8 de março, dia das mães, esposas, donas de si, donas do mundo
O Correio Sul Fluminense presta uma homenagem a todas as mulheres que de alguma forma se identificam com essas histórias e buscam no dia a dia dar conta, ou não, de tudo
Roberta Caulo
Ela trabalha, cuida da casa, dos filhos, do marido, da família em geral, cuida de si. Tenta dar conta de tudo e, quando não dá, tudo bem… Ela segue em frente matando seus muitos leões por dia. Quando dá ela faz uma pausa, mas, quase nunca dá, porque o dia com 24 horas costuma ser pouco. Essa é a realidade de muitas mulheres que na correria do seu dia a dia, ainda conseguem sorrir e ver as coisas com leveza.
Neste 8 de março, Dia Internacional das Mulheres, o jornal Correio Sul Fluminense conversou com algumas figuras que descrevem bem o início desse texto. Uma delas é a Nathália Delesposte, de Volta Redonda. Ela tem 37 anos, é enfermeira e professora. É esposa e tem um filho de 6 anos com paralisia cerebral, o Pedro, um menininho linho, sorridente e sempre de bem com a vida.
- Acordo às 5h, corro na esteira até às 6h, acordo meu filho, arrumo ele para fisioterapia, dou café e remédio, levo ele para a fisio às 8h e corro para o hospital. Meio-dia vou para a academia e treino atá às 13h, volto para o hospital e trabalho até às 17h. Depois, vou para a faculdade dar aula atá às 22h. Chego em casa, dou banho no Pedro, jantar, brinco e coloco ele para dormir – conta em detalhes como é sua rotina diária.
E você pensa que ela se sente atarefada demais? Não! Nathália afirma que busca levar de uma forma bem leve. Mas, nem tudo são flores. Segundo ela, é inevitável não se sentir culpada quando as coisas fogem do seu controle. “Me sinto culpada, principalmente, quando não consigo acompanhar as coisas das terapias e escola do meu filho. Me cobro demais para dar conta de tudo”.
E como a grama do vizinho parece sempre ser mais verde, ela deixa uma dica: “Comecem, no fim a gente dá conta! E se não der, está tudo bem também… Nem todo dia a gente ganha”.
Pratinhos
Quando perguntada como dá conta de tudo, a jornalista Aline Franco Vieira Moraes Zizuel, de 36 anos, responde da seguinte forma: “Não dando, rs. Escolhendo os pratinhos que vou manter intacto. Muitos deixo cair. Não é possível equilibrar tudo!”. E é assim que ela vai conciliando a profissão com a vida em família. Aline é casada e mãe de dois filhos lindos, a Helena de 8 anos, e o Pedro, de 3 anos.
E sobre a correria do dia a dia, Aline conta que é intensa. No auge do que essa palavra representa. “Intensa mesmo. Manhã, na maioria das vezes dedicada as crianças, café, montar lanche, almoço, estudar com eles, ajustar a agenda, academia e algumas gravações em externa. Tarde de muitas gravações de offs, em clientes, edição de texto, aulas, etc etc etc. Não tem como dar conta de tudo todo dia. Uma louça pra lavar (muitas), uma casa pra arrumar, um trabalho que eu esqueci porque não anotei, um médico do filho que fica pra próxima semana, um mercado que a gente faz aos 45 do segundo tempo… E assim, vida que segue”.
E a culpa? Impossível não tê-la. “Um pouco de culpa sim, mas fazendo o possível como tantas mulheres. Sempre lembro que não sou única! Muitas estão no jogo comigo fazendo e acontecendo até mais!”.
Assim como Nathália, Aline também tenta levar tudo com leveza e “mantendo um mínimo de sanidade, sem pifar”.
- Mas, eu sempre falo que “não sei como vou fazer, mas vou. Não sei como vou dar conta, mas sei que vou”. E no fim, a gente dá mesmo! Assobia e chupa cana – brinca.
A jornalista diz que anda se cobrando para andar mais devagar, aceitar menos trabalhos e cuidar mais do que é, e sempre será, prioritário: sua família. “Busco sempre um tempinho pra mim. Um salão, uma unha, uma massagem… Um curtir os filhos! Este último me renova pra tudo!”.
