Ação no MPRJ contra comercialização de camiseta com conotação racista

Ação exige reparação pelos danos causados e implementação de uma campanha efetiva de combate ao racismo pela marca envolvida

Por Redação

Vereadora exige implementação de uma campanha efetiva de combate ao racismo pela marca envolvida

A vereadora eleita Professora Lívia Miranda (PCdoB), e o coordenador de Promoção da Igualdade Racial de Petrópolis, Filipe Graciano, formalizaram nessa segunda-feira (02), uma denúncia no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) contra a marca de roupa petropolitana Criações Gênesis.

A denúncia acontece após a empresa lançar, na última semana, uma camisa cuja estampa traz consigo a frase "Não se contamine!", junto a uma ilustração que traz mãos de cores clara e escura se tocando. Como divulgado pelo jornal Correio Petropolitano, a estampa foi repudiada por diversas entidades que lutam pela igualdade racial no município.

Na opinião da vereadora eleita Professora Lívia Miranda, a representação na estampa denota um claro teor racista e constitui grave afronta aos princípios constitucionais da dignidade humana, igualdade e respeito.

"Esse episódio não apenas reforça estigmas que precisam ser combatidos, mas também exige ações concretas por parte da empresa. A denúncia inclui a exigência de reparação pelos danos causados, um pedido formal de desculpas e a implementação de uma campanha efetiva de combate ao racismo pela marca envolvida. O enfrentamento ao racismo e de todas as formas de preconceito em Petrópolis é um compromisso da nossa mandata", declara a vereadora eleita.

Disque Antirracista

De acordo com o Disque Antirracista do município, somente no ano passado, 33 casos de racismos foram atendidos. Um número que, à primeira vista, parece pequeno, só que, no entanto, coloca Petrópolis como a terceira cidade com mais casos de racismo do Estado do Rio de Janeiro.

"Não basta emitir notas genéricas de retratação. É necessário agir concretamente para combater o racismo e prevenir que situações como essa se repitam. Seguiremos na luta para que Petrópolis seja uma cidade mais justa e inclusiva para todos e todas", afirma o coordenador de Igualdade Racial, Filipe Graciano.

Cidade pode receber delegacia especializada

A implantação de uma Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) em Petrópolis foi indicada pela deputada estadual Dani Balbi (PCdoB) na Alerj ainda no início deste ano, a pedido da vereadora eleita Lívia Miranda, enquanto assessora parlamentar.

A intenção é que a criação do equipamento na cidade dê maior celeridade no combate ao racismo, assim como também no combate aos crimes de injúria, xenofobia, ultraje a culto religioso, entre outros.

"Precisamos combater o racismo, LGBTIAPNfobia, e qualquer outro tipo de discriminação. Petrópolis é uma cidade onde esses crimes vêm crescendo e precisamos agir para frear isso. A criação do equipamento na cidade, porém, ainda segue pendente por parte do Governo do Estado", explicou Lívia Miranda.

Posicionamento da Gênesis 

Através de assessoria jurídica os responsáveis pela a marca Gênises, informaram que a intenção por trás da arte, a imagem da mão branca e da mão necrosada foi criada para ilustrar o versículo de Daniel 11:21, como uma metáfora da contaminação espiritual.

De acordo com a nota, a cor da mão necrosada não tinha a intenção de representar uma etnia específica, mas sim um estado de deterioração e impureza. "Lamentavelmente, minha arte foi interpretada de forma totalmente diferente da intenção original. A última coisa que eu desejaria seria ofender ou causar qualquer tipo de mal-estar. Respeito profundamente todas as pessoas, independentemente de sua raça ou origem. Agradeço a todos que se manifestaram e me ajudaram a entender essa falha na comunicação. Acredito que a arte deve ser um veículo de reflexão e diálogo, e lamento profundamente se a obra causou qualquer tipo de dor ou sofrimento", trecho da nota enviada pela assessoria jurídica.