Por: Sônia Paes

Sindicato acusa CSN de perseguir empregados

Edimar Miguel afirma que CSN quer "calar" operários | Foto: Divulgação

Por Sônia Paes

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, Edimar Miguel, classificou como perseguição por parte da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) a demissão de Juliele Pereira da Costa, que era terceira titular do Conselho Fiscal do sindicato.

Edimar está indo quase diariamente à entrada principal da Usina Presidente Vargas, em Volta Redonda, para informar os empregados sobre a dispensa, feita na semana passada, e afirmar que lutará pela reintegração de Juliele. A função dela no sindicato não garantia estabilidade e a demissão não foi por justa causa: "Vamos lutar pela reintegração de nossa companheira. O que a CSN fez foi para enfraquecer o nosso movimento, mas não conseguirá. Juntos somos mais fortes", afirma Edimar, em uma espécie de bordão repetido pelo sindicalista constantemente.

Apoio de outro sindicato

O caso repercutiu em Congonhas-MG, onde fica a CSN Mineração, controlada pelo Grupo CSN, apontada como a segunda maior exportadora de minério de ferro do Brasil. Na cidade mineira, o Sindicato Metabase Inconfidentes, que representa a categoria, divulgou uma nota apoiando a posição do sindicato de Volta Redonda:

"Na semana passada, de forma arbitrária, ilegal e imoral, a CSN demitiu a diretora Juliele Pereira, do Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, sem qualquer justificativa. Nosso sindicato em primeiro lugar, solidariza à companheira Julielle. E não vamos aceitar esse disparate da CSN. A empresa tem como tática para enfraquecer a lutas dos trabalhadores se utilizar de práticas ilegais e antissindicais como fizeram com a Comissão dos Trabalhadores na Greve de 2022 e agora com a Companheira Juliele", diz um trecho da nota.

- Estamos à disposição dos metalúrgicos, da companheira Juliele e do sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense na luta da readmissão dessa lutadora. Vamos fazer a CSN engolir a sua arrogância e vamos todos juntos e misturados em defesa da Juliele - afirma a nota.

Briga na Justiça

Uma parte dos integrantes da atual diretoria do sindicato sofreu na pele o desligamento da CSN, em 2022, quando promoveram no interior da empresa uma paralisação por conta das negociações pelo acordo coletivo de trabalho.

Foi montada uma comissão, mas a CSN alegou não reconhecer o grupo com autoridade para negociar e que só trataria do acordo diretamente com a então diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos. Desde 2022, a empresa e o sindicato travam uma briga na Justiça pela reintegração de nove metalúrgicos.

Em setembro, os desembargadores da 5ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho do Rio de Janeiro decidiram, por unanimidade, manter a decisão favorável aos trabalhadores. A CSN impetrou recurso, que foi negado e os empregados foram reintegrados.

Em Minas, como em Volta Redonda

Um grupo de cinco ativistas que participou de uma audiência pública, realizada em 25 de setembro, na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), para falar sobre a barragem da Casa de Pedra, em Congonhas, foi interpelado judicialmente pela empresa, que pediu uma retratação das críticas feitas por eles durante o encontro.

O MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) também divulgou nota, afirmando que a "CSN quer silenciar os ativistas". Já a empresa diz, também por meio de nota divulgada pela imprensa, que os ativistas "agem em nome de terceiros que querem criar danos à imagem da empresa".

Informou ainda, no comunicado enviado ao colunista Luiz Tito, do jornal "O Tempo", que a barragem de Congonhas está totalmente estável e com todos os licenciamentos em dia.

A polêmica começou quando a CSN anunciou a expansão da lavra de minério de ferro na cidade.  A intenção seria aumentar a extração de 33 milhões de toneladas de minério de ferro para 100 milhões. Após a divulgação do plano de investimento, moradores e diversas entidades começaram a questionar de que forma será feita a extração.

A empresa não detalhou o processo e nem enviou representante à audiência, justificando que "a mineradora estaria sujeita a normas e regulamento da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e, por isso, projetos e investimentos que estaria fazendo na área não poderiam ser divulgados, sob pena de descumprimento das regras de mercado".  

Congonhas possui 24 barragens de rejeitos de mineração no seu entorno, 17 ativas e sete descomissionadas. Dentre elas, está a maior barragem de rejeitos de mineração do mundo, Casa de Pedra.

Na audiência, Lucas Henrique Nicolau Paiva, que representou o MAB, confirmou que 40% da cidade hoje já pertence à CSN e pediu estudos independentes sobre as barragens e informações sobre a expansão. "Eles se negam a dialogar conosco", resumiu Lucas, ao fim da audiência em setembro.

 

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