Entrevista: Yuri Moura apresenta propostas para Petrópolis

O Correio Petropolitano realizou durante esta semana uma rodada de entrevistas com os candidatos à Prefeitura de Petrópolis. A todos os cinco candidatos foram enviadas as mesmas perguntas sobre cinco temas prioritários para a população de Petrópolis: transporte público, saúde, educação, economia e meio ambiente. As entrevistas estão sendo publicadas diariamente no impresso do Correio Petropolitano em uma versão resumida, e a versão completa da entrevista é publicada no nosso site: correiopetropolitano.com.br. A escolha da ordem das publicações se dá pela ordem alfabética a partir da primeira letra do nome dos candidatos.

Fechando a rodada de entrevistas nesta sexta-feira (20), quem responde as perguntas é o candidato Yuri Moura (PSOL-Rede), que tem como vice, Marcos Novaes. Yuri é petropolitano, professor de história e gestor público especializado em cidades. Em 2023, iniciou seu mandato como Deputado Estadual, conquistando o voto de 25.479 eleitores. Antes disso, destacou-se como vereador em Petrópolis, sendo o mais votado nas eleições de 2020. Fundou a Escola Popular, projeto com educadores voluntários que já ajudou mais de mil jovens e adultos a concluírem o ensino fundamental e médio e na preparação para concursos públicos e que possui atuação em ao menos três cidades.

TRANSPORTE

CORREIO PETROPOLITANO: De qual forma o candidato pretende melhorar o transporte público na cidade?

YURI MOURA: A prefeitura tem que tomar o controle do sistema de transporte público, garantindo ônibus com segurança e manutenção, com horários respeitados e trajetos combinados com a população. Vamos trazer de volta os cobradores, garantir os salários, os direitos e os empregos dos rodoviários. Reformaremos os terminais e ampliaremos o bilhete único. Junto disso proponho a implementação gradual da Tarifa Zero, iniciando nas linhas de corredores e interbairros. Para isso, criaremos um fundo municipal com o que arrecadamos de IPVA, os subsídios que as empresas de ônibus já recebem e as passagens pagas pelos empregadores de Petrópolis.

CP: O candidato é a favor do Tarifa Zero? Se sim, como pretende implementa-lo no município? Se não, por quê?

YM: Sim. Temos 200 mil automóveis emplacados em Petrópolis, 50% do IPVA arrecadado retornam para o Município. Também são 68 mil trabalhadores de carteira assinada, hoje, os empregadores pagam a passagem de todos eles diretamente para as empresas de ônibus. A Prefeitura também subsidia as empresas de ônibus mensalmente. Colocaremos todos estes recursos em um fundo municipal e com estes valores garantiremos a implementação gradual da tarifa zero e a ampliação de gratuidades para estudantes, idosos, gestantes e pessoas desempregadas.

SAÚDE

CP: Como o candidato planeja suprir a ausência do convênio entre o Hospital Santa Teresa e o SUS na cidade?

YM: Vamos fazer de tudo para manter o convênio com o Hospital Santa Teresa. Nosso governo não vai brigar com as instituições importantes para Petrópolis. A fila da ortopedia é grande, só cresce e o Santa Teresa é fundamental para atendermos as pessoas. Vamos renegociar e buscar os apoios e recursos necessários para manter o convênio e garantir que a nossa saúde pública não entre em colapso pela irresponsabilidade dos governos que passaram.

CP: Quais são as principais propostas para melhorar a qualidade de saúde do município?

YM: Vamos zerar a fila da saúde! São mais de 30 mil pessoas esperando consultas, mais de 50 mil por procedimentos e cirurgias. Faremos mutirões de consultas, especialidades e cirurgias, expandindo o atendimento nas unidades públicas e fazendo parcerias com os consultórios e hospitais particulares. Reestruturar a atenção básica, valorizando os profissionais de saúde, equipando os postos de saúde da família e promovendo saúde com atividades físicas, orientação nutricional e terapias. Também criaremos o Super Centro de Especialidades em parceria com o Governo Federal, como já acontece na Cidade do Rio, dando celeridade em exames e atendimentos em oftalmologia, cardiologia e ortopedia.

ECONOMIA

CP: De acordo os últimos dados informados na apresentação da LDO 2024, o município apresenta uma dívida de mais de R$ 200 milhões no INPAS, quais são as formas que o candidato planeja para diminuir esse valor?

YM: Não é retirando direitos dos servidores que o problema se resolverá. O déficit acontece, pois a massa de servidores ativos, contribuindo para o regime previdenciário, não cresce como deveria. Enquanto servidores se aposentam, o governo demora para abrir concurso público. Temos trabalhadores terceirizados ou sendo pagos por RPA que precisam da oportunidade do concurso. É preciso também convocar aqueles já aprovados, na Educação, COMDEP, Saúde e CPTrans, ampliando as contribuições para o regime.

CP: Quais são as propostas para que a economia da cidade não se baseie somente em turismo?

