Por: Leandra Lima

Museu Ferroviário de Areal é reconhecido pelo Estado

Em 2023, a AFPF e a Prefeitura de Areal iniciaram o resgate da memória do local | Foto: Divulgação

Por Leandra Lima

A preservação da memória é importante para resguardar fragmentos do passado que foram importantes para construção da sociedade. Através desse molde é possível demarcar uma passagem de tempo, criando um parâmetro de desenvolvimento. Resguardar os pedaços da história é um ato nobre, que vem sendo cumprido por museus ao redor do mundo, não importando o tamanho. Quando uma instituição é reconhecida por esse trabalho é um passo ainda maior para continuar a realizar a preservação e trazer à tona traços de um passado perdido. É com esse estímulo que o 'Museu Ferroviário de Areal - Estação Alberto Torres' foi reconhecido, oficialmente pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado do Rio de Janeiro (SECEC-RJ) como parte integrante do "Cadastro Fluminense de Museus (CFM-0240)". A estação simboliza o legado ferroviário e o desenvolvimento do município.

De acordo com a Prefeitura de Areal, o reconhecimento foi concedido em conformidade com os critérios estabelecidos pelo 'Estatuto Nacional de Museus', que determina que as instituições sem fins lucrativos que conservam, investigam, comunicam, interpretam e expõem, para fins de preservação, estudo, pesquisa, educação, contemplação e turismo, conjuntos e coleções de valor histórico, artístico, científico, técnico ou de qualquer outra natureza cultural, abertas ao público, a serviço da sociedade e de seu desenvolvimento, devem ser consideradas museus.

Com o título, o presidente da Associação Fluminense de Preservação Ferroviária (AFPF), Ricardo Lafayette, ressaltou que a conquista é uma oportunidade para que o equipamento fique mais conhecido. "Colocar o Alberto Torres na lista do reconhecimento é muito importante para sua expansão e preservação", disse.

Como a estação se tornou um museu

A história da Estação Alberto Torres iniciou lá em 1886, há 138 anos. Quando foi inaugurada, era a segunda estação do município de Areal, incorporada pela E. F. Príncipe do Grão-Pará, que construiu o prolongamento de Petrópolis X Areal. O contexto da construção se passa em meio ao século XIX, onde a linha do trem começava no Rio de Janeiro, inicialmente construída pelo Barão de Mauá em 1854, unindo o porto de Mauá à Estação Raiz da Serra, Vila Inhomirim, hoje, Magé. O trecho dessa última estação foi incorporado pela estrada de ferro Grão-Pará, construindo o prolongamento de Petrópolis e Areal, entre os anos de 1883 e 1886, passando então pela estação Alberto Torres, que em 1900 foi unida à de Três Rios.

Apesar do passado glorioso, o espaço ficou esquecido por um tempo, até que em 2023 a Associação Fluminense de Preservação Ferroviária, em conjunto com a prefeitura inaugurou o "Pequeno Museu Ferroviário Estação Alberto Torres ", com artefatos doados pela própria associação e ajunta os matérias que chegam através de familiares de ex-ferroviários.

Segundo Marcelle de Souza Sales, assessora de projetos especiais da AFPF, a instituição vem direcionando diversos objetos de acervo que são da memória ferroviária e da história do município e região, que se relacionam com a história dos moradores e de alguns trabalhadores que ajudaram a construir as ferrovias no local.

Para Marcelle, o reconhecimento da SECEC-RJ, se faz necessária para assegurar que, esse vasto arquivo e acervo da extinta rede ferroviária, seja de propriedade privada ou pública. "Esses fragmentos históricos devem permanecer à disposição do público para conhecimento e manutenção desse patrimônio material, além de salvaguardar a memória ferroviária para que nenhuma peça ou documento venha se perder ao longo do tempo. O projeto do museu ainda garante a manutenção do prédio da estação de Alberto Torres, então, essa certificação do estado do Rio de Janeiro, é de grande relevância e pretende ajudar a alavancar toda essa preservação do acervo ferroviário do nosso estado", ressalta.

Expansão

Marcelle junto com a associação pensam em ir além, buscando ainda mais recursos e qualificações para que a estação seja reconhecida em grande escala. "Seguimos desenvolvendo projetos de adequação e modernização da Estação para que, em breve, o Museu também possa ser certificado pelo Instituto Brasileiro de

Museus (IBRAM)", reforçou.