Por: Isabella Rodrigues*

São Pedro da Serra comemora o Dia Nacional do Maracatu

Espaço cultural promoveu uma aula de ritmos percussivos | Foto: Isabella Rodrigues

Por Isabella Rodrigues*

O Dia Nacional do Maracatu, celebrado em 1º de agosto, homenageia um movimento cultural que surgiu em Pernambuco no século XVIII, durante o período da escravidão. Essa manifestação cultural popular, que combina música, dança e história, é marcada por figurinos extravagantes que trazem influências africana, indígena e portuguesa. O dia homenageia o mestre Luiz França, líder do Maracatu Leão Dourado por quatro décadas. É reconhecido como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil desde 2014, durante a 77ª Reunião Deliberativa do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural no Iphan, em Brasília.

Para a comemoração de uma data tão importante, nesta quarta-feira (31), o espaço cultural Mercada, localizado em São Pedro da Serra, promoveu uma aula de ritmos percussivos com o grupo Baque Rebate das Montanhas. O grupo mistura ritmos do maracatu e coco, e já se apresentou em diversos locais, levando a pluralidade desta cultura tão rica.

As oficinas de maracatu são ministradas por Emerson Santana, mestre percussivo e fundador do grupo. Nascido em Recife e criado em Olinda, compartilha sua rica trajetória cultural. Crescido no bairro do Varadouro, ele foi influenciado pelas tradições locais como coco, frevo, maracatu e ciranda. Desde os 15 anos, Emerson atua profissionalmente na música, colaborando com mestres da cultura pernambucana, também se dedicou à capoeira angola. Através deste grupo, tem realizado um intenso trabalho de mobilização cultural na serra, produzindo oficinas, eventos e trocas com importantes mestres, guardiões da tradição cultural de suas raízes.

A relação da Mercada com o grupo é de extrema importância. As aulas, que agora acontecem toda segunda-feira no Sana, e quarta-feira em São Pedro, antes eram apresentadas em Lumiar. Por conta de ataques sofridos pelo grupo, por preconceito e intolerância religiosa, durante um período as aulas foram realocadas para um sítio privado. No período do carnaval, voltaram para o espaço público e começaram a acontecer em São Pedro.

A proprietária da Mercada, Milena, fez esforços solicitando autorizações da prefeitura para os ensaios voltarem para as ruas. "Minha aproximação com o grupo foi quando comecei a fazer as aulas de percussão para aprender a tocar o agbê. Acho incrível poder ter a oportunidade de me aproximar do maracatu, ainda mais tendo como professor o Emerson, que é natural de Olinda e participou da Nação de Maracatu Estrela Brilhante de Igarassu, em Pernambuco, que está fazendo 200 anos esse ano",conta Milena.

A parceria, que surgiu dessa dificuldade de encontrar um local, gerou um foco e proximidade com os moradores da região, por ser localizado próximo a praça e ao parquinho das crianças, trazendo mais acessibilidade para mães e famílias que querem desfrutar do movimento cultural. "Fazia todo sentido os ensaios acontecerem na Mercada, em um espaço aberto, o maracatu é um movimento cultural de rua", afirma.

Sobre o espaço

A Mercada está em funcionamento há dois anos, começou como um projeto entre amigos interessados em manter uma loja de produtos naturais, orgânicos e veganos. Atualmente, funciona como um espaço de cultura, culinária colaborativa e bar. O local já recebeu intervenções de cineclube, oficinas de pandeiro para iniciantes, oficinas de ritmos percussivos com foco no maracatu de baque virado, e oficinas de toque de agbê, um instrumento musical de percussão criado na África.

*Estagiária