Repercutiu na última semana os problemas relacionados ao setor de raio x do Hospital Raul Sertã, em Nova Friburgo. Funcionários e vereadores denunciaram a falta de equipamentos e materiais necessários para realização dos exames, o que resultou na impressão do raio x em papeis de folha A4, algo proibido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A situação deixou pacientes sem laudos pois também não havia um sistema de compartilhamento de imagem para os computadores dos médicos, que alegam que não há como fazer um diagnóstico, observando um exame em papel branco. Devido a gravidade, os parlamentares Priscilla Pitta (Cidadania) e Marcinho (Republicanos) levaram o caso para o Ministério Público. Funcionários do hospital falam que os problemas no setor de raio x vão além dos mostrados e que a ala sofre com outras diversas irregularidades que colocam em risco a saúde deles e o meio ambiente.
"Na sala de raio x tem vários gases tóxicos que a gente, ao revelar e fechar a porta, fica trancado, inalando esses gases. Falta um climatizador e um exaustor na câmara escura dentro da sala", contou um funcionário que desejou não ser identificado. Outro colaborador do setor também listou uma série de precariedades: "o que está pegando lá é que eles não estão de acordo com as normas de segurança. Não tem luz âmbar dentro da câmera escura, os móveis lá já estão caindo em pedaços, o químico não está tendo a devida atenção, os resíduos estão sendo jogados no esgoto comum do Sertã, o que não pode, pois tem o risco de contaminar o meio ambiente. Tem a questão da exaustão que não tem, está fora do adequado, o que acaba causando um problema na imagem. Falta um termômetro para medir a temperatura, entre outras coisas graves que prejudicam o funcionamento e os pacientes", relatou.
Frente às denúncias, representantes do Conselho Regional de Técnicos em Radiologia do Rio de Janeiro visitaram o Hospital Raul Sertã. E segundo a entrevista que concederam para a Intertv, afiliada da Globo, os ambientes fiscalizados sofrem com uma gama de inconsistências sanitárias. O Conselho afirmou que levará o caso para a Anvisa e para o Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro.
Problema antigo
A situação crítica setor é antiga, diversas irregularidades de infraestrutura que se acumularam durante anos, servidores paralisaram os trabalhos na ala em 2022 por conta da insalubridade do local. Segundo o vereador Maicon Queiroz, o episódio atual só ressalta os antigos problemas, em 2021 o vereador realizou uma fiscalização na ala após receber denúncias sobre o aparelho de mamografia quebrado, ao chegar constatou a vulnerabilidade do setor, e a partir disso, propôs uma audiência pública na Câmara Municipal. "Junto com os funcionários eu propus uma audiência pública na Câmara onde estiveram presentes a Procuradoria da prefeitura, secretário de Governo, Rodrigo Ascoly, e a defensora pública Dra. Maysa, que não está mais no caso. A partir da audiência houve uma ação por parte da Defensoria Pública em conjunto com o Ministério Público para que a prefeitura fizesse uma série de adequações na área com reformas melhores do equipamento. Inclusive o raio X digital, que está sendo alvo das reclamações agora, ficou lacrado na caixa em um corredor do hospital durante um tempo", disse.
O que diz a Prefeitura
A Prefeitura Municipal de Nova Friburgo informou em nota que os serviços na sala de raio X retornaram à normalidade na quinta-feira (18). E a Secretaria de Saúde do município comunicou que já abriu um canal de diálogo com os servidores do setor de Raio-X, visando resolver os problemas apontados por eles, e o próprio secretário, que assumiu a gestão no último dia 4, esteve lá pessoalmente várias vezes desde então. A secretária ressaltou que a maioria dessas demandas precisa de licitação, cujos encaminhamentos já estão sendo feitos para adequar as estruturas física e de trabalho. Continuou explicando que logo na primeira semana do ano, foi concluída uma licitação de insumos para o setor e o material deve ser entregue em poucos dias.
(....) "A processadora foi enviada para manutenção imediatamente após apresentar defeito e o atendimento do Sisreg foi suspenso temporariamente para não sobrecarregar o atendimento de urgência e emergência do Hospital Raul Sertã. Já existe processo em andamento para a compra de equipamentos mais modernos para o setor de Raio-X , o que vai permitir agilidade na realização e o compartilhamento dos exames com o computador dos médicos."
E finalizou declarando que nenhuma queixa formal ou recusa do exame impresso em papel foi registrada pelos médicos à direção do Hospital.
