Quem é o culpado pelas tragédias?
Nas redes sociais, a comoção nacional em relação a catástrofe - que ainda não terminou - nos municípios afetados pela inundação no Rio Grande do Sul, leva a uma pergunta que parece retórica: de quem é a culpa? Alguns culpam o governador Eduardo Leite, os munícipios do Sul seus respectivos prefeitos, enquanto nós, da imprensa, chafurdamos com determinação os portais da transparência de órgãos públicos, buscamos especialistas, vítimas e sobreviventes, em busca de uma resposta para essa pergunta. Infelizmente, nada que esteja ao nosso alcance.
As tragédias climáticas vão se repetir com cada vez mais frequência, sorteando aqui e ali, de norte a sul do país, em cada estação, onde vamos contabilizar as perdas. Não há um cenário esperançoso frente a esta catástrofe do século. O que existe somos nós, seres humanos, tentando sermos humanos e ajudar o próximo. Ao invés de perguntas, muitos estão arregaçando as mangas e ajudando quem precisa, primeiro oferece ajuda e depois pergunta, essa tem sido a regra compartilhada nas redes sociais. Via redes sociais porque é assim que ficamos sabendo o que está acontecendo, em meio à uma enxurrada de notícias, fake news e opiniões, é graças ao digital que ampliamos a corrente do bem.
A esperança de que podemos nos próximos 10 ou 20 anos frear as mudanças climáticas, é ingênua. O que podemos é mitigar os riscos e ficarmos atentos. É criar uma cultura de prevenção nas comunidades mais vulneráveis, para além dos episódios dramáticos. É politizar as mudanças climáticas. Um estado permanente de vigilância. Resiliência é um ato político.