Por: Leandra Lima - PETR

Especialista fala dos principais desafios da saúde mental no ambiente de trabalho

Janeiro Branco é marcado pela conscientização dos cuidados à saúde mental | Foto: Divulgação

Por Laís Lima*

Em um mundo cada vez mais voltado para o trabalho, a saúde mental no ambiente de trabalho se tornou uma prioridade, estar sob pressão pode ocasionar diversos fatores incluindo ansiedade, fobia social e depressão. Outro fator importante é que o aumento desta pressão no ambiente de trabalho pode estar relacionado a fatores externos, como a pandemia da Covid-19 que desencadeou incertezas e instabilidade no mercado de trabalho. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde de Nova Friburgo, cerca de 90% dos atendimentos no setor de saúde mental do município, atualmente, englobam, também, quadros de ansiedade e depressão.

De acordo com dados disponibilizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada ano, 12 milhões de dias de trabalho são perdidos por causa da depressão e da ansiedade, sobrecarregando a economia mundial em U$$ 1 trilhão por ano, ocasionados pela perda de produtividade e falta de motivação dos profissionais. Outros fatores como bullying, violência psicológica (também conhecidos como "mobbing") e assédios no local de trabalho geral têm impactos negativos na saúde mental.

"Há uma desvalorização da saúde mental na sociedade como um todo, principalmente nos ambientes de trabalho, a pressão pela produção, alcance de objetivo e metas, acaba desmerecendo o lado humano do profissional. Então quando pensamos que essas empresas trabalham e que muitas vezes geram pessoas e isso não é visto, acaba tendo um salto de adoecimento no ambiente de trabalho", destacou a psicóloga Andrezza Regly.

Andrezza ainda ressaltou que já teve pacientes que foram até ela com uma demanda muito alta de burnout em diferentes contextos como por exemplo: fábricas, escolas, instituições, empresas e o pessoal que está na linha de frente da área da saúde. "Com isso podemos observar que em todas as áreas têm esse excesso de trabalho e a falta do olhar para o humano, essa pressão de cumprir objetivos, o cuidado pela vida que o pessoal da linha de frente da saúde deve ter e os profissionais da educação que tem uma alta sobrecarregada de trabalho como o cuidado com um grande número de crianças e até mesmo desvalorização salarial, acaba acarretando o adoecimento".

Os municípios ofertam pelo Sistema Único de Saúde atendimento em saúde mental. Em Nova Friburgo, a rede de Atenção Psicossocial é formada pelo CAPS 3, que atende pacientes com transtornos mentais graves e persistentes e, dentro desses transtornos, também entram aspectos de ansiedade e depressão. Ainda há o CAPS AD, que trabalha com pacientes que fazem uso de álcool e outras drogas, onde também é notado casos de ansiedade e depressão. Segundo a Secretaria de Saúde, no CAPS Infantil também há crianças muito novas, especialmente após o período de pandemia, com casos de ansiedade e depressão, que estão interligados a outros tratamentos de maior gravidade, como Transtorno do Espectro Autista (TEA) e esquizofrenia.

"A sociedade já vem adoecida por diversos fatores, isso vem se agravando pois os ambientes de trabalho são extremamente tóxicos, chefia tóxica, colegas de trabalho muito competitivos e com isso a pessoa não consegue criar laços. Não existe medida preventiva, não existe a ideia de vamos prevenir o adoecimento mental, isso em nenhuma esfera da sociedade, muito menos na empresa. A ideia de gestão de pessoas, ou seja, o recurso humano, pensa sobre isso, mas tem muitas dificuldades de se colocar em prática. A psicologia dentro do ambiente de trabalho é uma psicologia real, entendemos que ela tem um papel fundamental na empresa, mas infelizmente é pouco valorizada e não vista, com isso não temos um olhar preventivo para a saúde mental", finalizou a psicóloga.

Estagiária*