Por: Roberta Caulo

Casos de dengue têm grande aumento no Médio Paraíba

Casos de dengue no Brasil aumentaram 15,8% em 2023 | Foto: Arquivo/Agência Brasil Saúde

O crescente aumento no número de casos de dengue na região tem preocupado muitas pessoas. E uma das explicações pode ser as mudanças climáticas no Brasil que podem levar à proliferação de vetores, como o mosquito Aedes aegypti e, em consequência, ao agravamento de arboviroses, como dengue, zika e chikungunya. O alerta é de levantamento na área da saúde feito pela plataforma AdaptaBrasil, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A Prefeitura de Resende informou que em 2022 foram registrados 61 casos. Já em 2023, foram 1.064 casos registrados até novembro. Em Angra dos Reis, de 1º de janeiro até 15 de dezembro de 2023, foram notificados 2.812 casos suspeitos de dengue. Do total, 449 foram confirmados, 1.076 descartados e 1.287 seguem em investigação. Até o momento, um óbito por dengue foi registrado na cidade.

Em Barra Mansa, ao longo de 2023, foram notificados 183 casos de dengue, sendo que 59 foram confirmados. Não houve óbitos. Em Volta Redonda foram notificados 334 casos.

Os casos de dengue no Brasil aumentaram 15,8% em 2023 em relação ao ano passado, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. As ocorrências passaram de 1,3 milhão em 2022 para 1,6 milhão este ano. Já a taxa de letalidade ficou em 0,07% nos dois anos, somando 1.053 mortes confirmadas em 2023 e 999 no ano passado.

Resende por exemplo, com altos números confirmados, tem realizado mutirão em alguns bairros com visitas domiciliares, orientações aos moradores e início da coleta de materiais inservíveis. As ações diárias de combate à dengue incluem ainda ações de bloqueio quando existe caso suspeito ou confirmado com visita às residências próximas; visita intersetorial nos canais e córregos da cidade; controle químico, distribuição de telas para caixas d'água; monitoramento dos pontos estratégicos; realização de checklist pelos Agentes Comunitários de Saúde; atividades de educação nas escolas; notificação de proprietários de terrenos mato alto e/ou acúmulo de inservíveis (Fiscalização de Posturas); além de divulgação nos canais oficiais da prefeitura sobre medidas de controle e prevenção de dengue e outras arboviroses. O CCZ está intensificando as ações, que já são feitas periodicamente.

Denúncias podem ser feitas diretamente na ouvidoria geral no pátio da prefeitura ou através do telefone (24) 3360-6200 / (24) 3360-6191.

Número alto de casos em Angra

Em Angra dos Reis, com 2.812 casos suspeitos de dengue e um óbito, atividades de controle do Aedes aegypti também têm sido realizadas rotineiramente. As ações incluem visita domiciliar pelos agentes de endemias, busca ativa de focos do mosquito, instalação de armadilhas para remoção de ovos do Aedes e ações de educação em saúde.

A Secretaria de Saúde reforça que a maioria dos criadouros do Aedes é encontrada nas casas das pessoas. Por isso, orienta que os moradores vistoriem seus imóveis com frequência e eliminem depósitos que podem acumular água e se tornarem criadouros do mosquito, como pratos e vasos de planta, lixo acumulado, pneus e outros recipientes.

Vacina contra dengue

A Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) deve decidir ainda este ano sobre a incorporação da vacina contra a dengue ao Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos do Ministério da Saúde, Leandro Pinheiro Safatle, a comissão deve convocar reunião extraordinária até o final de dezembro para a tomada de decisão.

No último dia 7, o ministério abriu consulta pública sobre o tema. Considerando o cenário epidemiológico, a Conitec já recomendou a incorporação do imunizante inicialmente para localidades e públicos prioritários a serem definidos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). Essa definição deve considerar regiões de maior incidência e faixas etárias de maior risco para agravamento da doença.

Médica fala sobre casos

A médica infectologista da Unimed Volta Redonda, Maria Cristina Espirito Santo, afirmou que o aumento no número de casos é semelhante quando observados os casos graves da doença. Foram confirmadas 21.624 incidências de dengue grave, uma alta de 16,4% em relação a 2022. Com relação aos óbitos, houve registro de queda de cerca de 15%, com o registro de 964 óbitos contabilizados até o início de setembro.

- O ministério detalha que a média de idade dos óbitos confirmados é de 66 anos, com predomínio do sexo feminino. Quase 90% das pessoas que morreram por conta da doença apresentavam algum tipo de comorbidade. Segundo esse boletim existe o risco de aumento do número de casos graves de dengue, principalmente nos indivíduos com comorbidades como hipertensão arterial, diabetes, doenças pulmonares, idosos e crianças - disse.

Sobre o imunizante Qdenga a médica disse que está em avaliação pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no SUS, o Conitec.

- A comissão recomendou inicialmente a inclusão do imunizante para localidades e públicos prioritários que serão definidos pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), considerando as regiões de maior incidência e transmissão e as faixas etárias de maior risco de agravamento da doença. A restrição de público também considera a capacidade de fornecimento de doses por parte da fabricante. O posicionamento, no entanto, também está condicionado a uma proposta de redução de preço, para que seja compatível com a sustentabilidade do PNI - explicou.

Desenvolvida pelo laboratório japonês Takeda Pharma, a vacina Qdenga (TAK-003) é o primeiro imunizante aprovado no Brasil para pessoas que nunca entraram em contato com o vírus da dengue. Ele também pode ser aplicado em quem já teve a doença.

- Ao longo dos ensaios clínicos, a Qdenga demonstrou ter uma eficácia geral de 80,2% contra a doença após 12 meses da segunda dose. A vacina reduziu em 90% as hospitalizações por dengue. Segundo a Anvisa, a vacina é indicada para a faixa etária de 4 a 60 anos. Ela é aplicada em um esquema de duas doses, com intervalo de três meses entre as aplicações", detalhou Maria Cristina.

Segundo a médica, a vacinação será uma ferramenta importante no controle dos casos graves e do óbito por dengue, porém, as outras medidas de prevenção são fundamentais para a redução da prevalência dessa arbovirose.

*Com informações da Agência Brasil

 

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