Estagiários da Educação denunciam atrasos nos salários

Após protesto na sede da Secretaria, Prefeitura diz que fez repasses

Por Leandra Lima

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Por Leandra Lima

Estagiários e profissionais da educação contratados por recibo de pagamento autônomo (RPA), pela Prefeitura de Petrópolis, voltaram a denunciar atrasos nos pagamentos dos salários. O grupo alega que não recebeu o montante relativo ao mês de agosto, o repasse deveria ter sido feito até a última sexta-feira (13). Segundo os estagiários que conversaram com a reportagem, o contrato fechado com a Secretaria Municipal de Educação assegurava que o pagamento deveria ser feito até o quinto dia útil, porém passaram a ser realizadas a partir do décimo dia, até ficarem sem uma data fixa para a regularização.

Um grupo de estagiários ouvidos pela reportagem reclamaram justamente da falta de uma data definitiva de pagamento. "Faço estágio desde agosto do ano passado e, desde então, não tenho um dia certo para receber. Em cada mês, é uma data diferente, por exemplo agora, não temos uma previsão", afirmou uma estagiária que pediu para não ser identificada. Frente a situação, alguns profissionais organizaram uma manifestação na porta da sede da Secretaria de Educação nesta terça-feira.

O caso não é novidade na cidade, durante 2023, a categoria passou pelo mesmo problema no segundo semestre do ano. Os trabalhadores expressam tristeza e insatisfação por não terem o básico. "Já não é de hoje que não recebemos no dia certo, não é novidade. Estagiar em uma escola é muito cansativo, é estressante, e muitas das vezes não temos o nosso valor dentro do local, e ainda temos que viver com essa falta de consideração da prefeitura. Nós também somos profissionais, merecemos no mínimo receber nosso pagamento no dia certo. As contas não esperam, e quanto mais demoramos para pagar, mais vão criando juros", disse uma outra estagiária.

Impacto na qualidade de vida

Para uma outra estagiária que também pediu para manter sua identificação em sigilo, os atrasos constantes vem sendo um grande empecilho na sua vida financeira, o que a causa ansiedade por não conseguir cumprir com as obrigações. "Usamos o valor da bolsa para pagar a faculdade, custos do dia a dia, tem casos que o dinheiro é usado para alimentação e contas pontuais. Estou correndo risco de ter a minha matrícula cancelada a qualquer momento, porque acabei de mudar de instituição e não paguei a primeira mensalidade ainda por causa do atraso do pagamento. Ninguém além de nós se preocupa com isso. Essa situação mexe com a nossa estrutura, tem meses que tenho que escolher o que vou pagar", relatou.

"O salário já não é muito bom, ganhamos muito pouco e ainda atrasam cerca de duas a três semanas. Temos aluguel para pagar, contas de luz, outros boletos. Fora a faculdade que também pago com esse salário, já tive que mudar o dia do pagamento de algumas contas dezenas de vezes, porque nunca recebemos no dia certo, isso é terrível", lamentou a estudante.

Ela continua destacando que é uma pena o que vem acontecendo, e ressalta que muitos desistem de realizar o trabalho por conta desse cenário. "Fazemos nosso ofício com amor, entendemos as necessidades das escolas de nos contratar para lidar com as crianças que precisam de um acompanhamento especial. Porém, embora seja triste dizer isso, o amor não paga o aluguel, a faculdade, a passagem e a alimentação", enfatizou.

Pronunciamento da Prefeitura

A equipe do Correio Petropolitano procurou a Prefeitura em busca de um posicionamento já que os atrasos são constantes. A Secretaria só respondeu que começou a efetuar os pagamentos nesta terça-feira (17). Sobre a questão dos atrasos regulares, não houve uma manifestação a respeito.