Por: POR SONIA PAES

Sindicato faz ato para lembrar luta pelo turno de seis horas na CSN

Edimar Miguel diz que turno de seis horas é melhor | Foto: Divulgação

Sônia Paes

Há exatos 35 anos, o 9 de novembro de 1988, foi um dia que entrou para a história de Volta Redonda e de todo o país. Três metalúrgicos da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) morreram durante um confronto com o Exército, chamado para conter uma greve que a empresa enfrentava. Nesta quinta-feira, dia 09, o Sindicato dos Metalúrgicos fará um ato para lembrar a data, na Praça Juarez Antunes, às 17 horas.

O Exército foi chamado porque na época da ditadura militar o município era considerado área de segurança nacional. entao, toda vez que surgia uma greve os soldados eram acionados.

O movimento grevista de 1988 foi deflagrado justamente para reivindicar a implantação do turno de seis horas na Usina Presidente Vargas e o pagamento da então URP (Unidade de Referência de Preços) aos metalúrgicos.

Nova campanha

O ato volta à tona agora com a mesma revindicação: o turno de seis horas. Desde o mês passado, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Edimar Miguel, está fazendo uma intensa campanha pela volta do turno de seis horas na Usina da CSN. É que no final desse mês vence o acordo entre o sindicato e a empresa sobre o turno, atualmente de oito horas.

O sindicato chegou a fazer uma audiência na Câmara Municipal, no início de outubro, com a participação de outros sindicatos e da população. No entanto, a empresa não deu sinais para iniciar as negociações e já bateu o martelo: quer manter o turno de 8 horas.

E pior: conseguiu fazer isso na unidade de Porto Real, onde funcionava a antiga Galvasud. A manutenção pelas 8 horas de trabalho foi aprovada em uma assembleia, realizada no dia 27 de outubro, virtualmente, e está garantida por mais dois anos. Só que a votação foi comandada pela Federação dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro e não teve sequer a participação do Sindicato dos Metalúrgicos.

Foram 107 votos favoráveis à proposta da empresa, 80 contrários e duas abstenções. Com a aprovação, os trabalhadores do turno receberão uma gratificação de R$ 5 mil. O pagamento será efetuado no próximo dia 10.

Críticas severas

O fato está sendo duramente criticado por Edimar. Ele alerta que os metalúrgicos da unidade de Porto Real não irão receber os R$ 5 mil, já que uma parte vai para o imposto de renda. "Os empregados precisam se informar sobre quem está por trás da federação", acrescenta Edimar, reforçando que não concorda também com o sistema de votação virtual. "Isso é errado", afirma.

Na defesa pelo turno de 6 horas, Edimar afirma que a reivindicação ultrapassa questões financeiras: "Nos preocupamos com a saúde do trabalhador, principalmente nessa alternância de horário de trabalho, que reduz o tempo em que ele desfruta do convívio com seus familiares. Além disso, tem o cansaço, Apenas esse ano três acidentes fatais ocorreram na CSN", ressalta, e vai além. Argumenta que a alteração para o turno de seis horas pode gerar a contratação de pelo menos 1.500 trabalhadores.

"E isso sem redução de salário para quem está atualmente no turno de oito horas, o que vai beneficiar a toda a sociedade", disse Edimar.

E continuou:

"Precisamos ser valorizados e reconhecidos pela CSN, pois toda vez que chega o período de renovação do acordo de turno a empresa vem e oferece um valor baixo ao merecido por nós que dedicamos a vida pela empresa e perdemos horas e horas de tempo e lazer com a família. Se pelo menos pagasse o justo pelo turno de 8 horas, mas sabemos que perdemos mais que o dobro do que a CSN nos paga como benefício pelo turno de 8 horas".

 

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