Venda de carnes estragadas é investigada em Três Rios
Alimento ficou submerso nas enchentes de Porto Alegre (RS) em 2024
Policiais Civis da Delegacia do Consumidor (Decon) prenderam, nesta quarta-feira (22), quatro pessoas acusadas de comercializar carne imprópria para o consumo em Três Rios. Segundo informações da "Operação Carne Fraca", a empresa Tem Di Tudo Salvados adquiriu 800 toneladas de carne bovina estragada, que ficou submersa por muitos dias nas enchentes de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul (RS), em 2024. De acordo com a Polícia, a empresa é autorizada a realizar o reaproveitamento de produtos vencidos, e teria alegado aos produtores gaúchos que transformaria o conteúdo em ração animal. Entretanto, investigações da Decon apontaram que as carnes estavam sendo vendidas para açougues e mercados.
Entre os presos desta quarta, está um dos donos da empresa, Almir Jorge Luís da Silva. Em entrevista coletiva à imprensa, o delegado Wellington Vieira afirmou que as carnes totalmente deterioradas foram revendidas como se fossem carnes próprias para consumo. "Ela já foi transportada para diversos outros compradores, que não sabiam da procedência. Foram 32 carretas que saíram do Sul para diversos destinos do Brasil. Há informações de que aquela deterioração causada pela lama e pela água foram maquiadas pela empresa", afirmou o delegado.
De acordo com as investigações, que contaram com o apoio da Decon do Rio Grande do Sul, o grupo vendeu a carne para outras empresas, obtendo lucro de mais de 1.000%. "Por enquanto eles vão responder por venda e estocagem de mercadoria imprópria para consumo e por associação criminosa. Mas a gente não descarta os crimes de receptação qualificada e também de lavagem de dinheiro", finalizou Wellington.
Segundo informações do delegado, o valor das carnes em estado próprio para consumo está avaliado em R$ 5 milhões, entretanto a empresa teria comprado por R$ 80 mil após elas terem sido atingidas pelas enchentes no RS. Também foi informado que as investigações começaram depois que a empresa gaúcha, que produziu a mercadoria, identificou que o lote das carnes vencidas vendido à empresa Tem Di Tudo Salvados, estava sendo comercializado em outros estabelecimentos como se fosse carne própria para consumo.
A equipe do jornal Correio Petropolitano tentou contato com a empresa, entretanto, não obtivemos resposta até o fechamento da matéria.