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Operários ameçam greve

Funcionários do estaleiro Brasfels em Angra dos Reis iniciam movimento por melhores salários | Foto: Divulgação/Brasfels

Sônia Paes

Sem reajuste há pelo menos oito anos, os metalúrgicos do estaleiro Brasfels, do grupo Seatrium, votaram a favor da deflagração de greve a partir desta segunda-feira, dia 03. A assembleia, que decidiu pelo início do movimento, ocorreu na quarta-feira, dia 29, no interior do estaleiro, com a presença da direção do Sindicato dos Metalúrgicos de Angra dos Reis, que representa a categoria.

Segundo o sindicato, a proposta apresentada - a segunda desde o início da campanha salarial - foi rejeitada. O estaleiro propõs reajuste 5%: o percentuaal é o equivalente ao INPC de 3,23% e aumento real de 1,77%, entre benefícios no vale alimentação e outros.

Campanha marcada por polêmica

Na semana passada, no dia 23 de maio, um grupo de metalúrgico foi à Câmara Municipal de Angra dos Reis para denunciar práticas consideradas inadequadas pela direção do sindicato, que, segundo eles, não estaria repassando à categoria o andamento das negociações salariais. Os metalúrgicos têm data-base em 1 de maio e as discussões em torno do reajuste teriam sido iniciadas em fevereiro. E mais: o grupo afirmou que o mandato da atual diretoria terminou em agosto do ano passado, mas, por meio de decisões judiciais, os sindicalistas continuam no comando sem realizar eleições.

Diante do cenário tumultuado, os empregados formaram uma comissão de base para negociar. Resultado: o Braslfes demitiu um integrante da Cipa (Comissão Interna de Prevenção a Acidente). Um dia antes de irem à Câmara, em 22 de maio, os operários fizeram uma paralisação e foram punidos. A empresa alega que eles não têm legitimidade para tal. Já a comissão de base, por outro lado, acusa o o sindicato de "abandono e a ilegitimidade".

O Sindipetro-RJ (Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro) se uniu à comissão de base. "O Sindipetro-RJ apoia qualquer luta dos trabalhadores e está aqui para firmar este compromisso. Sigam firmes e juntos", disse o diretor do Sindipetro-RJ, Sérgio Paes, que acompanha de perto o movimento em Angra dos Reis. A declaração está no site oficial do sindicato.

Outro que abraçou a luta da comissão de base foi a CSP-Conlutas que acompanha a situação e pediu a mediação da Coordenaria Nacional de Promoção de Liberdade Sindical (Conalis) entre os trabalhadores e a direção do estaleiro BrasFELS. O advogado Bruno Barcia, a serviço da CSP-Conlutas, está em Angra dos Reis prestando assessoria jurídica aos metalúrgicos e acompanha a situação de perto.