Ônibus colide em muro e passageiros ficam feridos
Coletivo envolvido quebrou ao menos cinco vezes em um mês
A crise da mobilidade urbana de Petrópolis ganhou mais um capítulo nesta quinta-feira (9), dia em que completou seis meses do incêndio na garagem das empresas Petro Ita e Cascatinha. Um micro-ônibus que fazia a linha Roncoroni, da empresa Petro Ita, colidiu contra um muro em uma descida, na Rua Elizio de Carvalho transportando 40 passageiros. As primeiras informações de populares dizem que o veículo perdeu o freio.
Dos quarenta passageiros, quatro precisaram de atendimentos médicos. Os bombeiros socorreram duas vítimas, com ferimentos moderados, que tinham 52 e 63 anos. Outras duas foram socorridas pelo Samu, que não retornou o contato sobre o estado de saúde. Em nota, a Prefeitura disse que "não houve vítimas graves", apenas com ferimentos leves, atendidas pelo Samu.
A TV Correio da Manhã acompanhou o acidente ao vivo no Correio Petropolitano Debate. A TVC informou, em primeira mão, que o coletivo teve o último licenciamento feito apenas em 2019. Um levantamento feito por representantes da sociedade civil no Conselho Municipal de Trânsito e Transportes (Comutran) ainda aponta que foram, ao menos, cinco falhas mecânicas registradas neste coletivo somente em outubro.
A Companhia Petropolitana de Trânsito e Transportes também informou que, em vistoria realizada em setembro, foram constatadas irregularidades no veículo, o que gerou uma notificação à empresa. Em nova fiscalização, realizada em outubro, o coletivo foi reprovado e a empresa multada.
A partir disso, a CPTrans informou que vai realizar uma intervenção na linha. Os trâmites legais foram iniciados na quinta e, por isso, ainda não se sabe qual empresa vai passar a operar na região.
A 105ª Delegacia de Polícia investiga o acidente. Peritos estiveram no local nesta quinta-feira (09).
Cascatinha e Petro Ita
A CPTrans, no entanto, não informa sobre o que será feito em relação ao restante das linhas, que tem causado problemas aos passageiros. A planilha dos conselheiros do Comutran registrou, ao menos, 113 problemas em ônibus em outubro. Destes, 81 são da Petro Ita e Cascatinha. São relatos de quebras, atrasos, falta de higienização e até falta de força para subir ladeiras.
As empresas estão no centro de uma crise que se arrasta há anos e que foi agravada pelo incêndio em suas garagens, no dia 9 de maio. Segundo a Prefeitura, 100% da frota perdida já foi reposta.
"As áreas atendidas por Petro Ita e Cascatinha pedem socorro", disse o conselheiro Guilherme Nascimento. "Chega de omissão, é hora de intervenção já. Não podemos correr o risco dos passageiros entrarem pela porta da frente e sair do coletivo dentro de um rabecão (como é chamado popularmente o carro que carrega corpos para o necrotério)".
O presidente da Comissão de Transportes da Câmara Municipal, vereador Hingo Hammes (União), diz que vem cobrando para saber quem foi o responsável pelo incêndio, que foi apontado com indícios de que foi criminoso por um laudo independente da Prefeitura e do Corpo de Bombeiros. O inquérito da Polícia Civil ainda não foi concluído.
"As empresas estão restabelecendo a frota, porém, muitos veículos seminovos foram comprados e estamos vendo uma quebradeira enorme na cidade. Vimos esse acidente grave lá no Morin, com crianças no ônibus. Precisamos ter ônibus novos e que a Prefeitura restabeleça o subsídio às empresas para ter um transporte público de qualidade e uma passagem mais barata", afirmou, lembrando que o processo que pede o retorno da tarifa a R$ 4,95 ainda não se encerrou.
Em nota, a Prefeitura disse que espera que as autoridades policiais e o Ministério Público investiguem o incêndio com rigor e os responsáveis sejam punidos. Para o município, o incêndio criminoso teve o objetivo de instaurar o caos no sistema do transporte público e desestabilizar o governo.
A CPTrans disse que mantém a fiscalização periódica nas garagens das empresas, cobrando a qualidade e regularidade do sistema do transporte público.
Já a empresa, logo assim que aconteceu o acidente informou que a "está totalmente mobilizada, com equipes à disposição dos passageiros, para atender todas as necessidades, diante do ocorrido".