Por: Leandra Lima

Mães da esperança ressignificam a dor da partida

Mães que dividem a dor e a saudade encontram novo sentido para a vida | Foto: Arquivo pessoal

Por Leandra Lima

Para uma mãe o ciclo natural da vida é ver o filho nascer, crescer e construir a vida. As mães estão presentes em todos os momentos e isso é natural para elas, quando a normalidade é interrompida por um infortúnio do destino, o olhar dessas mulheres muda. Nesses momentos é preciso encontrar forças para continuar a caminhada sem uma parte delas, os filhos. Nesse processo de entender a situação e buscar uma saída, Andrea Kreischer, fundou o grupo "Mães da Esperança", que iniciou com Rosa Müller, Elizabete Saldanha, Rosani Campos e Cristina com o propósito de acolher as mães doloridas.

"Sinto que temos um propósito, que é levantar uma mãe do túmulo, porque quando uma um filho morre, a mãe também morre. Ter pessoas ao redor que passaram pelas mesmas perdas que você e sabem exatamente como é, dá uma sensação de acolhimento, tipo de estar no lugar certo, onde cada uma se inspira na história da outra, e assim nos fortalecemos, nos abraçamos e apoiamos dentro dos nossos lutos, pois ele vai ser eterno assim com o amor que sentimos por nossos anjinhos", fala coletiva do grupo.

No grupo, as mães usam a arte como um instrumento para colorir a dor. Um dos trabalhos que é desenvolvido é o colorir nos cadernos de pintar. "Durante o trabalhar vemos a evolução de cada uma, no início a pintura é marcada por traços fortes que muitas vezes carrega um sentimento de raiva e frustração, e ao longo os traços vão se abrandando e se tornando suaves", disse, Rosa Müller, mãe que trouxe esse método para o grupo.

O sentido da vida mudou completamente para essas mulheres. "Você se transforma em outra pessoa, temos que aprender ou reaprender a viver sem a pessoa que mais amava no mundo", expressou Andrea. Elisabete compartilha do mesmo sentimento, mas enxerga que a partida dos filhos trouxe uma coisa boa para elas, a amizade.

"Encontrar essas mulheres foi muito importante, pois as pessoas ao redor, não entende que o luto é eterno e às vezes não tem mais paciência de nos ouvir a falar sobre e muitas vezes acabam falando frases como, 'supera, já passou muito anos', ' você tem que viver sua vida', isso machuca por que é um amor eterno, não deixamos de ser mãe, sabe! E ter um espaço onde possamos compartilhar nossos sentimentos, nos abraçar e falar a vontade sobre a saudade é uma dadiva", relato do grupo.

As mães da esperança entendem que cada uma vive o luto de forma diferente, e tem períodos que a dor e a saudade aflora, como por exemplo, pertos de datas comemorativas como, Dia das Mães, Natal, aniversário do ente querido, e elas respeitam isso e se acolhem de maneira poética.

Mãe é mãe em qualquer circunstância da vida, sempre vão sentir mais o sofrimento do filho, há um ditado que diz que elas pegam para si a dor e se puderem passar pelo fogo pela cria passariam. O grupo Mães da Esperança resume bem essa frase, o amor delas é eterno e alcança os filhos aonde quer que estejam. "Estamos reaprendendo a viver amando incondicionalmente nossos anjos, com o propósito de fortalecer outras mães", fala coletiva.

Atualmente o grupo atende cerca de 30 mulheres, para as quais que desejam participar, há um grupo no facebook, chamado "Mães da Esperança Petrópolis", onde as veteranas entendem a situação de cada pessoa, procurando trabalhar em cima de cada necessidade, para assim transformar a dor em criatividade.