Câmara adia votação de PL que aumenta idade para aposentadoria

SEPE critica falta de transparência do prefeito Rubens Bomtempo quanto ao Projeto

Por Gabriel Rattes

Vereador Fred Procópio conversa com categoria sobre decisão de adiar votação

Por Gabriel Rattes

A Câmara Municipal de Petrópolis adiou, para segunda-feira (23), a votação de um Projeto de Lei enviado pelo prefeito Rubens Bomtempo (PSB), que propõe o aumento da idade para aposentadoria dos servidores públicos. O projeto seria discutido na última sexta-feira (20), mas, após pressão do Sindicato dos Profissionais da Educação do Estado do Rio (Sepe - Petrópolis), a votação foi transferida para as 10h de segunda-feira. O PL altera a Lei Orgânica do Município, alinhando as regras locais à Emenda Constitucional 103. Ele foi aprovado em primeira discussão pelos vereadores neste mês de dezembro, mas o Sepe reivindica mais transparência entre o Governo Municipal e os educadores.

A representante do Sepe - Petrópolis, Rosimar Silveira, criticou a falta de participação da categoria na discussão do projeto. "Queremos garantir o sistema participativo, no qual a gente possa, em audiência pública, debater o assunto, tomar conhecimento. Que a categoria tenha espaço para discutir e isso passe por todas as comissões para garantir o direito do servidor. Essa matéria é exclusiva de direito do servidor em relação à aposentadoria deles. É preciso que a Câmara ouça os servidores, que a gente possa opinar, possa garantir, através de emendas, através do debate, que a lei seja a melhor possível para os servidores", explicou em entrevista ao jornal Correio Petropolitano.

"Agora, o importante disso tudo é que foi restabelecido o diálogo. A gente não pode ter essa prática dos projetos chegarem aqui, serem votados, sem a devida transparência, sem o devido debate", completou a representante do SEPE.

O que diz o
Projeto de Lei?

A proposta, que será votada em segunda discussão nesta segunda-feira (21), na Câmara Municipal de Petrópolis, é de autoria do prefeito Rubens Bomtempo (PSB) para enquadrar a previdência municipal à Emenda Constitucional 103. O texto irá realizar alterações diretamente na Lei Orgânica do Município. A principal mudança é o aumento da idade mínima para aposentadoria: 62 anos para mulheres e 65 anos para homens. Hoje, a idade mínima é de 55 anos para as mulheres e 60 anos para os homens.

No documento enviado à Casa Legislativa, a Prefeitura de Petrópolis argumenta que a mudança é o "primeiro passo para um conjunto de alterações legislativas que serão propostas para o sistema de seguridade social do quadro de servidores municipais, a fim de promover a sustentabilidade do sistema para o futuro". Ainda afirma que a proposta incorpora os elementos da EC 103 para "adequar as regras de concessão de benefício previdenciários" e para aumentar a capacidade financeira do município de honrar os pagamentos dos benefícios previdenciários.

Em entrevista, o vereador Fred Procópio criticou a demora de tramitação do projeto, que já está há um ano na Câmara, mas afirmou que é necessário para manter a regularidade do Inpas - Instituto de Previdência e Assistência Social do Servidor Público do Município de Petrópolis.

"Esse projeto não é do governo eleito, é um projeto do governo atual que está aqui na Câmara há um ano para ser discutido e votado. Acabou não acontecendo e agora o Sindicato se assustou com a notícia de que seria votado. Hoje, a situação da Lei Complementar é mais confortável, mas essa infelizmente é pré-requisito da nossa certidão de regularidade previdenciária", afirmou Procópio.

Lei Complementar

Além do projeto de lei, o Sindicato dos Servidores Públicos de Petrópolis (Sisep) protocolou uma Lei Complementar. O texto foi elaborado pelo Inpas em parceria com o Sindicato e prevê o tempo mínimo de contribuição necessário para a aposentadoria dos servidores. No entanto, o vereador e Secretário de Governo para o ano de 2025, Fred Procópio, informou que o debate da complementação será realizado somente ano que vem.

"Ainda não recebemos a Lei Complementar na Câmara, e as informações sobre ela não foram passadas para a equipe de transição do governo. Vamos trabalhar junto com os servidores para garantir mais segurança no processo", destacou o vereador.

Fred também explicou que a lei que será votada nesta segunda-feira (23) não terá efeitos imediatos. "Ela tem uma regra, um artigo específico que diz que enquanto não tiver uma nova Lei Complementar - essa que vai ser construída e discutida no ano que vem com toda a categoria - fica valendo as regras atuais. A lei 'prepara o terreno' para que a gente possa construir a lei complementar que vai ser encaminhada para cá", disse.