Por: Gabriel Rattes

Pesquisa questiona o grande número de farmácias em Petrópolis

Petrópolis tem 31 farmácia na Rua do Imperador e adjacências | Foto: Arquivo/TVC

O município de Petrópolis carrega a característica de possuir nos centros comerciais uma sobrecarga de farmácias. A cada estabelecimento que se fecha, especula-se que mais uma farmácia está por vir. Somente no centro da cidade existem 31 farmácias, das quais são 22 redes diferentes. A partir dessas informações, a unidade do Cefet do município, por meio do Programa Cefet Observa Petrópolis (COP), colheu informações para identificar se há vantagens ou desvantagens no alto número de farmácias na região. "De fato, é um número elevado de farmácias numa pequena região se considerarmos de ponta a ponta da Avenida do Imperador e suas ruas secundárias", afirma o documento.

A pesquisa foi realizada pelo aluno Raul Milagres, supervisionado pelo coordenador Rafael Ferrara, com 30 das 31 farmácias do centro. Segundo eles, uma delas foi retirada da pesquisa por ser parte de uma cooperativa na qual seus cooperados têm direito a descontos diferenciados. Isto é, o valor por ela praticado não é acessível a todos.

Para chegar a uma conclusão, o aluno colheu informações de preços de seis medicamentos de uso contínuo e dois de consumo pontual, porém que compõem uma grande parcela das receitas das farmácias. Sendo eles: dois para hipertensão (Valsartana 80mg e Indapamida 1,5mg); um para diabetes (Glicazida 30mg); um para colesterol (Rosuvastatina 10mg); um anti-inflamatório (Cetoprofeno 150mg); um antibiótico amplo espectro (Amoxilina 500mg), um calmante (Alprazolam 0,5mg); e um antidepressivo (Escitalopram 10mg).

Com os dados recolhidos, pode-se observar uma variação enorme entre os preços fornecidos. Muitas das vezes, para obter os melhores preços, tendo que comprar medicamentos em extremidades do centro. Ou seja, caso queira economizar terá que andar por toda a cidade, sendo um empecilho às pessoas mais idosas.

Dos medicamentos pesquisados, a Valsartana foi a que apresentou a maior variação financeira (R$ 46,91). Já em variação percentual, o maior resultado ficou para a Amoxilina (400,6%). Na variação entre o preço mais caro e sua respectiva média, o maior índice ficou para o Alprazolam (122,9%). Já na variação entre a média e o menor preço de sua respectiva amostra, o maior índice foi para a Amoxilina (65,3%).

Caso fossemos considerar que um consumidor precisasse comprar os oitos medicamentos pesquisados em uma farmácia apenas, a variação de preços também seria considerável. A conta mais barata ficaria em R$ 118,84 e a mais cara em R$ 253,58, uma variação de 113,4%.

"A população precisa desenvolver o hábito de pesquisar o preço de medicamentos, especialmente os de uso contínuo. As diferenças que vão de o dobro do preço até quatro vezes o preço mostram o quanto negligenciar a livre concorrência pode pesar no orçamento", concluiu o estudo.

Uma moradora do bairro de Itaipava, Margarete Marques, afirmou a necessidade de procurar em várias redes para conseguir o melhor preço. "No que diz respeito a preços de medicamentos, cada mês que passa onera mais o orçamento da população petropolitana. Faço uso de medicamentos de uso contínuo e quando chega o momento da compra, só parcelando no cartão. Além de percorrer preços em algumas farmácias, aliás, o que não falta aqui em Itaipava é farmácia, busco preços mais acessíveis", afirmou. Apesar de não estar no estudo do Cefet, Itaipava também apresenta um grande número de farmácias.

Cefet Observa Petrópolis

O Programa Cefet Observa Petrópolis (COP), coordenado pelo professor Rafael Ferrara, da unidade Petrópolis do Cefet/RJ, e produzido por estudantes da universidade realizou três pesquisas em Petrópolis: sobre a tragédia de fevereiro de 2022; sobre o sistema de ônibus de Petrópolis; e sobre o mercado farmacêutico do centro do município. O levantamento foi feito no ano de 2023.

 

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