Por: Laís Lima* e Yasmim Grijó

Polícia apura caso de professora que grampeou bilhete em roupa de aluno

Bilhete era destinado à mãe da criança | Foto: Divulgação

Por Laís Lima* e Yasmim Grijó

A Polícia Civil da 151ªDP de Nova Friburgo está apurando o caso da professora que grampeou um bilhete na camisa de uniforme de um aluno do ensino fundamental I da Escola Municipal Santa Paula Frassinetti. Aos familiares do menino, a escola alegou que o bilhete era destinado à mãe da criança para que providenciasse uma agenda de recados. Segundo a Prefeitura, a servidora foi afastada e um procedimento interno foi aberto para apurar o caso.

Em publicação extra do Diário Oficial do Município na última quinta-feira, 18, a prefeitura divulgou uma portaria em que se comunica "suspensão preventiva" da servidora, por 30 dias, prorrogáveis por mais 90, sem nenhum prejuízo na remuneração, para apuração de fatos. A reportagem apurou que no mesmo dia a mãe do menino chegou a procurar a secretária de Educação Caroline Klein, mas não foi atendida. No entanto, foi orientada por funcionários a reportar o caso para a ouvidoria da secretaria.

Em nota a reportagem a Secretaria de Educação esclareceu que foi surpreendida nesta quinta-feira, 18, com a informação que uma criança foi enviada para casa com um bilhete grampeado no uniforme. E disse que "a pasta nunca compactuará com tal atitude ou qualquer ato que desrespeite e/ou viole os direitos e exponha de forma vexatória as nossas crianças".

Psicóloga comenta caso

Na percepção da psicóloga Karolayne Medeiros, neste caso, a própria professora praticou o ato de bullying com o menino. "Ela pegou na questão financeira dessa criança, pois talvez aquela mãe não teria condições de comprar uma agenda no momento. Ela mexeu com uma família inteira, podendo causar danos emocionais não só no pequeno. Além de que o ato praticado por professores produz um clima hostil indefensável, diminuindo a aprendizagem e a capacidade dos alunos atingirem um bom desempenho. Esse caso precisa ser averiguado, e que a professora seja responsabilizada, bem como essa família precisa receber apoio psicológico", completa a psicóloga.

A especialista explica que o bullying afeta diretamente a saúde mental de uma criança. É um tipo de agressão que pode causar grande impacto, além dela sofrer com crises de ansiedade, baixa autoestima e depressão, podendo levar a automutilação e até mesmo tentativa de suicídio.

"Quando uma criança sofre bullying na escola, não fica só no ambiente escolar. Ela leva para a vida. Então é importante ressaltar que não é apenas uma brincadeira de criança. Não é simples definir a causa da prática, porém, é uma questão que envolve toda a comunidade, desde os pais, os pequenos e a escola", enfatiza.

O bullying é o ato de menosprezar, intimidar e oprimir alguém, de maneira que pode ser física, psicológica, verbal ou até online. Segundo a especialista, a escola é o local onde devem ser desenvolvidas as competências socioemocionais das crianças e dos adolescentes. "E está claro que precisamos cuidar da saúde mental desses jovens. Precisamos urgentemente trazer essa conscientização através de palestras nas escolas e, também, de roda de conversas com os responsáveis. O ambiente escolar precisa proporcionar aos alunos uma reflexão sobre o quanto é causador de angústias e sofrimentos, para todos os envolvidos", destaca Karolayne.

Conscientização nas escolas

A psicóloga ressalta que a escola e a família precisam andar lado a lado. A parceria entre pais e colégio também é fundamental para evitar e combater os casos de bullying. "Para que ela seja positiva, os dois lados precisam ser francos e se comunicar em busca de uma solução. Os professores podem ser os primeiros a notar os sinais do bullying no ambiente escolar", completa.

*Estagiária