Câmara de Volta Redonda aprova PL de emergência climática
Projeto prevê que agente poluidor assuma danos ao ambiente
Por Ana Luiza Rossi
Na sessão da Câmara Municipal de Volta Redonda de quinta-feira, dia 25, foi aprovado um projeto de lei que declara estado de emergência na cidade. O projeto, de autoria do vereador Raone Ferreira (PSB), teve como justificativa de que o reconhecimento do Estado de Emergência Climática é uma medida urgente tomada por outros entes federativos para dispor metas e ações que diminuam os efeitos gerados pela ação das pessoas como resposta às mudanças climáticas.
Ainda, segundo o projeto, é considerado o aquecimento global e as altas temperaturas que, como no restante do mundo, atingem o município, serão necessárias ações, metas de atuação e controle da poluição. Entre elas, uma Política Municipal de Mudança Climática que faça o "agente" poluidor arcar com os danos causados ao meio ambinete. Após a aprovação, a lei segue para o Executivo para sanção ou não.
CSN e a poluição na Cidade do Aço
Apesar de não ter sido mencionada no projeto de lei, não é novidade para nenhum morador de Volta Redonda que entre as principais fontes poluidoras da cidade está a Usina Presidente Vargas (UPV), da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A empresa pode se tornar alvo da fiscalização implementada pelo projeto de emergência climática, caso o projeto de Raone seja sancionado e se torne lei.
A emissão do chamado "pó preto" é alvo de queixa da população, com destaque nacional. Em 2023, o "Movimento Sul Fluminense contra a Poluição" realizou uma passeata e, durante o ato, foi lançado um manifesto que pedia a aplicação do princípio poluidor-pagador, previsto no projeto de Raone.
Enxurrada de processos
Um dos fundadores do movimento contra a poluição no município passou a ser alvo de processos da CSN por calúnia, injúria e difamação. Em entrevista exclusiva ao Correio Sul Fluminense, Alexandre Fonseca fala sobre o caso, do qual a primeira audiência será realizada nesta segunda-feira (29). Com os processos tramitando, as publicações feitas nas redes sociais, na página "VR Abandonada", continuam sendo feitas pelo militante.
"Decidi que vou seguir fazendo, tenho pouco a perder. Não acredito que vá dar em prisão, não conheço ninguém que tenha sido preso por calúnia ou difamação", declarou, ressaltando que a escolha da CSN em fazer a denúncia pelas publicações foi estratégico. "Eu tenho muita certeza do que a gente está falando, eles querem me fazer de exemplo. Eu não sou o primeiro a ser processado, mas sou o primeiro a ter mais de dois processos. Vamos para cima, mas com tranquilidade do que estou falando. [...] Eu acho que nesse caminho posso sofrer derrotas, mas no final, eu espero, que vá ser positivo. Se eu perder, esse processo será um precedente absurdo e bizarro de censura", disse.
Medidores
Em paralelo ao processo, o militante explica que houve avanços a passos curtos com os medidores de poluição, que detectam as partículas do tipo PM10 e PM2.5, que, segundo ele, podem ser nocivas à saúde. No momento, o movimento possui três equipamentos e ainda estão desenvolvendo a aplicação da metodologia, implementada desde janeiro.
A intenção, inclusive, é que sejam ampliadas as fiscalizações com a participação de alunos da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Outra ideia é fazer uma parceria com o Sepe-RJ (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação) para colocar os equipamentos nas escolas, "a fim de reunir dados para uma análise comparativa mais aprofundada com os relatórios já disponibilizados pela siderúrgica".