Sem a participação da Prefeitura, audiência debate ferramentas de monitoramento de eventos climáticos
A Prefeitura de Petrópolis não enviou representantes para a audiência pública que debateu medidas de prevenção às chuvas, principalmente com o uso do Radar X. A sessão foi realizada na Câmara Municipal na última sexta-feira (22), convocada e presidida pelo vereador Hingo Hammes (União). O secretário de Defesa Civil, Gil Kempers, justificou sua ausência à Hammes, dizendo que teve um imprevisto.
"Se o coronel (Gil Kempers) não pôde vir, que viesse um representante do gabinete do prefeito, alguém que demonstrasse por parte do governo municipal o carinho, o cuidado e o respeito com a população", criticou o vereador Eduardo do Blog (Republicanos).
Além de vereadores, o encontro teve a presença de representantes do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Força Aérea, do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC) e da Defesa Civil Estadual. O deputado federal licenciado e secretário de Estado de Energia e Economia do Mar, Hugo Leal (PSD), e o senador Carlos Portinho (PL) também estiveram presentes.
"Não há outro caminho: precisamos lançar mão da ciência e da tecnologia. E hoje vimos também que, além de equipamentos, precisamos de material humano, de inteligência na análise das informações. Precisamos, de fato, de uma rede que una todas as pontas. Precisamos de trabalho integrado. Isso envolve todas as esferas do poder público em nível federal, estadual e municipal. Vamos trabalhar para isso", garantiu o vereador Hingo Hammes.
Integração
Um dos pontos trazidos na audiência é que não basta apenas o Radar X, que foi o grande foco desta audiência. O custo dessa aquisição deve ser entre R$ 8 milhões e R$ 13 milhões. Segundo o especialista em meteorologia por radares do Cemaden, Carlos Frederico Angelis, é necessário que as bandas S (utilizadas hoje pela Aeronáutica) e a Banda X sejam complementares, já que possuem frequência e alcance diferentes.
"Só conseguimos identificar a localização da chuva, a quantidade de chuva que está ocorrendo e rastrear o movimento dessa chuva e sua evolução no tempo e espaço com o radar meteorológico", disse.
O professor da UFRJ, Fabrício Polifke, fez seu doutorado sobre as enchentes do Rio Quitandinha. Ele afirma que, além dessa complementação entre os radares, é preciso uma modelagem numérica regional, que pode ser utilizada junto ao LNCC, através do Supercomputador Santos Dumont.
"Radar meteorológico não faz previsão e, sim, monitoramento", explicou. "A melhor forma de conseguirmos é com um sistema integrado".
Os representantes das organizações envolvidas apontaram, então, a necessidade de se construir caminhos para estas integrações. Além disso, tendo a proximidade do verão, pensar em formas de parcerias com cidades que já possuem estes radares e que poderiam compartilhar informações com Petrópolis, como Niterói e Rio de Janeiro.
O senador Portinho também reafirmou o compromisso da bancada do Rio na captação dos recursos para a aquisição do novo radar. "O primeiro passo é trabalhar pelo compartilhamento das informações já existentes. Precisamos colocar todos os ativos que reunimos nesta audiência pública para trabalhar em conjunto pela cidade e pelo Estado. Depois, verificando o alcance destes equipamentos já existentes, será possível uma análise mais técnica sobre a necessidade de Petrópolis", disse.
O deputado Hugo Leal também registrou o apoio do Governo do Estado no trabalho para unir todos os órgãos que podem contribuir para aprimoramento do trabalho de prevenção de desastres e lembrou a necessidade de um sistema nacional de meteorologia, com dados centralizados captados pelos diferentes equipamentos pelo país.
"E aí, regionalmente, estados e municípios precisam também trabalhar suas especificidades, mas sempre compartilhando suas informações. Essa integração dos dados é o que vai permitir que todo o território seja efetivamente coberto pelos equipamentos, otimizando tanto equipamentos quanto recursos", afirmou.