Por: Lanna Silveira

Volta Redonda: Irregularidades no Lar dos Velhinhos estariam ocorrendo há cerca de 2 anos

Idosos abrigados na instituição estariam em situação de risco | Foto: Divulgação/MPRJ

Por Lanna Silveira*

A investigação feita pelo Ministério Público de Volta Redonda (MPRJ-VR) sobre o Lar dos Velhinhos, no bairro Monte Castelo, que resultou no afastamento do então presidente João Sales na última semana, aponta que as irregularidades estariam ocorrendo hã cerca de dois anos. O MP ouviu cinco funcionários e ex-funcionários. Todas as testemunhas declararam falta de preparo e possibilidade de negligência dos dirigentes do asilo no cuidado dos idosos.

O documento do processo, enviado à Justiça no dia 1 de novembro, mostra uma série de irregularidades administrativas do asilo por meio de depoimentos e fotos. Além de denunciar possíveis práticas de maus tratos quanto a saúde, higiene e alimentação dos idosos, o MPRJ obteve a informação de que funcionários do asilo eram avisados, com antecedência, sobre as fiscalizações que seriam realizadas no local.

Depoimentos

Os depoimentos também retrataram a negligência do asilo quanto às necessidades básicas dos idosos, alegando a falta de alimentos, itens de higiene e insumos para realizar curativos. Foi reportado que, em mais de uma ocasião, "idosos que precisavam de atendimento hospitalar foram mantidos na instituição, resultando no agravamento de suas condições e, em alguns casos, em morte".

Uma das depoentes enfatizou que todas as insuficiências eram reportadas à responsável técnica e ao antigo presidente do asilo, "que não adotavam as medidas necessárias para melhorar as condições do asilo".

Ausência médica

As investigações constataram que o asilo não possui médicos em seu quadro de funcionários. Apesar de existir uma médica voluntária, esta nunca prestou atendimento presencial aos idosos, sendo conhecida na instituição como "Dra. On-line".

Além disso, o MPRJ encontrou receitas em branco assinadas pela médica na casa da responsável técnica pela instituição, em cumprimento a um mandado de busca e apreensão. "Tais documentos confirmam declarações de testemunhas, que alegam que os medicamentos eram prescritos, de fato, pela responsável técnica do asilo, e não pela doutora responsável", diz o MPRJ.

A última inspeção realizada pelo MPRJ constatou diversos pontos de perigo nas dependências do asilo, como janelas e portas com vidraças quebradas, cadeiras de roda e de banho amontoadas em quartos, roupas espalhadas e caixas com resíduos tóxicos e materiais cortantes armazenados de forma indevida.

O Correio Sul Fluminense entrou em contato com a Vigilância Sanitária do município de Volta Redonda para saber sobre a fiscalização do local. Em nota, a assessoria de imprensa informou que não comentará sobre o assunto. Também por meio de nota, a Cúria Diocesana informou que apenas contribuía com doações ao asilo.

*Estagiária

 

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