Audiência na 4ª Vara Cível debate apagão em Petrópolis
Por Wellington Daniel
Uma audiência especial, convocada pelo juiz Jorge Martins, da 4ª Vara Cível de Petrópolis, debateu nesta quinta-feira (23) os problemas de desabastecimento de energia. O encontro teve a presença do prefeito Rubens Bomtempo, de outros representantes da Prefeitura, da Águas do Imperador, Enel e associação de moradores. O Ministério Público do Rio de Janeiro e a Defensoria Pública também estiveram presentes.
No Vale do Cuiabá, a falta de energia atrapalhou a comunicação entre as equipes do Núcleo de Defesa Civil (Nudec) e a sede do órgão, além de outras regiões dos distritos, sobre os riscos de inundações. Já no Quissamã, um paciente precisou ser levado às pressas para o hospital, após ficar sem respirador. A Águas do Imperador relatou que foram quatro estações de tratamento de água prejudicadas pelo apagão.
A promotora de Justiça, Vanessa Katz, que ingressou com a ação, lembrou a escalada de tensão na cidade, devido às manifestações de moradores sem energia. Na segunda-feira (20), o MPRJ começou a receber diversos relatos de falta de água, devido ao apagão. Katz lembra que as previsões para o verão não são boas, devido ao El Niño.
"Se continuar nesse processo de trabalho da concessionária, teremos um verão muito difícil para a população de Petrópolis. Eu gostaria que a empresa apresentasse o Plano de Contingência para Petrópolis", explicou, lembrando que a energia também é importante para a evacuação de comunidades em casos de eventos climáticos.
Nas falas, foram relatados diversos problemas de abastecimento em vários pontos da cidade. A prefeitura cobrou um plano de contingência da Enel que entenda os riscos em razão das chuvas de verão na cidade. O prefeito Rubens Bomtempo (PSB) também lembrou que os eventos climáticos serão mais frequentes e com intensidades maiores, devido às mudanças climáticas.
"Consequentemente, se faz necessário que a Enel faça um Plano de Contingência que tenha conexão com os órgãos de governo municipal e demais órgãos de outros entes a fim de proteger o interesse público, para diminuir o impacto econômico social da perda abrupta de energia", afirmou o prefeito na audiência.
Outro problema apresentado pela prefeitura é que as equipes da Enel não possuem autonomia para trabalhar em campo. Segundo a companhia, essa dependência se dá por questões de segurança. No entanto, em momentos de eventos climáticos, a própria empresa relatou problemas de comunicação.
"Nos eventos climáticos, a Região Serrana é muito afetada pela comunicação. O que impacta na execução das atividades, elevando o tempo de atendimento dos clientes", afirmou o gerente operacional da Região Serrana, Rodrigo Luiz de Almeida.
A empresa ainda informou que, em resposta ao temporal do dia 18, chegou a ter 71 equipes trabalhando simultaneamente no município de Petrópolis. Disse que quedas de galhos e árvores geraram um trabalho complexo e demorado de reconstrução da rede.
"A Enel possui plano de mobilização, que se aperfeiçoa a cada ano. Neste evento, no dia 18, a Enel através de empresa especializada em previsão climática, tinha ciência das adversidades climáticas para o final de semana e, com isso, preparamos um plano contingencial", disse o gerente operacional.