Por: Raphaela Cordeiro e Wellington Daniel

Crise do transporte: mais um ônibus pega fogo em Petrópolis

Caso aconteceu na madrugada desta terça-feira (05), no bairro Siméria em Petrópolis | Foto: Reprodução/Redes Sociais

Mais um ônibus da viação Petro Ita pegou fogo na madrugada desta terça-feira (05), somando mais um capítulo da novela do transporte público em Petrópolis. As chamas destruíram um coletivo que fazia a linha Corujão, que trafegava pela região do Siméria. Até o momento não foi informada a causa do incêndio. A viação disse que fará registro de ocorrência na 105ª Delegacia de Polícia.

Este é o segundo coletivo da Petro Ita que pega fogo em sete dias. Há exatamente uma semana, no dia 28 de novembro, um outro corujão pegou fogo na região do Quitandinha. O coletivo foi fabricado em 2012, ultrapassando a resolução da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), que limita o uso de micro-ônibus a oito anos. O último licenciamento foi feito em 2021.

O Corpo de Bombeiros foi acionado às 2h10 para conter as chamas. De acordo com testemunhas, na ocasião, além do motorista, havia uma passageira no coletivo, mas ninguém ficou ferido. As chamas foram totalmente debeladas por volta das 4h.

Por conta do incêndio, alguns moradores ficaram sem energia elétrica. As chamas atingiram alguns fios, além de queimar um portão de garagem e trincar janelas. De acordo com a Enel, o incêndio causou a interrupção no fornecimento de energia para três clientes por cerca de duas horas, mas o serviço já foi normalizado.

"Foi uma coisa horrível", relatou a costureira Edna Cristina. Com medo de pegar fogo na casa, saíram correndo para casa de vizinhos. "Isso está uma vergonha. Você anda nesses ônibus e está um barulho danado, tudo sujo, tudo nojento", reclamou das condições dos veículos que atendem a localidade.

Empresas pedem vale-educação

O juiz da 4ª Vara Cível de Petrópolis, Jorge Martins, convocou uma audiência especial na segunda (04) para debater a operação da

Petro Ita e Cascatinha. No encontro, foram diversos relatos de problemas dos ônibus e o Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) afirmou que as empresas não possuem mais condições de operar.

Além da precariedade do transporte público, também foi trazida a descontinuidade do vale-educação. Conforme mostrou o Correio Petropolitano, o subsídio foi suspenso em agosto e as conversas entre as empresas e a Prefeitura apontam que só deve ser retomado em janeiro. O valor do repasse consta na planilha do reajuste da passagem de ônibus, que ficou em R$ 5,15 no cartão e R$ 5,30 no dinheiro em julho.

"O vale-educação está devidamente calculado pela CPTrans dentro da tarifa de R$ 5,30, isso equivale a menos R$ 430 mil por mês para a operadora Petro Ita e cerca de R$ 190 mensais para a cascatinha. A falta desses recursos tem uma relação direta com a necessária qualidade na prestação do serviço", disse o diretor da Petro Ita, Isidro Rocha, em nome das duas empresas.

Na audiência, a CPTrans destacou que cumpre com rigor a fiscalização às empresas Petro Ita e Cascatinha. Quanto ao vale-educação, o município destacou que está em tratativas com as empresas e que a descontinuidade se deu pela perda de repasses do Imposto de Circulação sobre Mercadorias e Serviços (ICMS).

As empresas cobraram medidas para debater o financiamento do sistema e lembraram os impactos da pandemia, das chuvas de 2022 e do incêndio na garagem em maio. Disse que a renovação da frota está no plano da empresa para 2024, mas dependerá do vale-educação e que ainda paga os prejuízos dos ônibus queimados.

"Dos 78 veículos incendiados, 60 eram da Petro Ita e 18 da Cascatinha, ainda detalhando, 51 da Petro Ita estavam em plena operação e 18 da Cascatinha. Por fim, em financiamento bancário, a operadora Petro Ita paga hoje por 17 ônibus incendiados e cinco incendiados da Cascatinha, totalizando uma prestação de cerca de R$ 300 mil/mês", informou Isidro Rocha.

Quanto ao incêndio desta terça-feira, a Petro Ita disse que o caso será registrado junto a Polícia e que os danos materiais estavam sendo reparados. Ressaltou que, até maio, no incêndio ocorrido na garagem das viações, não havia casos de incêndio em ônibus e que está com reforço na segurança das garagens. Já a Prefeitura, informou que oficiou o Ministério Público Criminal e a Polícia Civil pedindo apuração rigorosa.

 

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