Petro Ita e Cascatinha têm 180 dias para apresentar plano de recuperação judicial

Enquanto isso, rodoviários mantém estado de greve

Por Gabriel Rattes

Empresas tentam negociar dívidas com credores na Justiça desde 2022

Por Gabriel Rattes

A 4ª Vara Cível de Petrópolis prorrogou o prazo de para apresentação do plano de recuperação judicial das empresas de transporte público, Cascatinha e Petro Ita. Agora, as companhias deverão apresentar um plano detalhado, com uma proposta de pagamento das dívidas com os credores e tudo o que ela pretende fazer para realizá-lo, em 180 dias. As empresas já haviam apresentado um plano no primeiro semestre de 2023, no entanto, a reportagem do Correio apurou que credores entraram com recursos junto ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) apontando valores diferentes aos disponibilizados nos planos das viações. Enquanto isso, atuais funcionários das empresas ameaçam paralisação por conta de descumprimento dos direitos trabalhistas.

No dia 6 de março deste ano, as empresas Cascatinha e Petro Ita solicitaram ao judiciário que prorrogasse o prazo de apresentação do plano de Recuperação Judicial em 180 dias. Que concede a suspensão do curso de prescrição, das ações e execuções em face das duas empresas. No dia 21 de março, o juiz Rubens Soares Sá Viana Junior, da 4ª Vara Cível de Petrópolis, concedeu a medida liminar para as empresas. "[...] a fim de que a sociedade requerente implemente, em definitivo, o plano de quitação de credores, ciente de que eventual intercorrência que denote falha nos deveres de gestão ensejará a revisão desta decisão. O prazo acima segue improrrogável para novos marcos, autorizando-se que os credores, mesmo na lista de pagamentos, possam tomar as medidas cabíveis para garantia de seus créditos", enfatiza a decisão.

No primeiro semestre de 2023 as empresas já haviam apresentado um plano com uma proposta de pagamento das dívidas com os credores. Nas planilhas apresentadas, a Cascatinha informou que devia R$ 2.551.521,31 aos credores. Já a Petro Ita apresentou uma dívida de R$ 7.236.125,57. No entanto, ao consultar o processo, os credores apontam valores diferentes aos disponibilizados nas planilhas. Dentre esses, está um credor de Classe I que aparece no plano da Petro Ita com uma dívida de R$ 33.991,48, mas afirma que o valor correto deveria ser R$ 53.750,61.

Dívidas trabalhistas

Em meio à tentativa de Recuperação Judicial, as empresas apresentam dívidas trabalhistas milionárias de acordo com dados da Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional. Ambas as companhias estão inscritas no Dívida Ativa, com dívidas que, somadas, ultrapassam os R$ 212 milhões. Dentre elas estão: Tributário-Previdenciário, multa trabalhista e Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). A Cascatinha conta com uma dívida de R$ 76.190.106,93, sendo: R$ 28.424,89 multas trabalhistas; R$ 863.063,14 FGTS; R$ 60.131.811,13 Tributário-Previdenciário; e R$ 15.166.807,77 de demais débitos tributários. Já a Petro Ita possui R$ 135.999.271,41 em dívidas, sendo: R$ 3.246.848,92 FGTS; R$ 111.437.441,64 Tributário-Previdenciário; e R$ 21.314.980,85 de demais débitos tributários.

Possível paralisação

O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Petrópolis realizou uma Reunião Extraordinária nesta quinta-feira (02) para debater descumprimentos de alguns dos direitos trabalhistas das empresas Cascatinha e Petro Ita. Na pauta da reunião os atrasos no pagamento de salários, adiantamentos, férias, além do não recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) e vale refeição e diante de tudo isso a possibilidade da articulação de uma grande paralisação em prol da dignidade dos trabalhadores.

Segundo o Sindicato, as empresas apresentaram propostas de quitação do pagamento dos salários do mês já trabalhado até o final do dia útil desta quinta (02) e compromisso de efetivação do pagamento dos salários na data correta mensalmente, conforme regras estabelecidas na Convenção Coletiva.

"Além disso, as empresas se comprometeram em efetuar o pagamento, até a segunda-feira (06/05), de férias de 50 trabalhadores que já usufruíram do descanso remunerado, mas que não receberam o pagamento devido. A partir de junho, sempre até o dia 15 de cada mês, outras 50 férias em atraso, por mês, serão quitadas, bem como o pagamento das férias no momento correto a partir deste mês", disse o Sindicato, afirmando se manter em greve até que sejam regularizados, caso contrário, serão tomadas medidas mais rígidas.

A equipe do Correio pediu um posicionamento às empresas de ônibus, mas até o fechamento desta edição não houve retorno.