Especialistas alertam sobre tratamento correto da dengue

A região Sul Fluminense registrou grande aumento no número dos casos de dengue em 2024, deixando as cidades em alerta. Volta Redonda é um dos municípios em estado crítico, com mais de mil casos registrados nos últimos dois meses. No início de fevereiro, a prefeitura de Angra dos Reis decretou estado de emergência de saúde devido a alta proliferação da doença, com mais de 1.500 casos confirmados.

Segundo dados do Ministério da Saúde, já houve 84 óbitos e mais de 500 mil casos prováveis a nível nacional nos primeiros meses do ano.

Em condições climáticas favoráveis, o ciclo de reprodução da dengue pode ser completado em apenas 7 dias, o que facilita o aumento do contágio. Por isso, recomenda-se que a população mantenha hábitos de prevenção diários, como colocar areia nos vasos de plantas, manter as lixeiras fechadas, guardar garrafas de cabeça para baixo e manter caixas d'água totalmente tampadas.

Identificação do mosquito

Uma dúvida comum entre a população é sobre a diferença entre o Aedes aegypti e o pernilongo, que também tem alta circulação no verão. O biólogo Rodrigo Barbosa explica que pernilongos comuns têm atividade noturna para sugar sangue, enquanto o mosquito da dengue tem atividade diurna. "Geralmente, o pernilongo é aquele que escutamos no ouvido de madrugada", acrescenta.

Rodrigo também aponta que o pernilongo não possui as características específicas do Aedes aegypti, como o desenho de uma lira no tórax em branco e pintas brancas nas pernas e nas antenas.

Sintomas e tratamento

De acordo com a médica Camila Emerick, a dengue se manifesta por uma febre alta, de início repentino, que dura de dois a sete dias. Dores de cabeça, no corpo e nas articulações, além de cansaço, fraqueza, dor nos olhos e manchas vermelhas na pele também são sintomas comuns.

O que diferencia a dengue de outros quadros virais é o fato de outras doenças acompanharem sintomas mais específicos. A gripe, por exemplo, manifesta sintomas respiratórios, como tosse, coriza e dor de garganta.

A médica ainda lista os sintomas que sinalizam uma evolução grave da doença: dor abdominal intensa e continua; vômitos persistentes; pressão baixa; sonolência e/ou irritabilidade; sangramentos na gengiva, no nariz, nos vômitos e nas fezes; diminuição no volume da urina; redução brusca da temperatura do corpo; e desconforto respiratório.

O tratamento da dengue é baseado no diagnóstico precoce. A condução médica envolve hidratação e repouso do paciente. A doença tem duração de cinco a sete dias, podendo durar até dez, e o período de convalescença pode ser acompanhado de debilidade física e se prolongar por várias semanas.

Camila esclarece que remédios como aspirina e anti-inflamatórios como ibuprofeno, nimesulida e corticoide não devem ser utilizados por quem tem sintomas de dengue. Ela também alerta para os perigos do autodiagnóstico e do uso de medicamentos sem recomendação médica.

"Sem o acompanhamento profissional, o paciente não vai reconhecer os sinais de agravamento da doença. A automedicação pode contribuir para que um tratamento inadequado e para o uso de medicações contraindicadas. Sua hidratação também pode ser insuficiente", explica.