Empresa denuncia irregularidades de cemitério municipal de VR
Ana Luiza Rossi
Em uma perícia de saúde, realizada pela empresa de engenharia ambiental Eckoslife, o Cemitério Municipal Bom Jardim Isidorio Ribeiro, no bairro Retiro, em Volta Redonda, foi encontrado em situação de abandono e com diversas irregularidades, como sepulturas abertas, ossadas à vista e com a presença de substâncias nocivas que podem causar contaminação do solo. No local foi encontrada ainda uma caixa d'água, da qual não se sabe para onde vai o abastecimento.
A iniciativa da empresa em realizar a perícia, inicialmente, foi para verificar o isolamento das sepulturas pela necessidade de ter canais para coleta dos líquidos de decomposição, que devem ser levados para tratamento e depois feito o descarte. No entanto, ao chegar no local, além de não haver nenhum tipo de tratamento, a engenheira química e ambiental, Gisele Penido, disse que algumas sepulturas estavam totalmente abertas.
"Além da gente lidar com o sentimento da perda, que já é um sentimento muito pesado, o corpo humano é uma fonte ativa de contaminação. Um corpo de 70 quilos libera para o meio ambiente 40 litros de necrochorume, que é um produto da decomposição. [...] Com a decomposição, encontramos várias aminas, que possuem duas substâncias muito perigosas, a cadaverina e putrecina, que são substâncias altamente cancerígenas", explicou a engenheira.
Além das substâncias nocivas para a saúde, Gisele explica que o líquido pode ocasionar um problema ambiental. "Nós temos aqui na região um solo que é chamado de latossolo vermelho-amarelo. Esse latossolo é um solo de alto poder de drenagem, que significa que qualquer coisa que entra nesse solo é absorvido e vai para o lençol freático".
Outra denúncia apontada pela empresa, foi de moradores utilizando o local para banho e recreação de crianças, que brincam até mesmo dentro das sepulturas. "Há dois latões gigantes, fazendo como se fosse uma fonte. Olham que o local é alto e cheio de verde, mas na verdade é um local de fonte de contaminação ativa" apontou Gisele.
Para melhorias no local, a empresa aponta que a prefeitura precisa se responsabilizar pelo lacre das sepulturas, inserção de segurança local no cemitério, tratamento de fluentes e que todo líquido fosse enviado para uma estação, de acordo com a Portaria nº 2.914 sobre a potabilidade de água.
O Correio Sul Fluminense entrou em contato com a prefeitura de Volta Redonda para falar sobre o caso. Em nota disse que atuará no reparo e cobertura das estruturas danificadas, na qual coloca que os jazigos são de responsabilidade das famílias. Na nota, também confirma que intensificará a manutenção do cemitério de maneira geral, com uma equipe de mais de 20 pessoas para capina, roçada e poda das árvores nos próximos dias, e reforçará a segurança, com rondas e ações no local. Sobre a caixa d'água no local, a prefeitura não se manifestou.