Por Gabriel Rattes
O acúmulo de lixo em Petrópolis, que antes representava um transtorno urbano, agora se transformou em uma crise sanitária que pode se agravar. Sem coleta regular há semanas em várias localidades, o problema ameaça diretamente a saúde pública. A inadimplência de um pouco mais de R$1,4 milhão com a empresa Força Ambiental - responsável pelo aterro de Três Rios - tem comprometido a continuidade da prestação do serviço.
Embora a Prefeitura tenha afirmado que a Força Ambiental retomou o funcionamento do aterro depois de ser notificada extrajudicialmente, a empresa esclareceu que nunca impediu a chegada dos caminhões coletores de Petrópolis. No entanto, para reduzir custos operacionais, a empresa precisou ajustar sua logística, fazendo com que as máquinas operassem apenas a cada três caminhões, e não a cada viagem, como anteriormente. Isso resultou em uma maior espera para descarregar o lixo. O tempo médio de espera passou de 20 minutos para 55 minutos, mas o volume de lixo recolhido por dia permaneceu o mesmo.
"Reiteramos, que o aterro jamais foi fechado para recebimento de resíduos provenientes de Petrópolis. Mesmo com a inadimplência, o aterro permaneceu recepcionando os resíduos sem qualquer interrupção, mantendo a sua média de tonelada diária, o que demonstra que a operação sempre esteve em sua normalidade [...] Portanto, não há que se falar de falta de recebimento por parte do aterro, mas sim uma falha gravíssima na logística de coleta no município", informou a empresa em um documento que o jornal Correio Petropolitano teve acesso.
UNITA - Movimento Unidos por Itaipava
O movimento UNITA - Unidos por Itaipava, que já havia comunicado à Prefeitura e à Comdep (Companhia Municipal de Desenvolvimento de Petrópolis) sobre o problema, está cada vez mais preocupado com os impactos na saúde pública. "Montanhas de resíduos se acumulam em calçadas, ruas e pontos de ônibus, criando condições ideais para a proliferação de ratos, baratas, mosquitos transmissores da dengue e até mesmo atraindo animais silvestres como quatis e gambás", afirma o movimento. A partir disso, reforçaram pedido de providências imediatas às autoridades sanitárias da cidade e do Estado.
De acordo com o UNITA, a situação já afeta moradores do distrito de Itaipava, que também é um dos principais polos turísticos e econômicos de Petrópolis. O movimento afirma que o período que antecede o Natal, de grande movimento de turistas e moradores, está sendo prejudicado com as montanhas de lixo que também, além das vias adjacentes, ocupam as ruas principais.
Para Alexandre Plantz, presidente do movimento, a falta de coleta de lixo já não pode ser tratada como uma simples falha administrativa. "Estamos diante de uma crise de saúde pública. O lixo acumulado não é apenas um problema estético ou ambiental, é uma questão que coloca em risco a vida das pessoas. O problema precisa ser resolvido agora porque a tendência, com maior consumo na época de festas, é se tornar insustentável", afirma.
Fabrício Santos, secretário da UNITA, reforça a gravidade do cenário. "Já temos relatos de infestação de ratos e de mosquitos da dengue, além de animais silvestres sendo atraídos para áreas urbanas. É urgente que as autoridades tratem esse problema como uma prioridade", alerta.
O que diz a Comdep?
Questionada sobre quais medidas têm sido tomadas para regularizar o pagamento com a empresa responsável pelo aterro de Três Rios e o motivo da crise da coleta de lixo, a Prefeitura respondeu que: "A previsão é que a coleta seja totalmente normalizada nos próximos dias, já que há um passivo do serviço na cidade decorrente da paralisação injustificada da empresa, que durante duas semanas impôs restrições aos caminhões de Petrópolis". "A Comdep (Companhia Municipal de Desenvolvimento de Petrópolis) informa que a empresa Força Ambiental, após ser notificada extrajudicialmente pela companhia, retomou o funcionamento do aterro de Três Rios", disse em nota.