Por:

Tecnologia da INB faz resíduos líquidos de fábrica de combustível virar cimento

Prática abre possibilidades sobre finalidade de efluentes | Foto: Divulgação

As Indústrias Nucleares do Brasil (INB) estão utilizando uma tecnologia de ponta, denominada coprocessamento, no qual os resíduos líquidos da Fábrica de Combustível Nuclear (FCN) estão sendo transformados em cimento e utilizados no setor de Construção Civil. Só este ano a INB planeja destinar 570 toneladas resíduos líquidos para serem transformadas. Com isso, além de diminuir o passivo ambiental, a prática libera espaço de armazenamento e abre novas possibilidades de encaminhamento dos efluentes do processo, reduzindo os gastos com a manutenção e estocagem dos resíduos.

Além disso, o coprocessamento é uma alternativa sustentável e adequada para a destinação desses resíduos, pois representa uma integração segura do material descartado com o processo de fabricação do cimento. Para destinar os efluentes, a FCN realiza o processo de Modelagem, que verifica o que esse material representará em termos radiológicos. Esse processo foi avaliado e aceito pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), pois é totalmente seguro e não apresenta qualquer tipo de risco.

A FCN entrega os efluentes para a empresa vencedora da licitação, que fica responsável por fazer o blend (mistura de vários materiais) e destinar para a cimenteira. Paralelamente a essa ação, a INB também tem como objetivo reduzir a geração de resíduos, conforme conta Antonella Rocha Ponseggi (GEREP. N), engenheira química responsável pelo processo.

"Estamos trabalhando para essas duas ações. Primeiro reduzir o custo, mas também reduzir a geração de efluentes já que parte do carbonato de amônio é reaproveitado dentro da planta. Então ao invés de destinar, ele volta para o processo de precipitação novamente", afirmou Antonella.

O gerente de Conversão e Pastilha, Franciole Jose Ezequiel, diz que houve envolvimento de vários setores da empresa no processo. Segundo o gerente, as áreas de produção, de processo, produção radiológica, e de laboratório estão empenhadas em dar apoio ao projeto e maximizar os benefícios ao meio ambiente.

Ainda, durante a Nuclear Summit, o presidente da INB anunciou que a estatal preparou um pacote de projetos onde espera captar cerca de R$ 70 bilhões para a empresa em 15 anos. Adauto Seixas explicou que é uma iniciativa alinhada ao planejamento estratégico do Ministério de Minas e Energia, que busca firmar o Brasil como player do setor nuclear no mercado internacional.