A construção do Pavilhão Niemeyer no Parque Municipal Natural Padre Quinha, em Petrópolis, voltou a ser debatida. Em uma reunião do Conselho Municipal de Meio Ambiente (Comdema), realizada na Casa dos Conselhos, alguns ambientalistas da região reforçaram duras críticas ao projeto. Também ficou decidido que o Comdema irá emitir uma nota de esclarecimento para a população sobre a intervenção na Avenida Ipiranga. A proposta da nota, idealizada pelo secretário de meio ambiente, Carlos Alberto Muniz, teve 17 votos a favor, dois contra e uma abstenção. Participaram da reunião representantes das Secretárias de Educação, Defesa Civil, Cultura e Meio Ambiente. Também participaram representantes do ICMbio, Inea, Projeto Araras e os vereadores Mauro Peralta e Domingos Protetor.
A licitação para a construção do Pavilhão teve resultado em dezembro de 2023, sendo vencedora a empresa Engeprat Engenharia e Serviços LTDA, pelo valor de R$ 10.283.709,30. Nela está incluída a reforma da ruína, que será transformada em um Centro de Operações do Parque, e a construção do Pavilhão.
Reunião
Dentre as pautas da reunião do Comdema, desta última quinta (01), estava a discussão sobre a elaboração de uma nota de esclarecimento do Conselho para a população, sobre a criação do Pavilhão Niemeyer. Na ocasião, o advogado ambientalista, Rogério Guimarães, que já vem demonstrando indignação por meio das redes sociais, teceu duras críticas ao projeto e as falas do secretário de Meio Ambiente.
"Não é pelo fato de ter um pequeno 'chuchuzal', que permita se fazer uma construção ali de concreto armado, um agente extremamente poluidor. Também em grande parte em vidro que vai haver a colisão de pássaros e que irá obrigar o uso contínuo de ar-condicionado, o que afeta o aquecimento global", disse Rogério, que afirma ter sido um dos criadores da Unidade de Conservação Integral.
"Eu quero mostrar, secretário, que os meus argumentos não são só financeiros, mas ambientais. Aquele parque não é como um Cremerie por exemplo, ou de esportes como o Parque de Itaipava. Ele tem uma outra 'pegada'. Ele tem uma 'pegada' contemplativa de natureza", completou.
Eduardo Silvério se apresentou como ambientalista e ex-secretário, e se expressou após Carlos Alberto afirmar que durante cinco anos não foram gastos dinheiros em dragagem ou em encostas danificadas do parque. "Sou a favor da construção do monumento, mas não no Parque Ipiranga. Por que não no Parque Cremerie? Que está jogado às traças e abandonado. Nós já estivemos inclusive discutindo esse assunto aqui na casa e a intenção do parque era realmente manter do jeito que ele é", afirmou.
Qual a origem do projeto?
O Secretário de Meio Ambiente de Petrópolis, Carlos Alberto Muniz, explicou a todos presentes que a cidade já havia ganho a alguns anos atrás um projeto do arquiteto Oscar Niemeyer. "Foi dado a cidade através do engenheiro que fazia todos os cálculos das principais obras dele. Esse projeto que já havia sido entregue há anos, nós resolvemos retomar para vermos se ele se adaptava, ou não, ao nosso projeto de prosseguir com um equipamento que permitisse exercer um trabalho de educação ambiental", disse Muniz.
Carlos Alberto ainda explicou que o projeto inicialmente era para o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. "O Jardim não conseguiu arrecadar recursos suficientes para levar a obra em diante. Essa obra ficou parada. A partir daí vimos que o projeto se adaptava exatamente ao que a gente queria. Um Pavilhão que permitisse um desenvolvimento de trabalhos na área de educação ambiental, exposições, mata atlântica e que se integrasse às obras de recuperação da ruína". Ainda afirmou que o projeto foi apresentado e aprovado em outras reuniões do COMDEMA, e que todo o recurso de execução não sairá do Fundo de Meio Ambiente, fazendo parte do orçamento anual da Prefeitura.
O Conselheiro, ambientalista e coordenador da vigilância sanitária, Leandro Serrano, tomou posse da palavra e agradeceu a presença dos ambientalistas, mas questionou o não comparecimento em outras reuniões. "Por que vocês não apareceram antes? Para conversar. Agora querem fazer esse debate todo dizendo que são ambientalistas e que amam Petrópolis. Mas eu nunca vi vocês durante dois anos. Uma vez por mês nós nos reunirmos aqui", enfatizou.
O professor e ambientalista, Michel Pinto, disse que: "O parque é estratégico no sentido de turismo, não só ambiental, mas também cultural. As pessoas precisam vir à Petrópolis e ter aula sobre a dinâmica de uma Mata Atlântica. Então eu convido a vocês a contemplar o projeto como sendo uma mudança de paradigma. O preço e o custo diante dessa possibilidade, me parece pequeno", afirmou.
Nota de esclarecimento
"Se havia dúvidas em grupos de WhatsApp, sobre o conjunto de coisas que eu informei aqui, é evidente que é passível que essas dúvidas permaneçam na sociedade. Então eu gostaria de propor que preparássemos essa nota de esclarecimento demonstrando que o Conselho reconhece o projeto e já o aprovou, e que está em pleno desenvolvimento", enfatizou o Secretário de Meio Ambiente.
A proposta então foi votada. Com 17 votos a favor, dois contra e uma abstenção, ficou decido que o Comdema irá redigir e divulgar uma nota de esclarecimento à população sobre todo o processo de implementação do projeto no município.