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'Crise no Sul afetará preço do arroz', afirma economista

A Asserj informa que limitações de vendas de arroz têm apenas caráter preventivo | Foto: Thomás de Paula/CSF

Por Thomás de Paula

O risco de faltar arroz nas prateleiras foi descartado pela Federação da Agricultura e Pecuária do Rio Grande do Sul (Farsul), mas o aumento nos preços é dado como certo. A economista Sônia Vilela atesta que o excesso de especulação no mercado é determinante para causar um aumento significativo nos preços do arroz.

"Há um excesso de especulação. O Rio Grande do Sul é responsável por cerca de 10% da oferta de arroz e já foi feita quase toda a colheita. O que não se sabe ainda, é se houve avarias nos estoques, de qualquer forma, é um exagero o aumento de preços que alguns varejistas estão praticando", afirmou a economista.

Ela também diz que as incertezas dos consumidores e dos varejistas podem causar uma distorção nos preços: "Ainda não há redução de oferta na região e falta de estoques da mercadoria, mas as incertezas colocaram o mercado em ebulição. Alguns consumidores estão estocando arroz, isso realmente causa uma distorção nos estoques e nos preços", completa Sônia. Ela espera que entre 30 a 45 dias, o mercado possa voltar ao seu ponto de equilíbrio.

De acordo com os dados do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a colheita de arroz no Rio Grande do Sul chegou a 84% da área total prevista em 2024, o que corresponde a 758.066 de um total de 900.203 de hectares de arroz irrigado. Dos 142.137 hectares restantes, 101.309 ainda poderão ser colhidos, pois 22.952 hectares foram completamente perdidos e 17.903 estão parcialmente submersos pelas águas. O Rio Grande do Sul é o maior produtor de arroz do Brasil, respondendo por cerca de 70% da produção nacional.

Segundo a nutricionista Camilla Moura, a falta de arroz pode impactar significativamente na dieta das pessoas, já que o arroz é uma fonte importante de carboidratos e energia para muitas culturas ao redor do mundo, incluindo a brasileira. Além disso, o arroz é uma fonte de diversos nutrientes essenciais, como vitaminas do complexo B e minerais.

"O arroz é um alimento bastante essencial na nossa alimentação devido à sua versatilidade e valor nutricional. No entanto, em caso de escassez, existem outros alimentos que podem substituir o arroz na dieta das pessoas, carboidratos complexos como tubérculos e raízes (batata doce, batata, aipim, inhame, quinoa), macarrão. Esses alimentos também são boas fontes de carboidratos e nutrientes", completou a nutricionista.

Em uma tentativa de acalmar a população, Fábio Queiróz, presidente da Associação de Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj), informou ao Correio Sul Fluminense que as primeiras limitações de vendas de sacos de arroz para consumidores têm apenas caráter preventivo. Ainda, o grande desafio no momento é fazer com que as cargas de arroz passem pelas estradas alagadas danificadas e saiam do Rio Grande do Sul sem danos consideráveis no produto.

Segundo ele, a medida de restringir o volume na compra de arroz tem como objetivo evitar a injustiça social. Ele ressalta que pessoas com maior capacidade financeira estavam estocando grandes quantidades de arroz e prejudicando famílias menos favorecidas, já que a compra desenfreada para estocar acaba causando aumento nos preços. Ele também sugere, assim como a nutricionista Camilla Moura, que os consumidores cogitem trocar o arroz por outros carboidratos nesse momento de incerteza.

*Estagiário