YM: Vamos criar um Plano Municipal de Desenvolvimento Econômico, fortalecendo as nossas vocações como moda, cerveja, cultura, conhecimento e tecnologia. Formaremos mão de obra, transformando a Fábrica Dona Isabel numa Escola Técnica e Tecnológica, por meio de parcerias com as universidades e setor produtivo. Criaremos um ambiente favorável para a indústria compatível, melhorando a infraestrutura, mobilidade urbana e conectividade da cidade. Como deputado estadual, estou lutando contra os abusos da CONCER e por uma nova subida da serra, também cobrado a baixa qualidade da energia da ENEL em Petrópolis e região. Superando estes gargalos, fomentando e incentivando nossas vocações, iremos impactar diretamente no comércio e nos serviços, gerando mais emprego e renda.

CP: Entretanto, quanto ao turismo, como o candidato planeja investir no setor?

YM: Melhorando o acolhimento aos turistas e divulgando mais Petrópolis. Colocaremos Wi-Fi gratuito em pontos de entrada, turísticos e praças da cidade. Criaremos um aplicativo de informações com dicas de eventos, gastronomia, compras, serviços e outros atrativos. Vamos reestruturar os Centros de Informações Turísticas em parceria com os guias de turismo. Garantir a presença de Petrópolis nas mídias sociais e veículos de imprensa por todo o Brasil. Buscar captar turistas e visitantes da Cidade do Rio, investindo em publicidades nos aeroportos, rodoviários e rodovias. Fomentaremos o turismo rural, o ecoturismo e o turismo religioso. Teremos um grande calendário cultural, de eventos de negócios e outras vocações. Além de investir em infraestrutura, como banheiros, fraldários, lugar de descanso e estacionamento sem muito custo, nos polos de moda, no centro histórico e outros pontos já muito visitados.

EDUCAÇÃO

CP: Dados do IDEB mostraram que as escolas municipais de Petrópolis estão abaixo das metas esperadas pelo MEC, como o candidato espera melhorar a qualidade de ensino na cidade?

YM: O governo não investe o que deveria em Educação, por isso, os resultados abaixo do esperado. Nós vamos criar o programa Escola-Bairro, garantindo contraturno com reforço escolar, atividades culturais, esportivas, técnicas e tecnológicas. Superar o analfabetismo e a distorção entre série e idade. Valorizando os profissionais de educação e iremos acabar com a falta de vagas na Educação Infantil, hoje são 2.500 famílias esperando. Ações que irão melhorar o desempenho no IDEB para os próximos anos. Outra coisa é a falta de planejamento nas compras da merenda, é absurdo o que tem acontecido. Vamos garantir toda a orientação nutricional, descentralização de compras, parcerias com agricultores familiares e qualidade na alimentação escolar.

CP: Quantas escolas e creches há no município atualmente? Qual a visão do candidato quanto a esse número?

YM: De acordo com os dados de pré-matrícula do atual governo, são 198 unidades municipais totais. Mas falta transparência. Certamente vamos ampliar o número de Centros de Educação Infantil, ampliando vagas e instalando novos CEIs. São 2.500 crianças aguardando vagas, a fila é grande e as nossas servidoras estão sobrecarregadas. Meu filho estuda em um CEI e sou muito grato pelo e cuidado e trabalho destas profissionais, mas falta apoio estrutural, falta um governo que coloque a educação infantil como prioridade. Vamos aumentar os salários das profissionais dos CEIs, bonificar por projeto inovadores e garantir a inclusão para crianças que com TEA, outros transtornos e com deficiência. Iniciar um estudo de parceria com a Assistência Social para a criação de um contraturno com cuidadoras e profissionais de recreação, isso ajudaria mães e pais que trabalham até tarde, sem sobrecarregar as profissionais de educação.

MEIO AMBIENTE

CM: Um problema que já acompanha a cidade há anos são os desastres naturais. Como o candidato espera sanar a situação das enchentes na cidade, a exemplo do Rio Quitandinha, na Rua Coronel Veiga?

YM: Consegui prioridade para Petrópolis no PAC, 117 milhões para obras de drenagem que podem resolver a situação do Rio Quitandinha e da Coronel Veiga. Para além destas obras de infraestrutura, vamos pôr em prática uma lei de minha autoria, que não está sendo cumprida pelo governo atual: a lei da Cidade Esponja. Ou seja, são medidas de gestão das águas pluviais: jardins de chuva, bueiros inteligentes que retém os resíduos, asfalto permeável e outras soluções já aplicadas em países modernos. Dá pra fazer, falta vontade política.

CP: Estamos enfrentando grandes problemas com queimadas em toda a região. Quais são as principais propostas do candidato quanto ao enfrentamento de delitos ambientais?

YM: Antes de tudo fazer de verdade Educação Ambiental nas escolas e comunidades. Como deputado, fiz de Petrópolis a Capital Estadual das Unidades de Conservação, solicitei o fortalecimento da estrutura de combate a incêndios no PARNASO e outras unidades, já que são poucos profissionais e investimento. Vamos ter parceria com outras esferas de governos para garantir estrutura e ampliar o quadro de brigadistas e voluntários, que serão treinados e capacitados junto de agricultores e moradores das áreas próximas. Realizaremos ações preventivas com o Grupamento de Proteção Ambiental da Guarda Civil para atuação estratégica e complementar à dos brigadistas e do Corpo de Bombeiros. Além disso, precisamos reconhecer que existe uma emergência climática e tratar este cenário com investimento em políticas públicas de adaptação, prevenção e preservação.