela CPTrans os documentos do estudo.

O relatório se baseia em dados disponíveis sobre a infraestrutura viária, a rede de rotas e linhas de ônibus, a demanda de passageiros, a frequência e pontualidade dos serviços, entre outros aspectos relevantes. "A combinação de métodos quantitativos e qualitativos nos permite uma compreensão mais completa e precisa do sistema de transporte público, possibilitando a identificação de tendências, gargalos e oportunidades de otimização", diz um trecho do documento.

Transporte coletivo é um elemento essencial para todas as atividades urbanas, podendo influenciar benéfica ou prejudicialmente os indivíduos e as atividades econômicas de um local. De acordo com o documento da COPPE, são doze os principais fatores que influenciam na qualidade do transporte público urbano: acessibilidade, frequência de atendimento, tempo de viagem, lotação, confiabilidade, segurança, características dos veículos, características dos locais de parada, sistemas de informações, transportabilidade, comportamento dos operadores e estado das vias.

Corredores exclusivos

Um dos principais problemas enfrentados pelos petropolitanos quando o assunto é mobilidade urbana, são os trânsitos intensos nos horários de pico. Por exemplo, moradores relatam que em determinados dias demoram mais de uma hora e meia para atravessar pontos extremos da cidade (como: Itaipava - Centro). O estudo da COPPE realizou 180 pesquisas de opinião junto aos profissionais que atuam no transporte público local, nos cinco grandes terminais rodoviários da cidade. O objetivo foi entender quais são os principais locais onde há maior dificuldade de tráfego. Os pontos mais citados foram: Edifício Arabela - Rua do Imperador, Centro (18); Corrêas (15); Retiro (13); Itaipava (11); Rua Montecaseros - Centro (11); Nogueira (10); Antigo Fórum - Rua do Imperador, Centro (9) e Rua Paulo Barbosa - Centro (9).

Também foram analisados os pontos da cidade que possuem a maior densidade de população. A partir dos resultados, foi levantada a sugestão da implementação de corredores exclusivos nas principais vias de Petrópolis. Uma alternativa, que segundo o estudo, reduz congestionamentos, melhorando a fluidez do tráfego e contribui para a redução de emissão de poluentes. "Ao priorizar o transporte público, esses corredores não apenas beneficiam os usuários diretos, mas também têm o potencial de impactar positivamente toda a dinâmica do sistema viário, promovendo uma mobilidade mais equitativa e ambientalmente responsável", diz um trecho do relatório.

Foram mostrados exemplos de testes de faixas seletivas na cidade, que contribuíram para a melhora na velocidade do transporte público. São eles: aplicação de faixa seletiva e canteiro central em Itaipava; aplicação de faixa seletiva na Avenida Tiradentes; e aplicação da faixa exclusiva para ônibus na Rua Paulino Afonso. Entretanto, segundo o estudo, a intervenção para faixas exclusivas que aparenta ter o melhor potencial de uma melhora é a que tem o começo na Rua Teresa e é finalizada na Rua Visconde de Souza Franco. "É importante ressaltar que o atual projeto recomenda a visualização e estudo mais aprofundado das propostas, assim como será necessário estudar a questão de carga e descarga do comércio que fica nas ruas onde haverá a faixa exclusiva", enfatizou.

Índice de Desempenho Operacional - IDO

Outro ponto abordado pelo estudo, é a forma no qual é realizado a avaliação do transporte coletivo na cidade. Atualmente, a CPTrans realiza o controle avaliativo do sistema de transporte público através de um indicador geral, com avaliação mensal e discriminado por empresa prestadora do serviço. Segundo o site da Companhia, o Índice de Desempenho Operacional (IDO) se trata de um modelo de avaliação ainda experimental e é composto por seis indicadores específicos: cumprimento de viagens (ICV); pontualidade de viagens (IPV); penalidades aplicadas às empresas (IIP); reclamações de usuários (IRU); inspeção da frota (IRP); e viagens interrompidas por falha mecânica (IFM).

O estudo da COPPE então sugeriu que seja feita a expansão do indicador para além de um cálculo feito por empresa, sendo também calculado por linha. "Desta forma, a CPTrans terá um novo critério mais aprofundado para avaliação do desempenho das rotas municipais, e principalmente se eventuais problemas em empresas estariam concentrados em linhas ou não. Indo além, sendo os dados compilados mensalmente, é conveniente que sejam divulgados com igual frequência, para que o órgão municipal se mostre preocupado com a melhora no serviço, e as empresas tenham um retorno de desempenho o mais rápido possível para que possam planejar alterações positivas", diz o estudo.