Petrópolis é Capital Estadual do Mountain Bike

Cidade recebeu título por influência do atleta petropolitano e bicampeão mundial Henrique Avancini

Todos os anos, centenas de esportistas visitam Petrópolis, município do interior do estado do Rio de Janeiro, para a prática do ciclismo. Além disso, em 2022, a cidade foi sede da Copa do Mundo de Mountain Bike (MTB), após estar 17 anos sem uma edição da competição no Brasil. O maior nome do ciclismo de montanha da história do país e um dos maiores nomes mundiais, Henrique Avancini, também é natural da cidade. No mês de setembro deste ano, essas conquistas foram consolidadas, com a concessão do título de Capital Estadual do Ciclismo de Montanha - Mountain Bike - do Rio de Janeiro. A Lei 10.518/2024, de autoria do deputado estadual Sérgio Fernandes (PSD), foi sancionada pelo governador Cláudio Castro (PL) no dia 26 setembro e publicada no diário oficial do dia 1 de outubro.

A equipe do Correio Petropolitano fez uma entrevista exclusiva com Avancini para entender os benefícios que a lei trará para o esporte na cidade e para contar um pouco de sua história. Dentre alguns dos títulos dele, estão: 23 vezes campeão brasileiro - 14 na elite; 5 títulos de Copa do Mundo - 4 no XCC e 1 no XCO; Bicampeão Mundial de maratona cross-country; Vice-campeão mundial de XCC em 2021; líder do ranking mundial ao final de 2020; e 13º lugar em Tóquio 2020 - melhor resultado da história do Brasil em Olimpíadas.

Para Avança - como é popularmente conhecido -, o título de Capital Estadual do MTB significa mais do que apenas uma posição. "A homologação dessa lei possibilita que Petrópolis receba recursos e possa se desenvolver em prol da bicicleta, em prol da modalidade. Petrópolis é naturalmente muito favorável à exploração das montanhas e ao turismo rural. É por isso que a gente tem, de forma orgânica, uma cultura em torno da bicicleta bastante desenvolvida. Profissionais e amadores residem aqui e todos que começam a explorar um pouco mais dos entornos das nossas montanhas acabam se apaixonando por fazer isso em cima de uma bicicleta", explicou.

O principal objetivo da lei é fomentar o esporte na cidade, que possui grande expectativa de crescimento. "O que eu espero é que essa nova lei possa estruturar isso, para que possamos alcançar mais pessoas e receber mais turistas voltados ao uso da bicicleta aqui em Petrópolis, porque nós temos muitas possibilidades. Foi a cidade onde eu me preparei a minha vida inteira. Ulan Galinski - que foi representante do Brasil nas Olimpíadas de 2024 em Paris - reside aqui em Petrópolis também. Uma cidade com um vasto repertório e histórico em torno do MTB", completou Avancini.

Retorno da Copa do Mundo ao Brasil

Em 2022, a cidade se apresentou ainda mais no cenário internacional ao sediar uma etapa da Copa do Mundo de MTB - maior competição da modalidade. O feito torna-se ainda mais importante para a história, quando se leva em consideração que o país estava há 17 anos sem receber uma etapa da competição. Na ocasião, o suíço Nino Schurter conquistou a vitória. Avancini permaneceu na 13ª colocação (melhor brasileiro na etapa).

"Foi um grande marco do esporte para o Brasil que reabriu as portas do MTB mundial aqui no país. Petrópolis tem capacidade para sediar eventos, ter mais locais dedicados ao uso do mountain bike e é isso que eu espero que aconteça. Estarei cobrando do poder público isso, fazendo a minha parte como alguém que representa o esporte, para que nós tenhamos ações efetivas de fomento ao mountain bike aqui na cidade, que isso traga benefícios para a comunidade, nossa economia e desenvolvimento cultural", disse Avancini.

Exposição da história do MTB brasileiro

Há cerca de dois meses, Henrique Avancini abriu uma nova loja de bicicletas em Itaipava, distrito de Petrópolis. Além da parte comercial, o local possui uma exposição de itens históricos, como: bicicletas utilizadas em títulos mundiais e bicicletas utilizadas em jogos olímpicos. Dentre elas, a que Henrique utilizou nas Olimpíadas de 2020 - melhor colocação de um brasileiro na competição até o momento - e a das Olimpíadas de Paris 2024, utilizada pelo atleta Ulan Galinski. A exposição ainda conta com prêmios, medalhas, quadros, camisas emblemáticas, galeria de arte e fotos.

"Eu me alegro bastante de poder ser uma base para quem quer vir a Petrópolis para sair para pedalar. É uma iniciativa privada, mas que acaba fomentando e ajudando que a gente tenha esse fluxo de pessoas vindo para Petrópolis, para conhecer a cidade em duas rodas. Abrimos a loja há pouco mais de dois meses e o fluxo de pessoas de outras cidades e estados, para vir conhecer o espaço e um pouco mais da minha história, tem sido muito positivo", afirmou Avancini.

Embora tenha aberto o novo espaço recentemente, o pai de Henrique - Ruy Avancini - já possui uma loja desde 1995. "No ano passado, no momento da minha aposentadoria, eu avaliei com o meu pai o que faríamos com a loja. Conversamos e tomamos a decisão de que se fosse continuar com a loja, fosse algo interessante e importante para o mercado da bicicleta no Brasil e principalmente para ser um marco local. Dediquei praticamente a minha vida inteira para desenvolver esse esporte no país, com a minha carreira e ações paralelas, e acho que agora chegou a hora de devolver um pouco para a cidade aqui o que eu tanto amo".

Futuro da cidade

Avancini também apresentou alguns pontos que podem ser melhorados na cidade para intensificar o fomento da categoria e ajudar a revelar mais atletas para o mundo. "A gente ainda precisa de muito a ser feito. Temos muitas iniciativas privadas na cidade em prol do MTB e a gente ainda precisa estender isso para um alcance maior, tendo mais iniciativas públicas. Hoje temos apenas uma trilha pública homologada, na região das torres do Morin. Fora isso, são trilhas não oficiais, que hoje não existe uma manutenção e sinalização".

Segundo Avancini, a cidade possui uma grande variedade de possibilidades de rotas rurais, rotas secundárias em estradas de terra. "Um movimento que está explodindo no Brasil, com várias 'ciclo rotas' em torno do país, que movimenta muita gente. É um turismo muito saudável para a cidade, pois você desloca o turista para áreas mais abrangentes, assim, conseguindo distribuir a movimentação de renda e levar pessoas para belezas um pouco mais isoladas. Boa parte da área territorial de Petrópolis não é explorada com serviços e não é demonstrada para as pessoas".