Por: Isabella Rodrigues*

Alcoólicos Anônimos comemora 77 anos de acolhimento e transformação

Municípios da região possuem sedes do A.A. | Foto: Divulgação/A.A.

Por Isabella Rodrigues*

Neste mês de setembro, o Alcoólicos Anônimos (A.A.) comemora 77 anos de atuação no Brasil, sendo uma das instituições mais importantes no apoio à recuperação de pessoas com dependência alcoólica. Em entrevista ao Correio Serrano, Gabriela Henrique, vice-presidente da Junta de Serviços de A.A. no Brasil, destacou as principais mudanças e desafios enfrentados desde a pandemia de COVID-19, além de iniciativas voltadas para públicos específicos, como jovens, mulheres e a comunidade LGBTQIAP .

Com a chegada da pandemia, o formato das reuniões do A.A. precisou ser adaptada. Gabriela relata que a escolha de reuniões online, inicialmente uma solução temporária, se consolidou como uma ferramenta fundamental de acolhimento. "Muitas dessas mudanças serão mantidas, mesmo com a normalização das atividades", afirma. Durante a pandemia, também houve o aumento de questões graves relacionadas ao consumo excessivo de álcool entre jovens e mulheres. Gabriela destacou que a perda de empregos, o isolamento social e a sobrecarga emocional foram fatores que impulsionaram o aumento do consumo entre esses grupos.

"As mulheres, em especial, enfrentam maior vulnerabilidade à dependência química, devido a fatores biológicos e emocionais", explica. A resposta do A.A. a esse crescimento foi reforçar sua metodologia, baseada nos 12 passos, proporcionando um ambiente de acolhimento e troca de experiências, que facilita a recuperação.

A diversidade dentro do A.A. também ganhou destaque nos últimos anos, com iniciativas voltadas para a comunidade LGBTQIAP . A vice-presidente enfatizou a importância de criar espaços de reuniões mais inclusivos, com grupos específicos para atender as necessidades de minorias. "O A.A. preza pela inclusão e pela não discriminação, garantindo que todos, independentemente de sua orientação sexual ou identidade de gênero, se sintam acolhidos".

Cooperação

A relação do A.A. com órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS) tem sido fundamental para o reconhecimento do trabalho da irmandade. Gabriela destaca que, embora o A.A. não aceite doações ou parcerias formais, é amplamente reconhecido e recomendado por instituições públicas e privadas como uma forma eficaz de recuperação. "O foco do A.A. continua sendo a sobriedade e o apoio mútuo, sem compromissos com ideologias ou movimentos externos", reforça.

O papel de destaque no RJ

O Rio de Janeiro, segundo estado com o maior número de grupos de A.A. no país, é citado por Gabriela como um dos grandes propulsores da expansão da irmandade no Brasil. Desde sua fundação, o estado desempenha um papel estratégico na disseminação da metodologia de A.A., influenciando outras regiões. "Muitas pessoas que passaram pelo Rio levaram o modelo para suas cidades, ajudando a expandir o trabalho do A.A. em todo o país", conta.

*Estagiária