- Já corri muito, mas agora tento andar mais devagar. Já tive pressa e ela me custou. A vida pede pausas, passos mais lentos - e certeiros, e pensamentos menos acelerados. Sigo aprendendo com a caminhada. A apressada muito me ensina. Mas com a tranquila aprendo - e desfruto - muito mais. Eu sei que o ir faz o caminho. Mas que tenhamos calma… sem pressa! O que faz o caminho é o ir curtindo. E eu falo isso pra vocês, mas meus ouvidos são os primeiros a ouvir diariamente isso, pra eu continuar aprendendo, tentando colocar em prática e nunca esquecer pra onde, como e com quem estou indo – aconselha.
Gincana
Estrategista digital, mentora, professora, influencer e stylist. Essa é a Paula Duarte, de 41 anos, que também é esposa e mãe do Antônio, de 6 anos, o “travãozinho” como ela mesma o chama com carinho. Paula compara seu dia a dia a uma gincana, com tudo cronometrado para “tentar” dar conta. “Dividindo, ou melhor, tentando dar conta de ser mãe, esposa, dona de casa e autônoma”.
E quando perguntada sobre como dar conta de tudo, a resposta é simples: “Não dou (haha)”. Paula conta que já se culpou mais por isso e que hoje tenta entregar o seu melhor. “E se não deu naquele dia, temos o próximo. Assim consigo me cobrar menos e reduzir a ansiedade. Mas sempre com a certeza de que eu eu dei o melhor que eu podia naquele momento”.
Paula afirma que busca sempre entender que precisa estar bem para dar o seu melhor, sendo assim, ter um tempo para si é essencial. Isso a faz retornar sempre com a cabeça melhor, tanto para a família, quanto para o profissional.
- Percebi a necessidade de ter o meu tempo e fiz acontecer! Hoje tenho os meus momentos… Que sou eu e eu! O esporte é um deles – conta.
E como dica, Paula é categórica: “Vocês não precisam dar conta de tudo sempre! Está tudo bem!”.
- Criaram o estereótipo de mulher maravilha e jogaram sobre nós, nos enchendo de culpa, ansiedade e cobranças por uma esposa, mãe, profissional… Perfeita! Tenha em mente que você está dando o seu melhor naquele momento. Tire um tempo diário para você! Haaa mas não tenho tempo! Tem sim… Se você colocar isso como prioridade. Se valorize … Curta você! Sendo assim você voltará melhor para casa, melhor para sua família, melhor para o seu trabalho - afirma.
Estar bem, para ser o melhor
“Eu acredito que preciso estar bem e feliz, pra que as pessoas ao meu redor estejam também”. Assim é o pensamento da Maria Isabel Ribeiro, ou só Bel Ribeiro, como costuma ser chamada. Ela tem 34 anos, é influenciadora, empreendedora e mãe da fofa e esperta Manuela, de 3 anos. Quem acompanha a Bel no Instagram, já deve ter percebido que sua rotina diária é bem intensa.
- Meu dia a dia é como o da maioria de mães e mulheres! Trabalho, casa, cuidar da Manu e dar conta de cuidar do corpo e da mente também. Sempre tento dar conta de tudo, tento programar meus dias somente no dia anterior para que os imprevistos normais não atrapalhem o andamento das coisas. Mas, quando não dá, remanejo da melhor maneira – conta.
Segundo ela, se sentir culpada é uma rotina, mas, o importante é saber que está dando o seu máximo para que tudo saia do jeito que é pra ser. “Me cobro bastante! Mas acredito que tudo começa em mim! Então, meu tempo de qualidade é tão importante, quanto meus outros afazeres. Priorizo sempre meu tempo para treinar, para conversar com amigas, ouvir músicas que gosto, socializar. Isso me revigora e me faz ter ânimo para as obrigações da rotina”.
- Gostaria que toda mulher entendesse a sua importância! Deus nos deu o dom mais importante, dar a vida! É CLARO que damos conta de todo o resto! E se não dermos, está tudo ótimo também!
O importante é fazer bem feito e com amor, todo o resto se encaixa – finaliza.