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Professores do MEP elogiam tema da redação do Enem

Enem teve novo vazamento de provas | Foto: Freepik

O tema da redação do Enem sempre é algo muito aguardado por alunos e professores. O MEP (Movimento Ética na Política), desde 2018, procura ouvir os professores ligados à áreas de linguagem (redação, português e literatura), no esforço de colaborar e buscar melhor compreensão do tema, que esse ano foi "Desafios para o enfrentamento da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil".

Para os professores do Pré Vestibular Cidadão do MEP, de Volta Redonda, a proposta do INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) foi considerada atual e instigante.

"O INEP mais uma vez trouxe a invisibilidade como tema. No entanto, dessa vez, o foco foi o trabalho doméstico, delegado sempre ao público feminino. Apesar de a frase temática ser longa, os alunos que observam o cotidiano de mulheres ao seu redor conseguiram desenvolver bem o texto", disse Juliana Lima, professora de redação.

Para Abigail Ribeiro, professora de linguagem, a provocação para que os estudantes reflitam e debatam sobre a desigualdade social de gênero é a volta do posicionamento declarado por parte do MEC (Ministério da Educação). "Além disso, uma relevante oportunidade para que, na transição para a vida adulta, meninos e meninas possam questionar a si próprios e repensar como será seu ingresso na atuação prática da cidadania".

"O melhor tema dos últimos anos de redação do Enem! Falar sobre o papel de cuidado que recai sobre a mulher é um assunto extremamente atual (embora não novo), mas igualmente engendrado estruturalmente na sociedade, a ponto de se tornar invisível para grande parte dela. Infelizmente, esse trabalho anônimo persiste séculos depois, limitando a vida das mulheres ao ambiente interno, à imposição do ofício materno, à resignação compulsória, enfim, reduzindo sua vida, muitas vezes, ao cuidado e ao outro, sobrando o mínimo para si", disse Yasmim Nascimento, professora de português.

Para Elisa Andrade, professora de redação e literatura, o tema faz refletir sobre a realidade de milhares de que submetem à desvalorização cotidiana em seus trabalhos domésticos ou como cuidadoras de pessoas, em diversas situações, tantas vezes por necessidade de sobrevivência. "Tal cenário remete, sem dúvida, ao patriarcalismo enraizado em nossa sociedade que compreende a função do cuidado como inerente à condição feminina, como se fosse uma missão. Certamente os estudantes se assustaram, inicialmente, com a extensão da frase temática, mas os textos motivadores clareiam e guiam possibilidades de argumentação que podem ser associadas a razões sociais, políticas e econômicas".

 

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