Por: Gabriel Rattes

Um ano depois, autor do incêndio não foi identificado

Incêndio na garagem dos ônibus da Petro Ita e Cascatinha em maio de 2023 | Foto: Ludemir Rocha

Por Gabriel Rattes

Nesta quinta-feira (09), completa um ano do incêndio na garagem de ônibus das empresas Petro Ita e Cascatinha, em Petrópolis. Na madrugada do dia 9 de maio de 2023, 74 coletivos das viações foram destruídos e até o momento não há informações sobre a causa do incêndio. O inquérito da Polícia Civil do Estado do Rio (PCERJ) ainda não foi concluído e a corporação diz apenas que as investigações estão em andamento. Entretanto, problemas com os veículos na cidade continuam sendo registrados. Um relatório do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) apresentado recentemente aponta que as duas empresas lideram o ranking de falhas mecânicas no município.

Na madrugada do dia 9 de maio do ano passado, um incêndio de grandes proporções atingiu a garagem de ônibus das empresas Cascatinha e Petro Ita, localizada na Rua Coronel Veiga, em Petrópolis. Dos 74 veículos atingidos pelas chamas, 20 estavam fora de circulação, segundo o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários de Petrópolis (Setranspetro). Há época, um laudo técnico feito por um perito contratado pela Prefeitura de Petrópolis, por meio da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), afirmou que o incêndio foi intencional.

O laudo feito pelo perito Alexandre Luís Belchior dos Santos, contratado para instruir as ações administrativas da companhia, afirma que "existem indícios que apontam para a causa determinante do incêndio como uma ação pessoal direta, caracterizada por uma ação intencional de atear fogo ou incendiarismo". O documento aponta como "causas concorrentes do evento" a "elevada carga do incêndio, a proximidade entre os ônibus e a obstrução da rampa de acesso à área superior".

Problemas nos coletivos

Entretanto, a má prestação do serviço dos ônibus continua sendo presenciada pela população. Nesta última semana, dois acidentes graves envolvendo ônibus da Petro Ita. O primeiro acidente foi com uma das linhas que atende a comunidade Sargento Boening que, segundo relatos dos usuários, perdeu o freio e colidiu com o acostamento da via. O segundo foi com um ônibus que atende uma das linhas do Valparaíso, que colidiu com dois veículos no trecho conhecido como curva da Batata. Procurada, a empresa não respondeu aos questionamentos.

"O morador enfrenta tudo de ruim. Não melhorou nada desde o incêndio. Onde eu moro, os ônibus todo dia quebrado, não têm horário. Uma porcaria, não melhorou nada. O ônibus perdeu o freio em uma servidão nesta última semana, mas o motorista bateu na pedra para salvar. É assim, todo dia esse caos", informou Heloísa Helena, moradora do Sargento Boening. Ao ser questionada se sente segurança ao utilizar o transporte público na cidade, respondeu que: "Claro que não, esses ônibus caindo aos pedaços. Quem se sente? Ninguém", enfatizou.

Um estudo realizado pelo Grupo de Apoio Técnico Especializado (GATE), do MPRJ, apresenta dados sobre o percentual de viagens programadas e viagens pelos coletivos que operam em Petrópolis. As empresas Cascatinha e Petro Ita lideraram o ranking de quebras. Entre o período de outubro de 2022 a setembro de 2023, a Petro Ita registrou 3.505 falhas mecânicas em 5.210.101 km percorridos, sendo 6,73 falhas a cada 10.000 km. A Cascatinha apresentou 1872 falhas em 1.857.214, sendo 10,08 falhas a cada 10.000km. A Turp, terceira colocada no ranking, apresentou 454 falhas mecânicas em 7.231.350 km, sendo 0,65 falhas a cada 10.000km. O que representa 75% a menos de falhas, sendo que o número de quilômetros percorridos pela Turp é 289.3% maior.

Licitação suspensa

Neste ano, a Prefeitura anunciou a realização do certame para substituir as linhas operadas pela Cascatinha no município. No entanto, a licitação foi adiada duas vezes. Antes marcada para o dia 24 de abril, posteriormente adiada para o dia seguinte, agora está sem data definida. Isso se deve a uma decisão do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE), no qual a Corte julga seis possíveis irregularidades no edital elaborado pela Prefeitura de Petrópolis. São elas: prazo insuficiente entre a publicação do edital e a realização do certame; ilegal ausência de alocação de riscos; irregularidades no plano de negócios referencial; na planilha de cálculo da tarifa; no sistema de avaliação de desempenho; e nos critérios de desempate.

Questionada sobre as medidas tomadas pela Prefeitura de Petrópolis desde o incêndio, respondeu que: "desde a noite do incêndio, a Prefeitura vem cobrando das autoridades policiais que os responsáveis pelo incêndio sejam identificados e responsabilizados. A Prefeitura, por meio da Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes (CPTrans), ressalta ainda que cobra das empresas de ônibus a regularidade no serviço, garantindo a segurança dos passageiros e rodoviários", afirmou.