Liberdade de expressão e seus desafios na era digital
Ministro do STF, Luís Barroso, fala sobre preocupação com fakenews
Por Leandra Lima
Em tempos atuais um dos assuntos em alta, que vêm sendo levantado em esferas globais é a liberdade de expressão. A questão também veio à tona durante o primeiro dia do Festival Literário Internacional de Petrópolis (Flipetrópolis), que aconteceu na última quarta-feira, 1º de maio, debatido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso, em um bate-papo entre escritores.
O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios descreve a liberdade de expressão como o direito de manifestação do pensamento, possibilidade de o indivíduo emitir suas opiniões e ideias ou expressar atividades intelectuais, artísticas, científicas e de comunicação, sem interferência ou eventual retaliação do governo. A Constituição Federal de 1988 também assegura essa virtude, no artigo 220, parágrafo 2°, está expresso que "[....] É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística". Por mais que instituições validem esse direito, em meio a era digital, a liberdade de expressão está sendo ameaçada por dispositivos que podem colocá-la em xeque.
Para o ministro, o mundo está vivendo um momento delicado para a liberdade de expressão que, segundo ele, é a matéria prima de quem vive de escrever, além de ser um instrumento fundamental da democracia. "Esse momento é um produto da revolução tecnológica, também conhecida como digital. A era atual universalizou os computadores pessoais e celulares, fazendo com que bilhões de pessoas se conectassem em todo o mundo", disse.
Internet
A internet é um sistema global capaz de conectar milhares de pessoas a uma rede. A invenção contribui muito para a sociedade, porém tem seu lado maligno. Luís Barroso destacou que o objeto trouxe como grande proveito da humanidade a democratização do acesso à informação, ao conhecimento e permitiu acesso ampliado a espaços públicos, sendo essa a vertente positiva. "E é daí que vem o lado negativo, nesse cenário, esses espaços deixam de ter o domínio que antes era feito pela imprensa tradicional que fazia um filtro de autenticidade. Por mais que agora esse acesso democratizado faça com que o conhecimento esteja mais próximo da população, ele também abre caminho para a desinformação, levando a discursos de ódio, teorias da conspiração e ataques às instituições", explicou.
Seguindo esse pensamento, o ministro ressaltou que a atual fase da era digital conduz em alguns lugares do mundo o populismo extremista que se vale da mentira e desinformação que é facilmente compartilhada nas redes sociais. "Tudo isso é potencializado pela inteligência artificial, que é um grande fenômeno da geração", ressaltou.
Inteligência Artificial
Conforme definição do Google, inteligência artificial é a capacidade de dispositivos eletrônicos executarem uma variedade de funções avançadas, incluindo a capacidade de ver, entender e traduzir idiomas, analisar dados, entre outros movimentos.
Luís reforça que essa é uma mudança muito profunda, pois a inteligência artificial possibilita a massificação da desinformação e mentira no âmbito social. "Tem diversas ferramentas desse objeto, que é uma ameaça à liberdade de expressão, por exemplo o deepfake, que tem a capacidade de colocar, por exemplo, o meu rosto em um vídeo e dizer coisas que eu jamais falaria. Isso é dramático para a liberdade de expressão por que, todos nós somos ensinados a acreditar naquilo que vemos, e o dia em que não pudermos mais acreditar no que vemos e ouvimos a liberdade de expressão terá perdido o sentido", indagou.
Para que esse fato não aconteça, o ministro ratificou que todos os países estão debatendo como proteger a liberdade de expressão e ao mesmo tempo a vida, para que a situação deságue no abismo de incivilidade e do ódio.