Por: Laís Lima*

Homens estão entre as principais vítimas de suicídio

Depressão cresceu no Brasil pós-pandemia | Foto: Reprodução

Por Laís Lima*

Fenômeno complexo, multifacetado e de múltiplas determinações, o suicídio pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientação sexual e identidade de gênero. O suicídio é quatro vezes mais incidente entre homens na faixa etária de 15 a 29 anos, mesmo com o aumento da expectativa de vida, os homens ainda vivem 7 anos a menos do que as mulheres. A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que 1 a cada 5 homens nas Américas não chegará aos 50 anos de idade, isso devido ao comportamento de risco à saúde relacionados diretamente com o exercício de modelos tradicionais de masculinidade. Nesta semana, foi comemorado o Dia Mundial do Homem que reforça e enfatiza a necessidade de mudar a percepção da população masculina em relação ao cuidado com a saúde mental.

"Ser um homem jovem, não-retinto e LGBT no século atual não é fácil, especialmente aos 21 anos, como é meu caso. A pressão social e familiar, muitas vezes motivada por questões religiosas e valores ultrapassados sobre a construção de um lar e de uma família, contribui significativamente para crises de ansiedade. Além disso, a sociedade constantemente nos pressiona a encontrar um companheiro perfeito, mas poucos estão preparados para essa conversa. Um relacionamento exige tempo, compreensão e muito diálogo. Acredito que muitos casos de suicídio ocorrem devido a essa pressão de 'dar certo' e de mostrar uma perfeição aparente para a família e o parceiro", relata Weslley Tostes, estudante de Publicidade.

De acordo com a OMS, as expectativas sociais em relação aos homens, de serem provedores de suas famílias; terem condutas de risco; serem sexualmente dominantes; evitarem discutir suas emoções ou procurar ajuda, contribui para maiores taxas de suicídio, homicídios, vícios, bem como doenças não transmissíveis, como cirrose hepática por causa do abuso do álcool, infeções nas vias respiratórias e diabetes. A organização também destaca que modos tradicionais de serem homens entendem as práticas de cuidado e de busca por ajuda como símbolos de fragilidade e fraqueza, o que induz os homens a procurarem menos os serviços de saúde.

"Eu atendo poucos pacientes homens, eles chegam menos ao consultório, muitas vezes eles têm dificuldades de ir ao psicólogo procurar ajuda. Diferente da mulher que chega com menos preconceito, o homem geralmente só vem em situações extremas e quanto mais velhos menos aderem à terapia, os mais jovens têm menos preconceito, mas mesmo assim a adesão é muito baixa", explicou a psicóloga Andrezza Regly.

"É algo muito interessante de se pensar, pois a clínica infantil é muito mais menino do que menina, quando vão para adolescência isso começa a mudar, pois mesmo que os meninos tenham demanda eles não aderem à terapia. E acaba que na fase adulta tem mais mulheres do que homens", enfatiza.

A psicóloga Andreza ainda ressaltou que o quanto é importante falar sobre o preconceito que o homem tem em se cuidar. "Vemos muito mais mulheres do que homens se preocupando com o autocuidado, na maioria das vezes, o homem só busca tratamento mesmo, quando ele não está conseguindo dar conta sozinho e isso tudo acaba acarretando no abuso de álcool e drogas, comportamentos intra-socias, depressões não diagnosticadas e infelizmente tentativas de suicídio".

*Estagiária