Lanna Silveira
Com a recente onda de calor que atinge a região Sul Fluminense, o consumo de água em residências e estabelecimentos tende a aumentar. Por conta disso, os governos municipais da região estão voltando sua atenção para evitar que haja problemas de abastecimento nas cidades.
Segundo o Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Volta Redonda (Saae-VR), o uso de água na cidade tem sido 20% maior que a capacidade da Estação de Tratamento de Água (ETA) do município. Por isso, a autarquia está montando um plano de operação para evitar o desabastecimento na cidade, investindo em projetos como a nova tubulação da Beira-Rio, que garante a entrega de água a cerca de 130 mil moradores.
O diretor executivo do Saae-VR, Paulo Cezar de Souza, explica que a recuperação dos reservatórios é demorada, especialmente após manutenções e quedas de energia. Normalmente, o Saae possui quatro carros-pipa em operação, mas a quantidade pode chegar a dez em períodos de calor intenso.
O Saae-VR orienta que a população pratique o consumo consciente durante o verão, priorizando o uso pessoal da água, evitando desperdícios e praticando reutilização.
Dias sem água
Em Pinheiral, alguns bairros tiveram problemas de abastecimento de água nos últimos meses, em meio a dias de altas temperaturas. Segundo relatos de moradores, os problemas se agravaram após a empresa Rio Saneamento assumir o serviço de tratamento e distribuição de água na cidade. Entre os locais que sofreram com a falta de água, estão os bairros Parque Maíra, São Jorge, Paraíso e outros de diferentes regiões do município. Outra reclamação dos moradores era sobre a falta de aviso em relação a dias que o abastecimento seria cortado devido a manutenção. "Na época da antiga empresa, eles sempre avisavam quando faltaria água, e às 17h sempre voltava. Agora, o corte é recorrente, acontece várias vezes por semana, e sem aviso nenhum", relata uma moradora.
No início de outubro, alguns moradores se reuniram no posto de atendimento da empresa para relatar os problemas recorrentes e pedir por explicações e soluções. Entretanto, a mobilização não teve resultados, e outros episódios de residências passando dias sem água ocorreram nas semanas seguintes.
Caixa d'água vazia
Segundo Lívia Andrade, moradora do bairro Colina, sua casa passou cinco dias sem água em meados de novembro. Ela explica que não foi possível economizar água devido à queda repentina no abastecimento. "Outras pessoas do bairro já tinham passado por essa situação, mas foi a primeira vez que ficamos totalmente sem água em casa. Quando outro morador avisa que falta água, a gente costuma economizar, mas dessa vez a caixa ficou seca", conta. A moradora ressalta que foi incômodo passar dias sem conseguir fazer necessidades básicas, como lavar louça e tomar banho.
Os moradores do bairro entraram em contato com a empresa por mensagem e indo pessoalmente até o ponto de atendimento. O presidente da associação de moradores, Marcelo Pires, ainda compareceu à Prefeitura para protocolar um ofício sobre a falta de água. Segundo ele, a empresa disponibilizou apenas um caminhão pipa para abastecer todo o bairro após as reclamações, que não foi suficiente para atender os moradores. Marcelo alega que a justificativa da Rio teria sido que uma das bombas de abastecimento parou de funcionar.
O líder da associação enfatiza que esta situação aconteceu durante um período de calor intenso na cidade, e isso intensificou os transtornos para os moradores. "Pessoas acamadas não conseguiam tomar banho, e algumas pessoas precisaram se deslocar pra outros bairros, ou até outras cidades, para conseguir fazer suas necessidades básicas", aponta.
O Correio Sul Fluminense entrou em contato com a Rio Saneamento para entender o que causou os problemas no abastecimento em Pinheiral e o que está sendo feito pela empresa para evitar que esses episódios ocorram novamente durante este verão. Não houve retorno até o fechamento desta edição.
